Acompanhamos aqui todos os desenvolvimentos sobre o reacender do conflito israelo-palestiniano, após a vaga de ataques do Hamas e a consequente retaliação das forças do Estado hebraico.
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Anas al-Shareef - Reuters
Dos 31 bebés prematuros retirados do hospital de al-Shifa em Gaza, 28 já chegaram ao Egito
Foto: Forças de Defesa de Israel via Reuters
Os túneis usados pelo Hamas na Faixa de Gaza há muito que são conhecidos mas a grande complexidade desta rede de caminhos subterrâneos é praticamente um enigma
Muitos dos 239 reféns nas mãos do Hamas podem ser libertados nos próximos dias graças à mediação do Catar.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou hoje que a situação hospitalar em Gaza é "catastrófica", com a maioria dos hospitais fora de funcionamento.
"Temos agora 1,7 milhões de pessoas deslocadas, por isso temos o dobro ou o triplo da população (no sul de Gaza), a utilizar um terço das camas hospitalares em menos de um terço dos hospitais disponíveis", disse o diretor executivo do Programa de Emergências Sanitárias da OMS, Michael Ryan, num `briefing` na sede da ONU em Nova Iorque, no qual participou por videoconferência a partir de Genebra.
"Mesmo que amanhã de manhã tivéssemos um cessar-fogo, ainda teríamos um enorme problema nas nossas mãos", acrescentou.
Ryan disse que os serviços de saúde na Faixa de Gaza já não são capazes de prestar cuidados a casos médicos mais complexos -- incluindo à maioria dos pacientes com cancro e em diálise renal -- e provavelmente ficarão sobrecarregados com cerca de 5.500 nascimentos esperados no próximo mês.
Os planos dos militares israelitas de avançar mais para sul, disse Ryan, piorariam ainda mais as condições de saúde.
"A situação hospitalar -- a situação do sistema de cuidados de saúde primários -- em Gaza é catastrófica e é a pior que se pode imaginar no norte", afirmou.
Ryan disse ainda que uma das consequências do sistema de saúde em colapso é que é "muito difícil" manter atualizados os números reais de vítimas, salientando que a grande maioria dos mortos são mulheres e crianças.
"E ainda há um grande número de pessoas desaparecidas, que pode incluir até 1.500 crianças", sublinhou.
Além dos ferimentos, alguns muito graves, a OMS relatou um grande número de pessoas amontoadas em refúgios, situação que gera riscos epidémicos.
As chuvas e a queda repentina das temperaturas irão ainda criar um problema de potencial pneumonia, especialmente entre crianças, alertou o funcionário da OMS.
Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) informaram hoje que a sua clínica na Cidade de Gaza foi atingida por tiros em "intensos combates" em torno da instalação, o que levou à demolição de um muro e que parte do prédio fosse envolvida pelas chamas.
A organização, que "pediu urgentemente o fim dos combates na zona", indicou na sua conta na plataforma X (antigo Twitter) que na manhã de domingo registaram-se "intensos combates" perto da clínica, onde também foi avistado um tanque israelita.
De acordo com a organização, dezenas de pessoas dentro da clínica estão "em extremo perigo", enquanto "mais de 50 pessoas, incluindo funcionários dos MSF, estão em edifícios próximos e há uma pessoa ferida que precisa de atenção médica", num momento em que várias viaturas da ONG "estavam em chamas".
Enquanto isso, a subsecretária-geral para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz das Nações Unidas (ONU), Rosemary DiCarlo, reuniu-se no domingo com o Presidente israelita, Isaac Herzog, e outros altos funcionários do Governo, inclusive do Ministério das Relações Exteriores, e encontrou-se com famílias de reféns detidos em Gaza.
A informação foi avançada pela própria ONU, que indicou que Rosemary DiCarlo manteve hoje novas reuniões com interlocutores israelitas e colegas das Nações Unidas no terreno.
Já na terça-feira, a subsecretária-geral viajará para Ramallah, uma cidade no centro da Cisjordânia, para se encontrar com interlocutores palestinianos.
