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Guerra no Médio Oriente. A escalada do conflito ao minuto

Hamas responde a plano de Israel com proposta de acordo de trégua de três fases

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Ibraheem Abu Mustafa - Reuters

O Hamas respondeu ao plano de cessar-fogo apresentado por Israel com uma proposta de trégua de 135 dias assente em três fases, que inclui a libertação dos reféns e a retirada total das tropas israelitas da Faixa de Gaza. O secretário de Estado norte-americano está em Israel e deverá discutir esta proposta com o primeiro-ministro israelita esta quarta-feira.

Na noite de terça-feira, o grupo islâmico-palestiniano Hamas entregou aos mediadores do Catar e do Egito um acordo de trégua de três fases em resposta ao plano de cessar-fogo apresentado por Israel.

A contraproposta do Hamas prevê três fases de cessar-fogo, com uma duração de 45 dias cada. Na primeira, os reféns "mulheres e crianças [menores de 19 anos, não militares)], idosos e doentes, seriam libertados em troca de um número específico de prisioneiros palestinianos".


Nesta primeira fase, o Hamas também propõe a retirada das forças aéreas israelitas das zonas povoadas da Faixa de Gaza, a entrada de mais ajuda humanitária e o início da reconstrução de hospitais e casas, juntamente com a criação de acampamentos temporários.
Os reféns do sexo masculino seriam libertados durante a segunda fase, em troca de um número ainda a determinar de prisioneiros palestinianos. Nesta fase, o Hamas também prevê a “a retirada das forças israelitas para fora das fronteiras de todas as áreas da Faixa de Gaza”.

Por fim, na terceira fase deste plano, os corpos e restos mortais dos reféns e de outros prisioneiros seriam trocados entre as partes. No final desta terceira fase, o Hamas esperaria que ambos os lados tivessem chegado a um acordo para o fim da guerra.
Este é o primeiro plano de cessar-fogo elaborado pelo Hamas, que diz ser "razoável" e garante que não aceitará nenhuma contraproposta de Israel.

Uma fonte próxima das negociações disse à agência Reuters que a contraproposta do Hamas não exigia uma garantia de um cessar-fogo permanente no início, mas que o fim da guerra teria de ser acordado durante a trégua, antes que os últimos reféns fossem libertados.

A proposta do grupo islâmico surge em resposta a um plano apresentado por Israel há duas semanas que prevê a cessação das hostilidades durante seis semanas e a libertação faseada dos cerca de 130 israelitas ainda mantidos reféns em Gaza, em troca de prisioneiros palestinianos.
Blinken vai discutir proposta do Hamas com Netanyahu
O gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, confirmou esta terça-feira que recebeu a contraproposta do Hamas ao seu plano de trégua e está a avaliá-la.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chegou na noite de terça-feira a Israel depois de se ter reunido com os mediadores do conflito no Catar. Blinken vai reunir-se esta quarta-feira com Netanyahu para discutir a contraproposta do Hamas.

Israel ainda não comentou publicamente os detalhes da proposta do Hamas, mas vários responsáveis anónimos disseram aos meios de comunicação regionais que a exigência de terminar a guerra era um “não-inicial”. O primeiro-ministro israelita tem reiterado que não retirará as suas tropas da Faixa de Gaza até que o Hamas seja exterminado.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também comentou a contraproposta do grupo islamita, considerando-a “um pouco exagerada”.

Bliken admite que “ainda há muito trabalho a fazer”, mas acredita que “é possível chegar a um acordo e que é realmente essencial”. “Continuaremos a trabalhar de forma incansável para o conseguir”, garantiu.

O secretário de Estado norte-americano sublinha que a estratégia de paz a longo prazo na região terá de passar por garantias de segurança para Israel e de viabilidade de um Estado palestiniano – uma opção que já foi rejeitada por Netanyahu.

Outro dos grandes pontos de discórdia nas negociações até agora é a questão de quantos e quais palestinianos detidos serão libertados. Na trégua de uma semana que ocorreu em novembro, 110 israelitas foram libertados em troca de 240 palestinianos, na sua maioria mulheres e crianças detidas por delitos menores. Mas acredita-se que a nova lista inclua militantes que cumprem penas de prisão perpétua.

O novo esforço diplomático surge numa altura de intensos combates em Gaza, com Israel a pressionar para capturar a principal cidade no sul do enclave, Khan Younis, e os combates também a ressurgirem nas áreas do norte que Israel afirmava ter dominado meses atrás.

Na semana passada, Israel disse que planeava invadir Rafah, a cidade ao longo da barreira fronteiriça no extremo sul do enclave onde mais de metade da população de Gaza está abrigada.

c/agências
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