Hamas rejeita as "novas" condições de trégua. Negociações continuam na próxima semana

por Carla Quirino - RTP
Hatem Khaled - Reuters

Terminou sem qualquer avanço a nova ronda de negociações para um cessar-fogo em Gaza, que decorreu em Doha e sem a presença do Hamas. Ficou agendada para a próxima semana nova ronda de conversações, marcadas para o Cairo.

A pressão diplomática aumentou sobre Israel para que faça concessões quando as negociações forem retomadas no Cairo, no Egito, na próxima semana, já que não houve avanços nos encontros no Catar.

Desta última ronda de conversações, uma declaração da Casa Branca assinada pelo grupo de mediadores, Catar e Egito, descreveu uma nova proposta que se baseou “em áreas de acordo” e preencheu as lacunas restantes de uma maneira que permitiu “uma rápida implementação do acordo”.

Desta forma, o mediadores dos EUA, Catar e Egito, ao fim de 48 horas, anunciaram uma "proposta de transição" que pode definir o caminho para a redução das tensões regionais e o fim da guerra.

Porém, o Hamas rejeita as “novas” condições de trégua em Gaza, embora o presidente dos EUA, Joe Biden, afirme que o acordo está mais próximo do que nunca.
“Proposta de transição” em Doha
A declaração conjunta avançou esta sexta-feira que as negociações de cessar-fogo em Doha foram “sérias e construtivas”.

O mediadores argumentam que a “proposta de transição” permitiria a implementação “rápida” de um acordo que encerraria a guerra em Gaza e permitiria a libertação de prisioneiros israelitas.

“O caminho está agora definido para esse resultado, salvando vidas, trazendo alívio ao povo de Gaza e aliviando as tensões regionais”, disseram os três países que estiveram reunidos desde quinta-feira.
Sem mais detalhes, os mediadores explicaram que os contornos do documento saído da Doha baseia-se no texto apresentado por Joe Biden, em maio.

Os planos defendidos pelos EUA apontam para um esforço em várias fases para acabar com a guerra, começando com uma pausa de seis semanas nos combates, o que permitiria a libertação de alguns prisioneiros israelitas mantidos em Gaza e prisioneiros palestinianos, em prisões de Telavive.

O presidente norte-americano mostrou-se otimista sobre a possibilidade de se estar próximo de um acordo. “Podemos ter ali algo, mas ainda não chegámos lá. Mas estamos muito, muito mais perto do que estávamos há três dias”, sublinhou Biden.

Já um porta-voz do Hamas acusou Washington de tentar criar uma “atmosfera falsa” sem nenhuma intenção genuína de parar a guerra.

A Casa Branca acrescentou que Biden manteve conversações telefónicas separadas com o emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad Al Thani, e com o presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sisi, para "analisar o progresso significativo" nas negociações de cessar-fogo.

Entretanto, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, desloca-se a Israel este fim de semana para impulsionar os esforços diplomáticos em curso por um acordo de cessar-fogo em Gaza, anunciou o Departamento de Estado esta sexta-feira.
Reação do Hamas
O Hamas já reagiu e rejeita as condições saídas da mediação de Doha. Reitera que só concordará com um acordo que leve a um cessar-fogo permanente e que inclua necessariamente a retirada completa das forças israelitas de Gaza e a uma troca de prisioneiros "séria".

O representante do Hamas, Osama Hamdan, acusou ainda Israel de prejudicar as negociações por colocarem condições sobre condições e terem acrescentado texto ao documento inicial.

O Hamas não enviou uma delegação a Doha precisamente para exigir a implementação do que foi previamente acordado, "em vez de continuar com novas rondas de negociações".
E Israel
Por sua vez, Israel não articulou uma ideia clara para acabar com o conflito, argumentando que continuará a guerra até que seja alcançado uma “vitória total”.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, instou ainda os mediadores norte-americanos, qataris e egípcios a "pressionarem" o movimento islamita palestiniano Hamas para alcançarem um acordo de cessar-fogo em Gaza.

De qualquer forma, enquanto os mediadores tentavam concertar ideias para os planos de cessar-fogo, a ofensiva militar de Israel em Gaza continuou nesta mesma sexta-feira. As forças israelitas emitiram ordens de retirada das áreas do sul e centro, anteriormente designadas como "zonas humanitárias seguras". Telavive alegou que o Hamas estava a usar essas zonas para atacar Israel com disparos de morteiros e foguetes.

O número de mortos palestinianos em Gaza ultrapassou a fasquia dos 40 mil, de acordo com autoridades de saúde locais.

c/agências

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