Os encontros de DiCarlo com autoridades israelitas dão-se num momento de fortes tensões entre a ONU e Israel, com Telavive a rejeitar o posicionamento crítico das Nações Unidas face aos seus ataques em Gaza.
O Governo israelita chegou mesmo a pedir a demissão de António Guterres da liderança da ONU após o secretário-geral ter dito que os ataques do Hamas "não aconteceram do nada".
Israel anunciou hoje a retirada do seu embaixador na África do Sul, depois de Pretória ter chamado todos os diplomatas destacados em Israel e na véspera de uma cimeira virtual dos BRICS sobre a guerra em Gaza.
"Na sequência das últimas declarações sul-africanas, o embaixador israelita em Pretória foi chamado a Jerusalém para consultas", declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lior Haiat, na rede social X (antigo Twitter), sem especificar a natureza dessas declarações.
Os líderes do grupo de países emergentes BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), incluindo o Presidente russo, Vladimir Putin, vão reunir-se virtualmente na terça-feira para discutir "a situação em Gaza e no Médio Oriente".
Os BRICS defendem um equilíbrio mundial mais inclusivo, menos influenciado pelos Estados Unidos e pela União Europeia em particular.
Esta "reunião conjunta extraordinária" sobre Gaza será liderada pelo chefe de Estado sul-africano, Cyril Ramaphosa, presidente em exercício dos BRICS, anunciou a presidência sul-africana num comunicado de imprensa.
A África do Sul é um dos países mais críticos do bombardeamento maciço da Faixa de Gaza por Israel, em represália pelos ataques sangrentos do movimento islamita palestiniano Hamas, em 07 de outubro.
Em 06 de novembro, Pretória anunciou a decisão de chamar os seus diplomatas destacados em Israel para consultas, para "assinalar" a sua "preocupação".
"Como sabem, estamos extremamente preocupados com os contínuos assassínios de crianças e civis inocentes nos Territórios Palestinianos e acreditamos que a resposta de Israel se tornou um castigo coletivo", afirmou a ministra dos Negócios Estrangeiros sul-africana, Naledi Pandor.
Há muito que Pretória é um sólido apoiante da causa palestiniana, com o ANC, o partido no poder desde o advento da democracia no país, a estabelecer frequentemente paralelos com a sua própria luta histórica contra o regime de segregação racial `apartheid`.
No Porto, decorre uma ação de libertação de reféns, por parte do Hamas. É organizada por uma associação luso-israelita.
O Exército de Israel indicou hoje ter capturado na Faixa de Gaza "mais de 300 terroristas" aos quais extraiu informações importantes, como a localização de túneis e paióis e dados sobre as táticas do movimento islamita palestiniano Hamas.
"Até agora, capturámos mais de 300 membros das organizações terroristas, durante a operação terrestre [em Gaza], que foram levados para território israelita para mais interrogatórios. A informação que surge dos interrogatórios dos terroristas é muito valiosa, uma vez que conduz à eliminação de combatentes das milícias e à preservação da segurança das nossas forças", sustentou o porta-voz militar israelita num comunicado.
No texto, referiu também que, durante os interrogatórios, os combatentes capturados "forneceram a localização de túneis subterrâneos terroristas e depósitos de armamento, além de exporem os métodos de ataque do inimigo e os seus esforços para a infiltração da população civil".
O Exército israelita destacou igualmente que a informação obtida permitiu a identificação de mais de 300 novos alvos na Faixa de Gaza e a eliminação de outros 100.
Um alto responsável militar explicou hoje, numa videoconferência, que estes interrogatórios deram às tropas "muita informação de que antes não dispunham e novas formas de operar".
O responsável afirmou também que a ofensiva israelita causou um número elevado de baixas em muitos dos 24 batalhões em que, indicou, se divide o braço armado do Hamas e estimou que o número de combatentes mortos em Gaza desde o início da guerra, a 07 de outubro, deve ascender a "alguns milhares", mas não forneceu dados concretos.
Israel declarou a 07 de outubro guerra ao Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -, após um ataque do grupo islamita que incluiu o lançamento de `rockets` e a infiltração em território israelita de cerca de 3.000 combatentes, que massacraram cerca de 1.200 pessoas, feriram cerca de 5.000 e sequestraram mais de 200.
