O secretário-geral da ONU, António Guterres, insistiu hoje que a ajuda a Gaza continua a ser bloqueada, alertando para "consequências devastadoras" e apelando para que o cessar-fogo entre o Hamas e Israel seja "restaurado e renovado sem demora".
"Estou muito preocupado porque a ajuda continua a ser bloqueada, com consequências devastadoras. Os civis devem ser respeitados e protegidos em todos os momentos e devem ter as necessidades básicas para sobreviver", destacou o diplomata português, numa nota na rede social X.
Ainda sobre Gaza, o líder da ONU apontou que "quase 70%" do enclave "está agora sob ordens de deslocação emitidas por Israel ou dentro de uma zona de `proibição`".
Na semana passada, Guterres tinha denunciado que Gaza se tornou "num campo de extermínio", onde os "civis estão num ciclo interminável de morte", frisando ainda que Israel não está a cumprir com as suas obrigações "como potência ocupante".
Em resposta, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel rejeitou qualquer escassez de ajuda humanitária na Faixa de Gaza e acusou Guterres de "espalhar calúnias".
Na nota divulgada hoje, António Guterres exigiu novamente que "todos os reféns devem ser libertados de forma imediata e incondicional" e que "um cessar-fogo deve ser restaurado e renovado sem demora".
O Hamas admitiu hoje à AFP responder em 48 horas a uma proposta de Israel para um cessar-fogo na Faixa de Gaza que recebeu através de mediadores egípcios.
A mesma fonte do movimento islamita palestiniano, que falou à AFP sob a condição de não ser identificada, disse que Israel pede a devolução de 10 reféns vivos em troca de uma trégua de "pelo menos 45 dias".
Israel oferece a libertação de 1.231 prisioneiros palestinianos detidos e a autorização de entrada de ajuda humanitária em Gaza.
A proposta israelita menciona também um "fim definitivo da guerra", que Israel condiciona ao desarmamento do Hamas, "uma linha vermelha não negociável" para o movimento radical que governa Gaza desde 2007.
Na primeira fase das tréguas, entre 19 de janeiro e 17 de março, foram libertados 33 reféns, oito dos quais mortos, em troca da libertação por Israel de cerca de 1.800 prisioneiros palestinianos.
Até à data, os esforços para restabelecer o cessar-fogo têm esbarrado em divergências quanto ao número de reféns que o Hamas deve libertar.
Israel declarou a 07 de outubro de 2023 uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis, e sequestrando 251.
A guerra naquele território palestiniano fez, até agora, mais de 51.000 mortos, na maioria civis, incluindo mais de 18.000 crianças, e mais de 111.000 feridos, além de cerca de 11.000 desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças, infeções e fome, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.