O secretário-geral da ONU, António Guterres, agradeceu hoje aos membros da missão de paz no Líbano (UNIFIL), numa mensagem onde aproveitou para advertir Israel contra ataques a estas tropas, alertando que "podem constituir crime de guerra".
Na sua mensagem, dirigida especificamente aos capacetes azuis, Guterres destacou que sente "uma grande admiração e gratidão" pelo seu trabalho, do qual disse estar "muito orgulhoso".
Apesar dos riscos que enfrentam por estarem no meio de um cenário de guerra, Guterres repetiu que "a UNIFIL mantém-se nas suas posições", e sublinhou que "todos os dias, mantém a bandeira azul [da ONU] hasteada e garante a primazia do direito internacional".
O diplomata português garantiu também que a sua segurança "é a principal prioridade" da ONU, e que a segurança deve ser garantida por todas as partes, que devem também respeitar a inviolabilidade das suas instalações.
Embora Guterres não cite Israel, foi o Exército israelita que, pelo menos em duas ocasiões, reconheceu ter disparado contra torres de observação em bases da UNIFIL, tendo mesmo atacado outra base com dois tanques Merkava.
"Os ataques contra as forças de manutenção da paz das Nações Unidas são completamente inaceitáveis. Violam o direito internacional e o direito internacional humanitário e podem constituir um crime de guerra", alertou.
O secretário-geral da ONU exigiu mais uma vez o cessar-fogo e a aplicação da resolução 1701 do Conselho de Segurança, aprovada em 2006 e desde então transformada em `letra morta`, uma vez que não é aplicada por Israel, nem pelo Governo libanês, nem pela milícia xiita do Hezbollah.
Segundo os dados mais recentes do Governo libanês, pelo menos 2.412 pessoas morreram e 11.285 ficaram feridas após um ano de conflito entre Israel e o Hezbollah, que obrigou 44.121 famílias, compostas por 190.882 pessoas, a sair de casa e a procurar refúgio num dos 1.096 espaços habilitados para tal em diferentes pontos do país.
O confronto cruzado entre o Hezbollah e Israel entrou numa nova fase, desde que no final de setembro passado o Estado judaico iniciou uma campanha sem precedentes de intensos bombardeamentos aéreos contra o sul e o leste do Líbano, incluindo Beirute.