O Exército israelita contra-atacou imediatamente com as suas forças aéreas e navais e, desde finais de outubro, também com uma ofensiva terrestre, durante a qual morreram, até agora, 66 soldados.
Em 45 dias de guerra, a ofensiva israelita fez mais de 13.000 mortos na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, que estima contudo que, devido aos milhares que se encontram debaixo dos escombros, o número de vítimas mortais deve já ultrapassar 16.000.
A ele se somam dezenas de milhares de feridos e ainda, segundo a ONU, 1,7 milhões de deslocados -- mais de dois terços da população total daquele enclave palestiniano pobre, que enfrenta uma grave crise humanitária, devido à escassez de água, alimentos, eletricidade, medicamentos e combustível.
O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, apelou hoje ao alargamento do governo de emergência criado após os atentados de 07 de outubro pelo movimento islamita Hamas, de modo a incluir todos os partidos.
Smotrich afirmou que devem estar representados no executivo os políticos que se opõem ao Hamas, na Faixa de Gaza, e à Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), na Cisjordânia, e acusou o atual "gabinete de guerra" de "se agarrar a uma conceção de segurança que conduziu o país à situação em que se encontra".
O governante discursava no Knesset, Parlamento israelita, tendo sublinhado que o executivo deve "ouvir opiniões que até agora não foram ouvidas", incluindo as de políticos que "criticaram este conceito durante anos e que exigem a eliminação do Hamas e a conquista da Faixa de Gaza para acabar com a ameaça ao Estado de Israel".
Antes de iniciar a carreira política, Smotrich foi detido por "ativismo violento" em protesto contra a decisão do Governo, em 2005, de abandonar a Faixa de Gaza e implementar o plano de retirada.
Hoje, Smotrich salientou que, se fosse incluído no governo, se oporia à entrega de combustível à Faixa de Gaza. Tanto o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, como o líder da oposição israelita e membro do governo de emergência, Benny Gantz, mantiveram o silêncio sobre a questão.
A 11 de outubro, quatro dias após os ataques surpresa do Hamas, Netanyahu e o líder da oposição israelita, Benny Gantz, concordaram formar um governo de unidade nacional de emergência e um gabinete de guerra.
Gantz, antigo ministro da Defesa e chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, anunciou a formação de um "gabinete de gestão de guerra" com cinco membros.
Segundo o acordo, o Governo não aprova qualquer legislação ou decisão que não esteja relacionada com a guerra, enquanto os combates continuarem.
De fora ficaram os parceiros governamentais de Netanyahu, um conjunto de partidos de extrema-direita e ultraortodoxos, embora haja indicações que se limitarão a tratar dos assuntos correntes do Estado.
O acordo vigorará durante o período de guerra, decretado por Netanyahu no mesmo dia do ataque do Hamas, permitindo um certo grau de unidade após anos de divisões políticas.
Segundo o The Times of Israel, Smotrich afirmou hoje que "a decisão de deixar entrar o combustível é um grande erro".
"Espremer o Estado e as infraestruturas civis em Gaza leva a um fim mais rápido da guerra", defendeu.
"Penso que a forma de vencer é acabar com o Estado do Hamas em Gaza e, para isso, é preciso desmantelar o sistema e impedir que tudo o que possa ajudar o Hamas a continuar a lutar e a prejudicar os nossos soldados e civis chegue ao Hamas", afirmou.
A 07 de outubro, combatentes do Hamas -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de dimensões sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, cerca de 5.000 feridos e mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 45.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 13.000 mortos, na maioria civis, e mais de 30.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU.
As autoridades da Faixa de Gaza denunciaram hoje que a população enfrenta "fome e doenças" devido à escassez de alimentos e bens essenciais, exigindo a "abertura permanente" da passagem fronteiriça de Rafah, para facilitar a entrada de ajuda.
"O surgimento de fome na Faixa de Gaza, em consequência da grave escassez de alimentos e de bens de primeira necessidade, confirma que a comunidade internacional, liderada pelos Estados Unidos, está a urdir um malicioso plano destinado a esvaziar a Faixa de Gaza e a deslocar a sua população para o Egito, o que é rejeitado pelo nosso povo", indicou o gabinete de imprensa do Governo palestiniano do movimento islamita Hamas, numa mensagem na plataforma digital Telegram.
