O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, continua sem resposta do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a um pedido de contacto após o início da guerra em Gaza, confirmou hoje o seu porta-voz, Stéphane Dujarric.
"Pedimos uma chamada com o primeiro-ministro [Netanyahu] e, quando essa ligação ocorrer, ocorrerá", disse Dujarric, acrescentando que isso não impede a ONU "de manter contactos funcionais com Israel".
O único contacto até agora tornado público é o que Guterres manteve com o Presidente israelita, Isaac Herzog, que não detém poder executivo. A Herzog, Guterres insistiu na "necessidade de respeitar o direito internacional, de proteger os civis e de proteger as instalações da ONU", disse o porta-voz, referindo-se às escolas onde os refugiados se abrigam.
Dujarric insistiu que Guterres "diz em privado a mesma coisa que diz em público" sobre a situação dos civis.
O porta-voz foi ainda questionado sobre os motivos de Guterres não ter viajado para Israel na sua última deslocação à região - foi ao Cairo e até à fronteira de Rafah, entre o Egito e Gaza -, ao que respondeu: "O secretário-geral tem sempre em conta onde a sua presença é mais útil".
Israel foi sempre muito crítico das instituições da ONU em geral, e, na semana passada, o embaixador israelita nas Nações Unidas, Gilad Erdan, disse num protesto de apoio a Israel em Nova Iorque que Guterres, ao deslocar-se à passagem de Rafah, "enviava uma mensagem de apoio aos terroristas".
O ataque do Hamas ao território israelita a 07 de outubro, que fez mais de 1.400 mortos, na maioria civis, e 222 reféns, desencadeando uma forte retaliação israelita.
O Exército israelita e os combatentes palestinianos vão hoje no 17.º dia de guerra, prosseguindo os incessantes ataques aéreos das forças israelitas ao enclave e o lançamento de projéteis para Israel por parte das milícias palestinianas.
Na Faixa de Gaza, os mortos já são mais de 5.000, incluindo mais de 2.000 crianças, mais de 1.100 mulheres e 217 idosos, segundo as autoridades locais.
Na conferência de imprensa de hoje, o porta-voz reconheceu que a Agência das Nações Unidas para os Palestinianos (UNRWA, a maior organização de ajuda ativa em Gaza) ainda não conseguiu introduzir um único litro de combustível na Faixa.
A UNRWA disse repetidamente que o combustível é necessário para alimentar os geradores que mantêm os hospitais em Gaza em funcionamento, depois de o Governo israelita cortar o fornecimento de eletricidade a todo o território.
Entretanto, pelo menos 35 trabalhadores da UNRWA morreram devido aos bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza desde 07 de outubro, quando eclodiu a guerra entre o grupo islamita Hamas e Israel, informou hoje a própria organização em comunicado.
Da mesma forma, indicou que 40 das suas instalações - duas das quais nas últimas 24 horas - foram danificadas desde o início da guerra.
A UNRWA afirmou ainda que quase 600 mil pessoas deslocadas internamente estão refugiadas em 150 instalações da agência na Faixa de Gaza.
Assim, nas últimas 24 horas o número de deslocados internos aumentou em 14.000, ou seja, 3,5%.
A Assembleia Geral da ONU reunir-se-á na quinta-feira para discutir a guerra desencadeada pelo ataque do Hamas em solo israelita, anunciou hoje o líder do órgão numa carta aos Estados-membros.
Embora o Conselho de Segurança não tenha conseguido chegar a acordo sobre uma resolução relativa a esta guerra, vários países, nomeadamente a Jordânia em nome do grupo árabe, a Rússia, a Síria, o Bangladesh e até o Vietname e o Camboja, solicitaram formalmente ao presidente da Assembleia, Dennis Francis, que agendasse esta reunião.
Antes da Assembleia se reunir na manhã de quinta-feira, o Conselho de Segurança reunir-se-á na terça-feira para debater a questão. Uma reunião há muito planeada na qual são esperados alguns ministros das Relações Exteriores, entre eles o de Israel, Eli Cohen.