Guiné-Bissau. Corrupção abrange todo o Governo guineense e facilita tráfico de droga

por Lusa

A corrupção na Guiné-Bissau abrange todos os setores do Governo, incluindo na criação de facilidades ao alegado tráfico de droga, com impunidade, refere-se num relatório sobre direitos humanos do Departamento de Estado norte-americano.

O relatório, relativo à situação dos direitos humanos no país em 2021, e divulgado na terça-feira pelo Departamento de Estado dos EUA, refere que a lei do país prevê penas entre um mês e 10 anos por corrupção.

"O Governo não implementou a lei de forma eficaz e funcionários em todos os ramos e em todos os níveis de Governo envolveram-se em práticas corruptas e sem transparências, com impunidade", refere o relatório, salientando que houve inúmero relatos de casos de corrupção durante o ano.

Um dos exemplos dados no relatório, é o alegado tráfico de droga e ajuda aos cartéis internacionais praticado por membro da administração militar e civil através do acesso ao país e às suas infraestruturas de transporte.

"António Indjai, ex-chefe das Forças Armadas, continua a circular livremente no país", refere-se no documento.

O Departamento de Estado norte-americano anunciou em agosto do ano passado uma recompensa de cinco milhões de dólares por informações que levem à detenção ou condenação de António Indjai, antigo chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau, por tráfico de droga.

O general António Indjai está desde maio de 2012, na sequência de um golpe de Estado ocorrido em abril do mesmo ano na Guiné-Bissau, sujeito a sanções impostas pelas Nações Unidas, que o impedem de viajar.

No relatório, o Departamento de Estado recorda que o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, se recusou a extraditar António Indjai.

O relatório lembra que o general António Indjai foi visto na tomada de posse do primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, juntamente com o chefe de Estado e outros líderes militares.

O Departamento de Estado recorda também o caso da detenção de um diretor dos serviços de migração e fronteiras por interferir numa operação contra o tráfico de droga no aeroporto Osvaldo Vieira, em Bissau, que continua em casa a aguardar julgamento.

"O Governo não processou nenhum funcionário em casos que envolvam tráfico de droga", salienta-se no relatório.

No relatório também se exemplifica a corrupção e impunidade com um caso relacionado com o tráfico de madeira, com a alegada cumplicidade de autoridades civis e militares, por uma empresa alegadamente relacionada com o primeiro-ministro guineense.

"Em dezembro de 2020, a Polícia Judiciária solicitou ao Ministério Público que questionasse o primeiro-ministro sobre a sua participação na exploração ilegal de madeira e venda de madeira. O ministro do Interior e o comandante da Guarda Nacional também estariam sob investigação. No final do ano, o Ministério Público não havia apresentado queixa", salienta-se no relatório norte-americano.

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