"Consideramos a comunidade internacional e a ocupação israelita totalmente responsáveis pela degradação da situação humanitária e pela falta de alimentos nos mercados e lojas da Faixa de Gaza, uma vez que concordaram com a aplicação de uma política de fome contra o povo palestiniano", afirmaram as autoridades do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).
Emitiram, por isso, um apelo aos países árabes da região para "que assumam as suas responsabilidades e abram permanentemente o posto [de Rafah, na fronteira com o Egito] antes que ocorra uma verdadeira catástrofe humanitária".
"De dia para dia, a situação humanitária piora e deteriora-se de uma maneira sem precedentes. A situação no terreno está a tornar-se mais desastrosa e pior que qualquer coisa que a Faixa de Gaza tenha antes vivido (...) As lojas têm falta de alimentos básicos como farinha, óleo e arroz", lamentaram.
Cerca de 2,4 milhões de pessoas enfrentam esta situação, à medida que aumenta o número de deslocados internamente, o que gera uma "procura crescente de produtos básicos", desencadeando "o surgimento de fome e a propagação de doenças e epidemias", sustentou o executivo de Gaza.
Além disso, a difícil situação humanitária na Faixa de Gaza "esgotou claramente todos os recursos dos hospitais e de todo o pessoal governamental e não-governamental que continuamente trabalha no terreno, ao que se somam o frio e as chuvas", refere ainda o texto.
A 07 de outubro, combatentes do Hamas -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de dimensões sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, cerca de 5.000 feridos e mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 45.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 13.000 mortos, na maioria civis, e mais de 30.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU.
A Amnistia Internacional (AI) pediu hoje que sejam investigados como alegados crimes de guerra dois bombardeamentos por Israel em Gaza nos quais morreram 46 civis, 20 dos quais menores.
Os ataques israelitas de 19 e 20 de outubro atingiram a igreja ortodoxa grega de São Porfírio, onde cerca de 450 cristãos deslocados se refugiavam na cidade de Gaza, e uma casa num campo de refugiados de Nuseirat, no centro do enclave palestiniano.
Na lista de mortos nestes dois atentados - que a AI diz terem sido "ataques indiscriminados ou ataques diretos contra civis" -- inclui-se um bebé de três meses como a vítima mais jovem e uma mulher de 80 anos.
A AI analisou imagens de satélite e material audiovisual para verificar e localizar geograficamente a localização precisa dos ataques, tendo entrevistado ainda nove sobreviventes, duas testemunhas, um familiar das vítimas e dois líderes religiosos.
A organização não governamental recordou que o Exército israelita apagou um vídeo em que afirmava que a Igreja Ortodoxa tinha um centro de comando e controlo do grupo islamita Hamas, no qual não apresentava provas das suas afirmações.
"Os responsáveis pela igreja declararam publicamente que centenas de civis estavam ali refugiados antes do ataque, pelo que as Forças Armadas deveriam saber da sua presença. A decisão (...) de avançar com um ataque contra um local religioso conhecido e o local onde havia civis deslocados foi imprudente e, portanto, constitui um crime de guerra", argumenta a AI.
A diretora do departamento de Investigação, Advocacia e Política Global da AI, Erika Guevara Rosas, garantiu que estes ataques "mortais e ilegítimos" provam "os efeitos devastadores da ofensiva sem precedentes de Israel" contra o enclave palestiniano.
Por isso, a organização instou o Tribunal Penal Internacional (TPI) a tomar "medidas imediatas concretas" para promover a investigação sobre possíveis crimes de guerra nos territórios palestinianos.
"A Amnistia Internacional não encontrou qualquer indicação de que houvesse alvos militares nos locais onde ocorreram os dois ataques, nem de que as pessoas nos edifícios fossem alvos militares, levantando preocupações de que estes ataques tenham sido ataques diretos contra civis ou contra propriedade civil", pode ler-se num comunicado hoje divulgado pela AI.
