Haiti. Violência de gangues provocou mais de 2.400 mortos desde o início do ano

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Protesto exige o fim da violência dos gangues, em Port-au-Prince, Haiti, a 14 de agosto de 2023. Ralph Tedy - Reuters

Mais de 2.400 pessoas morreram desde o início do ano com o aumento da violência protagonizada por bandos armados no Haiti, adiantaram esta sexta-feira as Nações Unidas.

Nos últimos meses, registou-se um aumento dos movimentos de “justiça popular” e dos grupos de autodefesa, em resposta à violência dos gangues e insegurança generalizada que persiste no país."Entre 1 de janeiro e 15 de agosto deste ano, pelo menos 2.439 pessoas foram mortas e 902 ficaram feridas", afirmou Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, no briefing da ONU em Genebra.

"De 24 de abril a meados de agosto, mais de 350 pessoas foram linchadas pela população local e grupos de autodefesa. Entre os mortos contam-se 310 suspeitos de pertencerem a gangues, 46 membros do público e um polícia", acrescentou Ravina Shamdasani.
30 mortos em ataque a bairros de Port-au-Prince
Cerca de 80 por cento da capital haitiana, Port-au-Prince, é controlada por bandos armados. A criminalidade é uma constante. O país vive mergulhado há vários anos numa crise económica, política e de segurança, que levou ao reforço do domínio dos bandos.

Desde o início da semana que os ataques constantes contra os habitantes de um bairro de Port-au-Prince fizeram 30 mortos, entre os quais dois polícias, e mais de uma dezena de feridos. Pelo menos quatro pessoas estão desaparecidas, de acordo com um balanço provisório de uma organização de defesa dos Direitos Humanos.

De acordo com a agência France Presse, as casas do bairro foram saqueadas e incendiadas pelo grupo de crime organizado responsável pelo atentado, liderado por Renel Destina, também conhecido por Ti Lapli. Alguns dos residentes foram mortos com armas automáticas.
“A violência fez com que mais de cinco mil pessoas fugissem de suas casas”, declarou Jerry Chandler, diretor-geral da Proteção Civil Haitiana.
Milhares de habitantes fugiram a pé, em motas ou amontoadas em carros do bairro de Carrefour-Feuilles, na capital do Haiti, uma zona estratégica para os bandos armados. Entre eles havia "mulheres, crianças e idosos", acrescentou Jerry Chandler.
Apelo internacional da ONU
"Os Direitos Humanos do povo haitiano devem ser protegidos e o seu sofrimento aliviado", sublinhou Volker Türk, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que visitou o país em fevereiro.

Face à vaga de violência crescente que o país tem vivido, entre 11 e 15 de agosto, as Nações Unidas apelam à adoção de medidas urgentes para proteger os Direitos Humanos. O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou mesmo à formação de uma força multinacional para ajudar as autoridades haitianas a lidar com a insegurança.
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