Acompanhamos aqui todos os desenvolvimentos sobre o reacender do conflito israelo-palestiniano, após a vaga de ataques do Hamas e a consequente retaliação das forças do Estado hebraico.
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Ibraheem Abu Mustafa - Reuters
A União Europeia (UE) vai organizar uma conferência para a paz no Médio Oriente "a realizar-se em breve", anunciou hoje o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, no final do primeiro dia de cimeira.
"Conversámos muito sobre o nosso compromisso de uma solução de dois Estados. Durante a reunião decidimos acordar o desejo europeu de organizar uma conferência europeia da paz, a realizar-se em breve [...], queremos reafirmar a nossa unidade para enviar uma mensagem aos nossos cidadãos e ao resto do mundo, baseada nos nossos valores, nos tratados e valores fundamentais", disse Charles Michel, em conferência de imprensa conjunta com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Bruxelas.
O presidente do Conselho acrescentou que os 27 concordaram na necessidade de "combater a islamofobia e qualquer tipo de discriminação".
Em simultâneo, os chefes de Estado e de Governo analisaram como podem "reagir e agir nas próximas semanas", sobretudo em "termos humanitários": "Pode ser comida, pode ser eletricidade, medicamentos, estamos comprometidos com isso".
A proposta foi apresentada na quinta-feira aos líderes europeus pelo Governo espanhol, interinamente liderado por Pedro Sánchez, que propôs a organização de uma conferência que permita encontrar uma solução para resolver o conflito com mais de sete décadas, baseada na solução dos dois Estados (Palestina e Israel), defendida pela UE.
Charles Michel acrescentou que os líderes reafirmaram a "forte condenação" do ataque perpetrado pelo movimento islamita Hamas no dia 07 de outubro, e o direito de Israel à sua defesa e em acabar com as capacidades militares do Hamas, mas tendo sempre em conta a lei humanitária internacional, que obriga à tentativa de preservação de civis apanhados no meio do conflito.
A presidente da Comissão Europeia acusou hoje o grupo islamita Hamas de ter provocado uma crise humanitária em Gaza, pelo ataque a Israel, prometendo ajuda da União Europeia (UE), que tem de chegar "sem entraves e rapidamente".
"O Hamas provocou uma crise humanitária em Gaza e, para a Comissão [Europeia], é muito importante que continuemos a intensificar os nossos esforços para lidar com a crise humanitária em Gaza", defendeu Ursula von der Leyen.
Para a líder do executivo comunitário, "a ajuda tem de chegar a Gaza sem entraves e rapidamente".
"As 56 toneladas de ajuda que os nossos dois primeiros voos humanitários trouxeram para o Egito ainda não foram entregues em conjunto e isto é importante, mas é claro que é necessário mais. Os nossos dois próximos voos estão agendados para hoje, sexta-feira, e estão previstos mais voos nos próximos dias e, além disso, estamos a avançar rapidamente na implementação dos 50 milhões de euros adicionais [para 75 milhões] de ajuda humanitária suplementar para Gaza", elencou Ursula von der Leyen.
A posição surge depois de, na quinta-feira, os chefes de Governo e de Estado da UE terem acordado apelar a "pausas para fins humanitários" de forma a permitir a passagem de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, após divergências sobre a terminologia.
"Tivemos uma longa, boa e intensa discussão sobre a situação no Médio Oriente. A posição geral foi muito clara: Israel é uma democracia atacada pelo Hamas, que é uma organização terrorista, Israel tem o direito de autodefesa em conformidade com o direito internacional e o direito humanitário internacional e [...] deve haver a libertação imediata de todos os reféns por parte do Hamas, sem quaisquer condições prévias", exortou Ursula von der Leyen.
"Ficou claro que, através das suas atividades terroristas, o Hamas também está a prejudicar o povo palestiniano", concluiu a responsável.
Os líderes da UE reuniram-se na quinta-feira para debater as tensões no Médio Oriente, visando assegurar ajuda humanitária e o apoio a negociações sobre uma solução de dois Estados, numa altura de acesos bombardeamentos de Telavive contra a Faixa de Gaza, que se seguiram ao ataque do grupo islamita Hamas a 07 de outubro.
A embaixadora, que já foi membro permanente de Portugal nas Nações Unidas, acompanhou de perto o processo de paz no Médio Oriente, concorda com a posição de António Guterres
O primeiro-ministro salientou hoje que o Conselho Europeu chegou a acordo sobre a "importância de criar condições de acesso humanitário" para a Faixa de Gaza, com corredores e "pausas humanitárias", depois de divergências sobre a terminologia.
"Concordámos que Israel tem o direito de se defender em linha com o direito humanitário internacional. Houve acordo sobre a importância de criar condições de acesso humanitário a Gaza, através de corredores e pausas humanitárias", escreveu António Costa na rede social X (antigo Twitter) ao final da noite de hoje.
O primeiro-ministro português acrescentou que os líderes europeus apoiam "a necessidade de proteger todos os civis e de prosseguir iniciativas diplomáticas" na região.
Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) acordaram hoje apelar a "pausas para fins humanitários" de forma a permitir a passagem de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, após divergências sobre a terminologia.