O movimento islamita Hamas lançou, em 07 de outubro, um ataque surpresa contra Israel, com milhares de foguetes e homens armados, fazendo mais de 1.200 mortos e 240 reféns.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e é classificado como terrorista pela UE e pelos Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo em Gaza e impondo um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
A ONU indicou que mais de dois terços dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza foram deslocados pela guerra, tendo a maior parte fugido para sul.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, rejeitou hoje que Gaza se torne "protetorado da ONU" depois da guerra, defendendo em alternativa uma "transição" envolvendo múltiplos atores, nomeadamente os Estados Unidos e os países árabes.
"É importante poder transformar esta tragédia em oportunidade e, para que isso seja possível, é essencial que depois da guerra avancemos de forma decisiva e irreversível em direção a uma solução de dois Estados", disse António Guterres à imprensa na sede da ONU.
Isto requer que "a responsabilidade por Gaza seja assumida por uma Autoridade Palestiniana fortalecida", mas esta "não pode ir para Gaza com os tanques israelitas", pelo que "a comunidade internacional deve considerar um período de transição", adiantou.
"Não creio que um protetorado da ONU em Gaza seja uma solução. Penso que precisamos de uma abordagem multilateral, onde diferentes países, diferentes entidades, irão cooperar", disse Guterres.
Guterres mencionou entre estes atores os Estados Unidos, "fiadores" da segurança de Israel, e os países árabes da região, "essenciais" para os palestinianos.
"Todos devem unir-se para criar as condições para uma transição", afirmou.
Guterres também denunciou, mais uma vez, "violações do direito humanitário internacional e violações da proteção de civis em Gaza".
O secretário-geral frisou que o assassínio de crianças na Faixa de Gaza na guerra entre Israel e o Hamas "não tem precedentes" em nenhum outro conflito desde que assumiu a liderança das Nações Unidas.
Guterres respondia a uma pergunta da imprensa sobre se os ataques de fim de semana a duas escolas da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA) constituem crimes de guerra.
O ex-primeiro-ministro português disse que não é da sua responsabilidade fazer esse tipo de avaliação, mas que, olhando apenas para o número de menores mortos durante as hostilidades, as crianças em Gaza morrem a um ritmo superior a qualquer outro conflito.
Guterres apontou para os relatórios da ONU sobre crianças mortas em conflitos ao longo de um ano, que teve de apresentar em diversas ocasiões, e disse que, até agora, o número mais elevado correspondia ao Afeganistão, onde mais de 900 crianças morreram em 2018.
"Sem entrar em discussões sobre a precisão dos números publicados pelas autoridades `de facto` em Gaza, o que fica claro é que em poucas semanas tivemos milhares de crianças" mortas, disse o secretário-geral.
O grupo islamita do Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela UE e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios.
Os enviados especiais da RTP a Israel, Paulo Jerónimo e José Pinto Dias, estão a seguir as movimentações das Forças de Defesa de Israel na contraofensiva sobre a Faixa de Gaza.
Foto: Ahmed El Mokhallalati - Reuters
Israel diz ter novas provas de que o Hamas usava o Hospital Al-Shifa como base militar e local para manter reféns sequestrados a 7 de outubro.
מוצב צה״ל בצפון שנפגע מירי רקטה של חיזבאללה הבוקר.
— Fadi Amun | فادي أمون | פאדי אמון (@FadiAmun) November 20, 2023
*הסרטונים עברו אישור הצנזורה.
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🔴🚑 الزميل محمد أبو مصبح من أمام معبر رفح يحدثنا عن عملية إجلاء ال ٢٨ طفلاً من الأطفال الخدج، إلى المشافي المصرية.#غزة #Gaza pic.twitter.com/MTxKpIY5mo
— PRCS (@PalestineRCS) November 20, 2023
O número de deslocados internos na Faixa de Gaza aumentou para 1,7 milhões indica o relatório diário das Nações Unidas sobre a guerra que começou no passado dia 07 de outubro.
A população de Gaza é constituída por 2,2 milhões de pessoas.
De acordo com a Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) o número de pessoas que se encontram albergadas nas instalações da organização ultrapassa as 900 mil, em condições cada vez mais precárias.
