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Hard ou Soft Brexit? Deputados britânicos voltam aos votos

por Graça Andrade Ramos - RTP
A escolha das opções a voto voltará a caber ao presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow Reuters

Daqui a 11 dias, se não chegarem a acordo, os britânicos irão ver-se perante uma saída desordenada e um futuro incerto, tanto a nível económico como político. O sentido de urgência cresce nas ruas, no Parlamento, no Governo. Esta segunda-feira os deputados voltam a assumir o controlo do processo para votar novas opções e já estão a reservar quarta-feira para novo debate e nova votação. A batalha, desta vez, centra-se em torno de um Brexit suave ou de um hard Brexit.

A principal ideia para quebrar o impasse é tentar um acordo aduaneiro com a União Europeia, o tal soft Brexit - uma alternativa menos radical do que uma saída total e sem certeza da anuência de Bruxelas.

Uma eventualidade que arrepia os brexiteers radicais, reconheceu o deputado eurocético Rees-Mogg, aos microfones da LBC Radio.

"O meu receio é que a primeira-ministra queira evitar um hard-Brexit a todo o custo e por isso estou muito preocupado que ela decida acrescentar uma união aduaneira ao acordo dela", negociado com a União Europeia e já chumbado três vezes na Parlamento, afirmou.

"Se isso acontecer, as pessoas como eu continuaremos a fazer campanha para nos retirar dessa união aduaneira", alertou Rees-Mogg logo de seguida.
A votos, segunda-feira
Esta segunda-feira os deputados irão votar nove alternativas ao plano de May, numa segunda ronda  indicativa. De um segundo referendo, à possibilidade de saída sem acordo dia 12, há um pouco de tudo, incluindo dar ao Parlamento o poder de revogar o artigo 50, adiando o Brexit. A escolha das opções a voto voltará a caber ao presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow.

Dois planos para um Brexit suave ganharam força nos últimos dias. Um deles, uma união aduaneira total com a União Europeia, foi derrotada quarta-feira passada por apenas oito votos e poderá vencer desta vez.

Já o Mercado Comum.2, que mantém o Reino Unido numa união aduaneira e no mercado único, sofreu alterações desde que perdeu por 95 votos, o que poderá equilibrar a balança, apesar dos trabalhistas as rejeitarem.
Gabinete dividido
Para já, Theresa May parece estar mais preocupada em evitar o descalabro do seu gabinete, dividido entre brexiteers radicais, ministros que apoiam um Brexit suave e os que preferem mais tempo para abandonar a União Europeia.

Dois grupos formaram-se no próprio gabinete de May, um em defesa de um Brexit suave, outro em defesa do hard-Brexit.

O primeiro, o grupo One Nation - Uma Nação - integra, entre outros, o secretário para a Justiça, David Gauke, a responsável pela Segurança Social, Amber Rudd, o secretário para a Economia, Greg Clarck, e o secretário para a Escócia, David Mundell.

Já anunciou que vai desafiar os brexiteers mais radicais do European Research Group - ERG, Grupo de Estudos Europeus -, que inclui a líder parlamentar Andrea Leadsom. Estes receiam a escolha por um Brexit suave e prometem fazer tudo contra essa hipótese.
Entre a espada e a parede
Numa carta a May, 170 deputados conservadores, incluindo dez membros do seu gabinete, desafiaram mesmo a chefe de Governo a tirar o Reino Unido da União Europeia, "com ou sem acordo". Os dez ameaçam demitir-se, se a primeira-ministra preferir o Brexit suave ou decidir o prolongamento da data para o Brexit para lá de 22 de maio.

No domingo, pelo contrário, o secretário para a Justiça, David Gauke, afirmou que a primeira-ministra terá aceitar a possibilidade de apoiar uma união aduaneira, se a medida conseguir o apoio do Parlamento e se ao mesmo tempo os deputados voltarem a rejeitar, como na semana passada, um Brexit sem acordo.

"Não poderá ignorar a escolha", considerou Gauke. E diz que se irá demitir se May escolher um hard-Brexit. "Obviamente, não seria capaz de me manter no Governo", disse.

Theresa May irá assim enfrentar mais demissões, seja qual for a escolha, quando o seu gabinete voltar a reunir-se, terça-feira. Entretanto, está a ser pressionada para autorizar liberdade de voto na proposta de união aduaneira.
Paciência a esgotar-se
A primeira-ministra poderá igualmente demitir-se, como prometeu a semana passada, caso o Parlamento não decida um caminho único a seguir.

Uma eventualidade que levaria o Partido Conservador a eleições antecipadas e que, de acordo com diversas fontes, é rejeitada firmemente pela maioria do seu gabinete.

A União Europeia é que está a dar sinais de que a indecisão britânica tem de ter um fim.

Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, afirmou este domingo à televisão estatal italiana RAI, que "até agora, sabemos o que o Parlamento britânico não quer, mas não aquilo que quer".

"Temos tido muita paciência com os nossos amigos britânicos quanto ao Brexit, mas a paciência está a esgotar-se", avisou Juncker.
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