Hamas libertou mais oito reféns e Israel suspendeu entrega de prisioneiros palestinianos

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Militares palestinianos cercam a refém israelita Arbel Yehud, de 29 anos Ramadan Abed - Reuters

O Hamas libertou esta quinta-feira oito reféns, incluindo três israelitas e cinco cidadãos tailandeses, tal como estava previsto no acordo. Em troca, Israel devia libertar 110 cidadãos palestinianos detidos em prisões israelitas, mas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ordenou um adiamento da libertação em protesto contra o caos verificado na entrega dos reféns israelitas.

Todos os reféns com libertação estipulada para esta quinta-feira já foram levados pela Cruz Vermelha para junto das forças israelitas presentes na Faixa de Gaza.

Arbel Yehoud, de 29 anos, e Gadi Mozes, de 80 anos, foram entregues à Cruz Vermelha em Khan Younis, no sul de Gaza, depois de Agam Berger, de 20 anos, ter sido libertada ao início da manhã em Jabalia.

Agam Berger foi a primeira refém israelita a ser libertada esta quinta-feira pelo Hamas. A soldado de 20 anos "cruzou a fronteira para território israelita" sob a proteção de membros das forças especiais, após ser entregue ao exército pela Cruz Vermelha em Jabalia, no norte do enclave, disse o exército israelita em comunicado.

A soldado foi levada por militares até um palco improvisado, onde acenou para uma multidão que se juntou numa praça em Jabalia, cercada por um cenário de destruição. Agam Berger já se reuniu com a sua família. Agam Berger, de 20 anos, foi capturada durante o ataque do Hamas a 7 de outubro de 2023 quando cumpria o serviço militar perto da Faixa de Gaza.

Arbel Yehud, de 29 anos, foi a segunda a ser libertada. Imagens caóticas mostram Yehoud a ser cercada por militares e uma multidão enquanto era levada para um veículo da Cruz Vermelha no ponto de entrega de reféns de Khan Younis.

Cinco tailandeses sequestrados a 7 de outubro de 2023 também foram libertados esta quinta-feira. Os três reféns israelitas vão ser trocados por 110 cidadãos palestinianos detidos por Israel, incluindo 32 condenados a prisão perpétua.

Os militares israelitas confirmaram entretanto que os oito reféns já estão em território israelita.
Netanyahu suspende libertação de prisioneiros palestinianos

Em troca pela libertação dos reféns israelitas, Telavive tinha acordado entregar 110 cidadãos palestinianos detidos.

No entanto, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ordenou um adiamento da libertação dos prisioneiros até que seja garantida a saída segura dos reféns israelitas nos próximos dias.

Israel protestou junto dos negociadores pelas imagens de caos no processo de libertação dos reféns. Numa publicação na rede social X, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, diz ser inaceitável a libertação caótica dos sete reféns em Khan Younis.

“Vejo com grande severidade as cenas chocantes durante a libertação dos nossos reféns. Esta é mais uma prova da crueldade inimaginável da organização terrorista Hamas”, diz Netanyahu.

Netanyahu exige que “os mediadores garantam que cenas tão horríveis não voltem a ocorrer e que garantam a segurança dos nossos reféns”.

“Quem ousar fazer mal aos nossos reféns, pagará por isso”, ameaçou.

Esta é terceira troca de reféns por prisioneiros palestinianos no âmbito do cessar-fogo entre Israel e o Hamas. Uma quarta troca está prevista para sábado, com a libertação de três homens de acordo com o calendário anunciado por Israel.

Três civis israelitas e quatro soldados - todas mulheres - foram libertados até agora no âmbito do cessar-fogo, que começou a 19 de janeiro. Em troca, Israel libertou 290 condenados e detidos palestinianos.
Palestinianos continuam a regressar ao norte de Gaza
No âmbito do acordo que interrompeu 15 meses de guerra na Faixa de Gaza, Israel autorizou igualmente o regresso das pessoas deslocadas ao norte do enclave palestiniano. Segundo os dados mais recentes da ONU, mais de 376 mil palestinianos deslocados já regressaram ao norte da Faixa de Gaza desde segunda-feira.

O Hamas classificou o regresso dos deslocados como uma “vitória” para o povo palestiniano e sinaliza “o fracasso e a derrota dos planos de ocupação”.

Quase todos os 2,4 milhões de residentes da Faixa de Gaza foram deslocados pela guerra desencadeada pelo ataque do Hamas contra Israel a 7 de outubro de 2023.

O cessar-fogo durará seis semanas e permitirá a libertação de 33 reféns mantidos em Gaza em troca de cerca de 1.900 prisioneiros palestinianos.

c/agências
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