Haiti sem apoio médico após violência e ameaças da polícia

por Lusa
Os Médicos Sem Fronteiras sentem-se ameaçados no Haiti Luca Zennaro - EPA

A organização não governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) suspendeu a partir desta quarta-feira as atividades na capital do Haiti devido a "violência e ameaças das forças policiais" e após a execução de dois pacientes.

Depois de "graves ameaças feitas contra o seu pessoal por membros das forças policiais haitianas, a MSF é forçada a suspender as suas atividades em Porto Príncipe até novo aviso", disse a ONG, na terça-feira à noite.

Num comunicado de imprensa, a MSF recordou que já tinha denunciado, na semana passada, que uma das suas ambulâncias "foi atacada, levando à execução de pelo menos dois doentes e a agressões ao pessoal médico", em 11 de novembro.

"Na semana seguinte, os polícias pararam repetidamente veículos da MSF e ameaçaram diretamente os funcionários, incluindo ameaças de morte e violação", denunciou ainda a ONG.

"No Haiti e noutros lugares, estamos habituados a trabalhar em condições de extrema insegurança, mas quando até a polícia se torna uma ameaça direta, não temos outra escolha senão suspender os nossos projetos", lamentou a MSF.

O anúncio da ONG surge horas depois de um porta-voz da polícia do Haiti ter dito que a polícia e os habitantes de Porto Príncipe mataram 28 membros de grupos armados depois de uma ofensiva em vários bairros da capital.

Durante a noite, a polícia intercetou um camião e um miniautocarro que transportavam membros de gangues armados em dois bairros, matando 10 deles no local, e perseguindo e matando outros juntamente com residentes locais, segundo o porta-voz adjunto da Polícia Nacional haitiana, Lionel Lazarre.

As autoridades locais e organizações internacionais estimam que grupos criminosos dominam cerca de 80% da capital do Haiti, o país mais pobre do continente americano e o 158.º entre 193 países no índice de desenvolvimento humano.

 

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