O Gabinete para a Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU, que elabora os relatórios diários sobre Gaza, sublinha que a falta de condições está a provocar o aumento das doenças respiratórias agudas, que já afetam 77 mil pessoas, e diarreias.
Nas últimas 24 horas, segundo o mesmo relatório, os combates entre as forças israelitas e palestinianas na cidade de Gaza prosseguem assim como em outras zonas do norte do território.
No domingo, funcionários da Organização Mundial de Saúde e do Crescente Vermelho Palestiniano conseguiram retirar 31 bebés prematuros do hospital Al Shifa, um dos pontos dos combates, mas cinco outros morreram nos dias anteriores devido a cortes de energia nas instalações.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, há ainda 259 pacientes no hospital, que o Exército israelita diz esconder um dos centros operacionais do Hamas em Gaza, que foi alvo de fortes ataques na última semana e está agora a ser alvo da ação dos soldados de Israel.
O relatório sublinha igualmente que o último dia foi um dos mais graves para os jornalistas que cobrem o conflito, com quatro repórteres mortos, elevando o número total de jornalistas mortos para 48 (43 palestinianos, quatro israelitas e um jornalista libanês).
A ONU indicou também que conseguiu fazer uma contagem preliminar das pessoas mortas no ataque de sábado à escola Al Fakhuri em Jabalia (norte de Gaza), uma instalação da UNRWA que abrigava sete mil pessoas deslocadas internamente: pelo menos 24 pessoas foram mortas na zona.
O Ministério da Saúde de Gaza não atualizou os números relativos às vítimas do conflito desde 11 de novembro, devido à falta de comunicação com os hospitais do norte da faixa sitiada, pelo que os números se mantêm inalterados: 11.078 mortos (4.506 dos quais crianças) e 27.490 feridos.
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE) instou hoje a aplicação da resolução das Nações Unidas que pede "pausas humanitárias urgentes e a criação de corredores humanitários alargados" na Faixa de Gaza, condenado o bombardeamento de escolas.
"A Resolução 2712 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que apela a pausas humanitárias urgentes e à criação de corredores humanitários alargados, deve ser aplicada imediatamente", defendeu hoje o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell.
Numa publicação na rede social X (anterior Twitter), o chefe da diplomacia comunitária revela-se "profundamente chocado com o facto de duas escolas da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina terem sido atingidas em menos de 24 horas em Gaza".
Hoje mesmo, os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE realizarão uma reunião por videoconferência para debater a situação em Israel, na Faixa de Gaza e na região, após Josep Borrell ter visitado o Médio Oriente e o Golfo.
A posição hoje divulgada surge depois de, no domingo, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também se ter manifestado "chocado" com o bombardeamento, em menos de 24 horas, de duas escolas administradas pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina na Faixa de Gaza.
Segundo dados divulgados pelo Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU, mais de meia centena de pessoas foram mortas num dos ataques na escola Tal Az Zaatar, em Beit Lahia, perto da fronteira com Israel, no extremo norte da Faixa.
A agência recordou que entre 07 de outubro, dia em que começaram as hostilidades entre Israel e o grupo islamita Hamas, e 16 de novembro, pelo menos 71 deslocados internos foram mortos e 573 feridos em ataques a abrigos das Nações Unidas em toda a Faixa de Gaza.
Segundo a imprensa internacional, Israel e o Hamas estão perto de chegar a um acordo de troca de prisioneiros, segundo o qual o grupo palestiniano libertaria mulheres e crianças israelitas em troca de o Estado judeu fazer o mesmo com as mulheres e crianças palestinianas detidas nas prisões israelitas.
Este acordo poderia entrar em vigor nos próximos dias, permitindo a primeira pausa sustentada na ofensiva israelita no enclave desde o início da guerra.
O acordo também facilitaria a entrada de ajuda humanitária através da passagem de Rafah, na fronteira entre o Egito e Gaza.
O grupo islamita do Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela UE e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios.
O Governo do Japão disse hoje que falou diretamente com o grupo rebelde iemenita Houthis para tentar a libertação de um navio comercial operado por um armador japonês, apreendido no Mar Vermelho no domingo.
