Guterres condena Israel por transformar Gaza num "campo de morte"

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Pierre Albouy - Reuters

O secretário-geral das Nações Unidas observou na terça-feira que a Faixa de Gaza é atualmente um "campo de morte", criticando Israel por bloquear a entrada de ajuda humanitária em vez de respeitar a sua "obrigação inequívoca" de satisfazer as necessidades da população. António Guterres manifestou ainda a sua preocupação com o impacto "devastador" de uma guerra comercial para os países mais pobres.

“Há mais de um mês que não entra uma única gota de ajuda em Gaza. Nem alimentos, nem combustível, nem medicamentos, nem bens comerciais. Enquanto a ajuda está a secar, as comportas do horror reabriram”, disse António Guterres aos jornalistas, condenando o retomar dos ataques israelitas a 18 de março. 

Desde então, com o fim do cessar-fogo de dois meses, que os ataques israelitas provocaram cerca de 1.400 mortes.
"Gaza é um campo de morte e os civis estão presos num ciclo interminável de morte”, denunciou.

O chefe da ONU rejeitou o novo plano de Israel para controlar a entrega de ajuda humanitária no enclave palestiniano, denunciando a intenção de "controlar ainda mais e limitar insensivelmente a ajuda até a última caloria e grão de farinha”.

“Deixe-me ser claro: não participaremos de nenhum acordo que não respeite totalmente os princípios humanitários: humanidade, imparcialidade, independência e neutralidade"
, afirmou Guterres. 

Questionado sobre os planos dos EUA para a Faixa de Gaza, António Guterres considerou que a deslocação forçada de palestinianos seria contra o Direito Internacional.

"Os palestinianos devem poder viver num Estado palestiniano lado a lado com um Estado israelita. Essa é a única solução que pode trazer a paz ao Médio Oriente", afirmou. 
O impacto "devastador" de uma guerra comercial
A propósito do anúncio das tarifas anunciadas por Donald Trump, o secretário-geral da ONU disse que está particularmente preocupado com os países em desenvolvimento que são mais vulneráveis ao impacto de uma guerra comercial.

"As guerras comerciais são extremamente negativas. Ninguém ganha com uma guerra comercial, toda a gente tende a perder. E estou particularmente preocupado com os países em desenvolvimento mais vulneráveis, onde os impactos serão mais devastadores”, declarou.


c/agências
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