Hamas denuncia assalto israelita a hospital no norte de Gaza

por RTP
Vítimas de combates entre Israel e o Hamas em Jabalia, Gaza, no hospital de Kamal Adwan, a 21 de outubro 2024 Reuters

O grupo islamita palestiniano acusou esta sexta-feira o exército de Israel de ter tomado de assalto um hospital no campo de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, onde deteve "centenas de pacientes".

Jabalia tem centrado as operações israelitas em Gaza contra militantes do Hamas, nas últimas semanas, com bombardeamentos e buscas casa a casa e em escolas.

Há vários dias que o hospital estava cercado enquanto os soldados combatiam nos arredores. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, afeto ao Hamas, esta sexta-feira os soldados "tomaram o hospital Kamal Adwan de assalto e estão no interior".

As forças israelitas "detêm centenas de pacientes, pessoal médico e pessoas deslocadas dos setores em torno, que se haviam refugiado no hospital devido aos bombardeamentos incessantes", referiu o comunicado do Ministério.

O hospital não tem recebido alimentos, medicamentos ou material médico básico, acrescentou.

O porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmoud Bassai, referiu por seu lado que "mais de 150 pacientes e pessoal, inlcuindo médicos e enfermeiros, estão sob cerco do exército no interior do Kamal Adwan".

Mais tarde, o organismo indicou que o seu responsável em Jabalia e um enfermeiros haviam sido presos durante o raide israelita, tendo sido levados para parte incerta. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da Organização Mundial da Saúde, afirmou-se muito inquieto por ter perdido o contacto esta sexta-feira com o pessoal do hospital, o último em funcionamento no norte de Gaza.

O representante da OMS para os territórios palestinianos, Rik Peeperkorn, testemunhou "o caos" que reinava no hospital, durante uma missão esta semana.

Quinta-feira, "os serviços de emergência estavam completamente lotados e vimos muitos pacientes a chegar com ferimentos terríveis", ao mesmo tempo que centenas de pessoas enchiam "cada canto" do hospital em busca de refúgio, explicou Peeperkorn a partir de Gaza, numa conferência de imprensa organizada em Genebra.
"Centenas de terroristas eliminados"
Num ponto de passagem controlado pelos soldados israelitas perto de Kamal Adwan, o representante da OMS viu "milhares de mulheres e de crianças a abandonar a zona a caminho com o que lhes restava", para a cidade de gaza, no sul.

"Vimos muitos poucos homens ou rapazes adolescentes e os homens eram revistados", acrescentou.

O organismo israelita que supervisiona as questões civis nos territórios palestinianos ocupados indicou por seu lado que havia autorizado a transferência quinta-feira de 23 pacientes e 26 acompanhantes, do hospital de Kamal Adwanpara outros estabelecimentos da Faixa de Gaza, em cinco ambulâncias e quatro veículos das Nações Unidas.

Sublinhou ainda que tinha dado ordem para serem fornecido sangue, material médico e combustível ao hospital. 

Cerca de 45.000 pessoas já abandonaram a região, revelou por seu lado o exército israelita, acrescentando que foram "eliminados centenas de terroristas".

Nas últimas semanas, a zona de Jabalia tem sido palco de combates e bombardeamentos entre o exército israelita e combatentes do Hamas, que, afirma Israel, se reagruparam na zona. 

As IDF começaram por cercar a cidade, apelando a população a retirar-se para sul, através dos pontos de passagem estabelecidos para controlar os habitantes. A operação alargou-se depois à cidade de Beit Lahia, a norte, e aos seus arredores.

O porta-voz da Defesa Civil de Gaza, citado pela Agência France Press, afirmou entretanto que drones israelitas mataram pelo menos 12 pessoas que esperavam ajuda humanitária.

"A Defesa Civil recuperou 12 corpos de vários feridos, após os ataques de drones israelitas contra um veículo e um grupo de cidadãos que esperavam por ajuda a norte do campo de refugiados de Al-Shati, a ocidente da cidade de Gaza", afirmou o porta-voz do organismo, Mahmoud Bassai, citado pela Agência France Press.

O exército israelita não comentou a acusação da Defesa Civil, mas tem mantido que a ajuda humanitária que entra no enclave é habitualmente desviada por militantes do Hamas sem chegar diretamente à população.

Em comunicado, as Forças de Defesa de Israel confirmaram que continuam as suas operações na zona do hospital Kamal Adwan, com os serviços de segurança, "com base nas informações sobre a presença de terroristas e das suas infraestruturas na região".
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