"Estamos em contacto com Israel e, além de falar diretamente com os Houthis, instámos a Arábia Saudita, Omã, o Irão e outros países relevantes a exigir dos Houthis que o barco e os tripulantes sejam imediatamente libertados", disse a ministra dos Negócios Estrangeiros do Japão, Yoko Kamikawa.
No domingo, os rebeldes Houthis anunciaram ter apreendido e assumido o controlo de um navio comercial propriedade de um empresário israelita, em retaliação pela ofensiva de Israel contra Gaza, na sequência dos ataques de 07 de outubro do movimento islamita palestiniano Hamas.
De acordo com a empresa de segurança marítima Ambrey e o portal especializado em transporte marítimo TradeWinds, o cargueiro pertence à Ray Car Carriers, uma empresa britânica controlada pelo empresário israelita Abraham Rami Ungar.
Também hoje, o porta-voz do Governo japonês, Hirokazu Matsuno, condenou "de forma veemente" a apreensão do navio de transporte de automóveis Galaxy Leader, operado pela Nippon Yusen, ao largo da costa do Iémen.
De acordo com o Ministério dos Transportes japonês, não estava nenhum cidadão japonês a bordo.
Uma fonte marítima do Porto de Hodeida, controlado pelos rebeldes Houthis, disse que o grupo "apreendeu um navio comercial levando-o para o porto de Al-Salif, em Hodeida".
Esta informação surge depois de o grupo rebelde iemenita ter avisado que vai atacar todos os navios que sejam propriedade ou operados por empresas israelitas ou com bandeira israelita no Mar Vermelho.
O exército israelita negou que se tratasse de um navio israelita.
"O navio saiu da Turquia com destino à Índia, com civis de várias nacionalidades a bordo, mas nenhum israelita. Não é um navio israelita", sublinhou o exército.
Os Houthis, que controlam a capital do Iémen, Saná, fazem "parte do eixo de resistência" contra Israel, que inclui grupos apoiados pelo Irão como o Hamas palestiniano e o Hezbollah libanês.
O gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, condenou "veementemente o ataque iraniano a um navio internacional".
"O navio, que pertence a uma empresa britânica e é operado por uma empresa japonesa, foi sequestrado sob a direção do Irão pela milícia Houthi iemenita", referiu, em comunicado.
Os Houthis efetuaram também vários lançamentos de mísseis e drones em território israelita para defender "o direito do povo palestiniano à autodefesa".
Israel lançou a ofensiva contra o enclave na sequência dos ataques do Hamas, em 7 de outubro, que causaram cerca de 1.200 mortos e 240 reféns.
As autoridades da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, referiram que mais de 13.000 pessoas foram mortas pelas forças de segurança israelitas.
Foto: OMS via Reuters
É uma situação de desespero: 31 bebés em estado critico foram transferidos do Hospital Al-Shifa para Rafah, no sul de Gaza. Oito prematuros não sobreviveram. A transferência resulta da ordem de evacuação ao hospital dada por Israel. A Organização Mundial da Saúde diz que aquela é uma zona de morte.
Foto: Mohammed Saber - EPA
A declaração foi feita pelo primeiro-ministro do Catar, numa altura em que cresce a pressão da comunidade internacional sobre Israel para um cessar-fogo humanitário imediato.
Os enviados especiais José Pinto Dias e Paulo Jerónimo dão-nos a partir de Israel mais pormenores sobre o eventual acordo para a libertação de alguns dos reféns israelitas.
A Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) questionou domingo a versão de Israel sobre o ataque do grupo islamita Hamas em 7 de outubro, após uma investigação jornalística indicar que a Força Aérea israelita matou pessoas em território israelita por erro.
"Segundo os 'media' israelitas, a investigação preliminar da polícia israelita demonstrou que helicópteros israelitas bombardearam em 7 de outubro civis israelitas que participaram no festival de música, o que significa que os aviões de combate israelitas causaram uma grande destruição na região", indica um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da ANP.
"Em consequência, o ministério considera que o resultado desta investigação suscita dúvidas sobre os relatos israelitas sobre a destruição e as matanças que se produziram nessa zona, especialmente no que respeita às fotografias e vídeos que refletem a destruição e os incêndios que se produziram em muitas habitações como resultado deste bombardeamento", acrescentou.
