Guterres vê "oportunidade histórica" para futuro e pede que se evite violência
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pede calma e que se evite violência na Síria, após a queda do regime de Bashar al-Assad, que vê como uma "oportunidade histórica para construir um futuro estável e pacífico".
"Há muito trabalho a fazer para assegurar uma transição política ordenada para instituições renovadas. Reitero o meu apelo para a calma e para que se evite a violência neste momento sensível, protegendo simultaneamente os direitos de todos os sírios, sem distinção", referiu Guterres numa nota partilhada no portal das Nações Unidas.
Os rebeldes declararam hoje Damasco `livre` do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de ofensiva de uma coligação liderada pelo grupo islâmico Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia, para derrotar o governo sírio.
O líder da ONU considerou que "após 14 anos de guerra brutal e a queda do regime ditatorial, o povo da Síria pode hoje aproveitar uma oportunidade histórica para construir um futuro estável e pacífico".
Guterres defendeu que é preciso o apoio da comunidade internacional para uma garantir uma transição política inclusiva e abrangente e que responda às aspirações da população.
"A soberania, a unidade, a independência e a integridade territorial da Síria devem ser restauradas", vincou o secretário-geral da ONU, que pediu que a inviolabilidade das instalações e do pessoal diplomático e consular "deve ser respeitada em todos os casos".
Apontando que serão os sírios a determinar o futuro da Síria, Guterres disse que a ONU vai estar empenhada em apoiá-los a "construir um país onde a reconciliação, a justiça, a liberdade e a prosperidade sejam realidades partilhadas por todos".
Em 2015, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a Resolução 2254, com o objetivo de se definir uma solução política para a guerra civil na Síria, que eclodira em 2011, e de estabelecer um processo de transição política, sob a égide da ONU.
O Presidente sírio, no poder há 24 anos, deixou o país perante a ofensiva rebelde, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), desconhecendo-se, para já, o seu paradeiro.
Rússia, China e Irão manifestaram preocupação pelo fim do regime, enquanto a maioria dos países ocidentais e árabes se mostrou satisfeita por Damasco deixar de estar nas mãos do clã Assad.
No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baath foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000.