Hamas alega ter perdido contacto com refém israelita após bombardeamento

por RTP
Críticos da forma como Benjamin Netanyahu tem gerido a questão dos reféns manifestam-se com cartazes de Edan Alexander David Dee Delgado - Reuters

O braço armado do Hamas afirmou esta terça-feira que "perdeu o contacto" com o grupo responsável pelo refém israelo-americano Edan Alexander, após um ataque aéreo ao local onde ele se encontrava, em Gaza.

"Anunciamos que perdemos o contacto com o grupo que mantém refém o soldado Edan Alexander após um ataque direto à sua localização. Ainda estamos a tentar contactá-los neste momento", disse Abu Obeida, porta-voz das Brigadas Ezzedine Al-Qassam, no seu canal de Telegram.

Sábado passado, a mesma fonte divulgou um vídeo, não datado, mostrando Alexander vivo e a questionar o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pela demora da sua libertação. "Porque não estou em casa", perguntava.

O vídeo foi publicado domingo com autorização da família do soldado mas, a coicidência da sua divulgação com as celebrações da Páscoa judaica foi considerada especialmente "cínica" pelo governo israelita.

A família de Edan Alexander justificou a sua autorização, dizendo que esta Páscoa "não é um dia de liberdade enquanto Edan e os outros 58 reféns não estiverem em casa".

No vídeo, o soldado parecia falar sob coação, gesticulando frequentemente a par das críticas. A Agência France Press não conseguiu determinar quando nem onde o vídeo foi filmado. 

O cativeiro do jovem militar completou 554 dias esta terça-feira.

Israel pediu a libertação de Edan Alexander, como "um gesto de boa vontade", logo no primeiro dia de eventuais novas tréguas que permitiriam a libertação de 10 reféns vivos, informou o Hamas segunda-feira. O cessar-fogo agora proposto por Israel deveria durar 45 dias, referiu.  Há um mês, o Hamas recusou libertar Alexander exceto em caso de total respeito por parte de Israel do cessar-fogo aceite pelas partes no início do ano.

As alegações de Obeida, líder do braço armado da organização terrorista de Gaza, não implicam que o bombardeamento tenha sido israelita nem que Alexander se encontrava no local atingido. 

Mesmo estando, não significam que o jovem israelo-americano tenha sido morto no alegado ataque. As informações independentes sobre o ocorrido são demasiado escassas.

Os militantes palestinianos que participaram no ataque a Israel a 7 de outubro de 2023, fizeram 251 reféns, dos quais 58 permanecem em cativeiro. Israel acredita que 34 destes estão mortos, contudo é importante recuperar os seus restos mortais, para os enterrar condignamente.

Durante a implementação da primeira fase de um primeiro cessar-fogo acordado a 19 de janeiro, o Hamas libertou dezenas de reféns, como previsto, em troca do aligeirar das operações israelitas em Gaza.

Em finais de março, Israel acusou o Hamas de não estar a cumprir a sua parte das tréguas e regressou aos ataques, aéreos e terrestres, a Gaza, enquanto decorriam negociações sobre a implementação da segunda fase do cessar-fogo. Os avanços terão permitido ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, visitar o norte do enclave esta terça-feira, conforme informações divulgadas pelo seu gabinete. O último americano refém em Gaza
Natural de Telavive, Edan Alexander integrava o escalão mais baixo de uma unidade de infantaria de elite na fronteira de Gaza, quando foi raptado durante o ataque. Completou 21 anos durante o cativeiro.

Parte da sua vida foi passada no estado norte-americano de Nova Jérsia, onde cresceu, tendo regressado a Israel depois de completar o ensino secundário e alistar-se.

Edan Elexander é o único americano vivo ainda refém do Hamas.

À Associated Press, um alto funcionário do grupo terrorista disse que as negociações há muito adiadas sobre a segunda fase do cessar-fogo acordado em janeiro teriam de começar no dia da libertção de Alexander e durar no máximo 50 dias. 

Israel também precisaria de deixar de barrar a entrada de ajuda humanitária e retirar de um corredor estratégico ao longo da fronteira de Gaza com o Egipto.

O Hamas classificou a proposta como um "acordo excecional" com o objetivo de colocar a trégua de novo nos carris, segundo a autoridade, que falou à AP sob anonimato.

com agências
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