O secretário-geral da ONU declarou em entrevista à BBC que o acordo com o Irão foi "uma vitória diplomática importante", e que não deveria ser cancelado "a não ser que tenhamos uma boa alternativa".
Nessa data, Trump anunciou que voltará a uma política de drásticas sanções económicas contra o Irão, caso entretanto o acordo não seja substancialmente alterado. Segundo o actual inquilino da Casa Branca, este é "o pior acordo de sempre".
O Irão, por seu lado, tem lembrado que o acordo é para cumprir e que não tenciona negociar alterações. O presidente iraniano, Hassan Rouhani, sublinhou que os EUA não podem unilateralmente cancelar um acordo assinado entre sete países. Assim, a referência de Guterres a uma eventual "boa alternativa" ao acordo, que possa vir a existir no futuro, não tem de momento qualquer ponto de sustentação por parte do Irão.
A União Europeia, também parte do acordo, tem dado repetidos sinais de que pretende mantê-lo. Países membros de decisiva influência, nomeadamente a França, a Alemanha e, ainda, o Reino Unido têm reiterado, cada um, essa posição comum.
Contudo, Donald Trump vem prosseguindo uma vigorosa campanha para o cancelamento do acordo, em coordenação estreita com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
No âmbito dessa campanha, o presidente dos EUA enviou em digressão pelo Médio Oriente o novo chefe do Departamento de Estado e antigo responsável da CIA, Mike Pompeo.
Netanyahu fez coincidir com a visita de Pompeo uma espectacular conferência de imprensa, por muitos comparada com o famoso discurso de Colin Powell a apresentar no Conselho de Segurança da ONU as "provas" da existência de armas de destruição massiva no Iraque.
Aí apresentou o líder israelita a revelação de documentos alegadamente descobertos pela Mossad com a revelação de que o Irão teve um programa nuclear secreto. Contudo, o programa a que se refere a "revelação" data de 2003 e o acordo subscrito entre o Irão e os co-signatários internacionais data de 2015. Desde a assinatura do acordo, tem havido inspecções da AIEA (Agência Internacional de Energia Atómica), que controlam o seu cumprimento por parte do Irão.
Mesmo assim, Pompeo imediatamente comentou a conferência de imprensa de Netanyahu como prova de que o acordo com o Irão deve ser cancelado, caso não seja submetido a uma revisão profunda. E acrescentou que esse a acordo estava "construído sobre mentiras".