Segundo a versão israelita, o grupo islamista Hamas - no poder desde 2006 na Faixa de Gaza - atacou Israel em 7 de outubro com o lançamento de centenas de lança-foguetes e 3.000 combatentes que massacraram 1.200 pessoas e sequestraram outras 240 nas localidades próximas da Faixa de Gaza.
Nesse dia celebrava-se o festival de música Nova próximo do "kibbutz" Reim, situado a cerca de cinco quilómetros da Faixa de Gaza, onde, segundo as últimas estimativas da polícia israelita, o Hamas terá morto 364 pessoas, no incidente mais grave nesse dia.Versão contraditória
Ontem (domingo), o diário israelita Haaretz publicou uma investigação na qual, citando fontes oficiais, revelou que o Hamas não tinha conhecimento prévio do festival de música e "decidiu atacar espontaneamente".
Fonte oficial próxima da investigação também revelou ao diário que um helicóptero de combate do Exército israelita que se deslocou a Reim matou por acidente vários jovens quando disparou contra milicianos do Hamas.
De acordo com o relatório citado pelo Haaretz, as forças israelitas "tiveram dificuldade em identificar os milicianos do Hamas" e os pilotos "utilizaram artilharia" que atingiu civis.
"Os terroristas do Hamas receberam ordens para se misturarem lentamente na multidão e para não se mexerem em circunstância alguma", refere o relatório.
"Assim, tentaram enganar a Força aérea, fazendo crer que os que estavam em baixo eram israelitas. Este engano funcionou durante algum tempo, até que os helicópteros Apache foram libertados de todas as restrições. Os pilotos tiveram dificuldade em distinguir quem era terrorista e quem era israelita", continua.
O documento explica que "quando se aperceberam do facto, alguns decidiram utilizar munições de artilharia contra os terroristas, sem autorização dos seus superiores".
Porta-vozes do grupo islamita disseram hoje em conferência de imprensa em Beirute que "os helicópteros Apache foram os que bombardearam os participantes no concerto. Os corpos calcinados foram resultado dos mísseis e um avião sionista".O apelo dos palestinianos
Após o ataque de 7 de outubro Israel desencadeou um ataque por terra, mar e ar contra a Faixa de Gaza, provocando mais e 13.000 mortos, dezenas de milhares de feridos e mais de 1,7 milhões de deslocados, originando uma severa crise humanitária.
Desde então, o governo de Israel organiza visitas com a imprensa local e internacional, incluindo com altos responsáveis de diversos países, em muitas das localidades israelitas perto da Faixa de Gaza que foram atacadas pelo Hamas, assegurando que os cadáveres, as casas calcinadas e os veículos destruídos foram resultado do ataque do grupo palestiniano.
A ANP, que governa áreas reduzidas da Cisjordânia ocupada, emitiu agora um apelo a "todos os 'media', funcionários da ONU e líderes de outros países para darem seguimento" às revelações do Haaretz e a "rever as suas posições atendendo a estas revelações".
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, qualificou de "absolutamente absurda" a posição da ANP, assegurando que "nega ter sido o Hamas quem efetuou o horrível massacre no festival" de música e que inclusive "acusa Israel de ter efetuado esse massacre".
"O meu objetivo é que após termos destruído o Hamas, qualquer futura administração civil em Gaza não negue o massacre, não eduque os seus filhos para que se convertam em terroristas, que não pague aos terroristas e não lhes diga que o objetivo final na vida é assistir à destruição e dissolução do Estado de Israel", acrescentou em comunicado emitido pelo seu gabinete.
O governo de coligação liderado por Netanyahu, que integra ultraortodoxos e ultranacionalistas anti árabes, fomenta a ocupação e colonização da Cisjordânia ocupada, apesar a oposição das instâncias internacionais, que defende uma solução e dois Estados como solução para o prolongado conflito israelo-palestiniano.
Na passada quinta-feira, o ministro da Segurança Nacional de Israel, o extremista e colono anti árabe Itmar Ben Gvir, disse que o seu país deve tratar a ANP da mesma forma que trata o Hamas em Gaza.