A nova primeira-ministra britânica, Theresa May, já preencheu as pastas decisivas do novo Governo: Philip Hammond ficará com as Finanças, e Boris Johnson com o Foreign Office.
Um dos principais problemas com que vai defrontar-se é o de incutir confiança num esterlino abalado pelas mais recentes vicissitudes da luta política e a tocar o ponto mais baixo das suas cotações contra o dólar nos últimos 30 anos.
Considera-se fortemente provável que Hammond assuma o fracasso dos objectivos proclamados pelo seu antecessor, Osborne, e que consistiam em chegar a um orçamento superavitário em 2020.
Todos os prognósticos, nomeadamente da agência Moody's, apontam para uma inversão da tendência que permitira à economia britânica crescer 2,2 por cento no ano passado e que, com o "Brexit", não é expectável que se mantenha. A pressão para um reforço do investimento público será forte nos próximos anos e obrigará a arquivar sine die um plano de orçamento superavitário que muitos críticos já consideravam, de qualquer modo, fantasioso.Johnson, um líder carismático em posição subordinada
Ao contrário de Hammond, que participou na campanha de Cameron para impedir o "Brexit", o seu sucessor à frente do Foreign Office foi o mais notório trânsfuga do Partido Conservador para a campanha pela ruptura com a União Europeia: Boris Johnson.
Por vir do campo dos tories, e por ter atingido essa notoriedade à frente do município da megalópole londrina, Johnson foi imediatamente identificado como vencedor da batalha do referendo - mais, em todo o caso, do que o extremista de direita Nigel Farage.
E, por ser o vencedor, logo foi apontado como provável sucessor de Cameron no nº 10. Mas, tal como Farage renunciou à chefia do partido nacionalista UKIP, Johnson renunciou à oportunidade de chefiar o próximo Governo.
No seu caso, a renúncia não signficava que se afastasse da política activa, como agora se verifica com a aceitação da importante chefia da política externa. Dá-se, contudo, o paradoxo de o novo Governo ser chefiado por May, que terá de concretizar o "Brexit" tendo sido sua adversária; ao passo que o promotor da saída da Europa, tendo ganho a batalha da estratégia para os próximos anos, fica em posição subordinada.
Outros Ministérios
Além disso, a primeira-ministra Theresa May não fazia segredo da sua intenção de criar um Ministério próprio para gerir a saída da União Europeia, o que retira ao Foreign Office a rubrica principal da política externa nos próximos tempos e, longe de fazer dele um departamento decorativo, não deixa de esvaziá-lo do que seria uma parte decisiva das suas atribuições.
A pasta do "Brexit" ficará a cargo de um homem vindo do negócio dos seguros - David Davies, agora com o pomposo título de "secretário de Estado para a Saída da União Europeia".
É também conhecido o preenchimento de várias outras pastas. Amber Rudd sobraça a pasta do Interior, até aqui assumida pela nova primeira-ministra. O Ministério da Defesa fica nas mãos de Michael Fallon e o do Comércio Internacional nas de Liam Fox. O Ministério da Justiça está ainda por atribuir.