"O Conselho Europeu manifesta a sua profunda preocupação com a deterioração da situação humanitária em Gaza e apela a um acesso humanitário contínuo, rápido, seguro e sem entraves, e a que a ajuda chegue aos necessitados através de todas as medidas necessárias, incluindo corredores humanitários e pausas para fins humanitários", referem as conclusões da cimeira europeia, acordadas pelos líderes da UE.
Esta formulação de "pausas para fins humanitários", acordada entre os 27 após cerca de seis horas de discussões no Conselho Europeu que hoje começou em Bruxelas e que decorre até sexta-feira, surge depois de a versão anterior do projeto de conclusões conter a expressão "pausa humanitária", sem nunca ter estado previsto um apelo a "cessar-fogo".
O apelo para pausa humanitária em Gaza mereceu consenso entre os líderes dos Estados-membros, mas Portugal, por exemplo, já tinha admitido que preferia uma posição da UE a defender um cessar-fogo humanitário, não aceite por países como a Alemanha, revelaram fontes europeias.
Aliás, por exigência da Alemanha, acrescentou-se "fins humanitários", adiantaram as mesmas fontes.
"A União Europeia trabalhará em estreita colaboração com os parceiros da região para proteger os civis, prestar assistência e facilitar o acesso a alimentos, água, cuidados médicos, combustível e abrigos, assegurando que essa assistência não seja utilizada abusivamente por organizações terroristas", indicam ainda as conclusões.
EPA
Em Bruxelas, o Conselho Europeu aprovou as conclusões sobre o Médio Oriente.
O exército de Israel entrou pela primeira vez no território da Faixa de Gaza desde que anunciou uma incursão terrestre para eliminar o Hamas. Passadas quase três semanas desde o ataque de 7 de outubro, os israelitas mostraram um primeiro sinal de força e que este tipo de ações vão intensificar-se nos próximos dias.
Israel diz que esta guerra pode acabar já se o Hamas se render e libertar os reféns. Já o Irão ameaça que a guerra pode vir a estender-se a toda a região. Afirmações na sessão de emergência da Assembleia Geral da ONU.
Nesta altura nenhum lugar dentro da Faixa de Gaza é seguro. O alerta é das Nações Unidas que voltou a avisar que a situação humanitária é dramática e está a agravar-se.
Israel efetuou a primeira incursão com forças combinadas no interior da Faixa de Gaza. Uma espécie de ensaio antes da grande ofensiva terrestre. Foram 250 ataques contra alvos do Hamas em 24 horas. O movimento radical palestiniano respondeu com dezenas de ataques a posições israelitas.
Fotos: Camila Vidal/Antena 1
A vigília organizada pelo Coletivo pela Libertação da Palestina, em frente à Assembleia da República, reuniu mais de duas centenas de pessoas.
Os vice-ministros dos Negócios Estrangeiros russo, Mikhail Bogdanov, e iraniano, Ali Bagheri Kani, apelaram hoje em Moscovo para o fim das ações militares na Faixa de Gaza.
"Sublinhou-se a necessidade do fim das ações militares na Faixa de Gaza e em seu redor e o fornecimento urgente de ajuda humanitária à população palestiniana afetada", indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo num comunicado.
Moscovo e Teerão acordaram "continuar a trabalhar em estreita cooperação no sentido da estabilização da situação no Médio Oriente", tendo em conta "a escalada sem precedentes do conflito israelo-palestiniano na zona".
Kani também abordou na capital russa o programa nuclear do Irão e as obrigações do país nos termos da resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU, tendo em conta que os Estados Unidos, a União Europeia e o Reino Unido violaram, segundo Teerão, os seus compromissos (de não prolongar as sanções além de 18 de outubro deste ano).
A sua visita coincidiu com a chegada a Moscovo de uma delegação do braço político do Hamas, movimento islamita palestiniano próximo do Irão e que o Kremlin (Presidência russa) não considera uma organização terrorista (ao contrário do que acontece com os Estados Unidos, a União Europeia e Israel, entre outros).
A Rússia exigiu ao Hamas que liberte "imediatamente" os estrangeiros sequestrados em Israel a 07 de outubro e mantidos desde então em cativeiro na Faixa de Gaza e também discutiu com o grupo islamita "a retirada dos russos e de outros cidadãos estrangeiros do território daquele enclave palestiniano", indicou o MNE russo.
Moscovo confirmou igualmente a sua "posição inalterada" em favor da aplicação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU sobre a criação de "um Estado soberano palestiniano nas fronteiras de 1967, com capital em Jerusalém Oriental e coexistindo em paz e segurança com Israel".
Por sua vez, na sua declaração, o Hamas salientou que, durante as conversações mantidas com Bogdanov, foram discutidas formas para pôr fim "aos crimes de Israel apoiados pelo Ocidente".
Combatentes do Hamas atacaram a 07 de outubro o sul de Israel em várias frentes a partir da Faixa de Gaza, matando mais de 1.400 pessoas, na maioria civis, ferindo cerca de 5.000 e capturando 224, mantidas em cativeiro em Gaza e 50 das quais entretanto mortas -- segundo o Hamas, pelos bombardeamentos israelitas --, ao passo que quatro foram libertadas nos últimos dias: dois cidadãos norte-americanos e dois israelitas.
Tratou-se de uma ofensiva por terra, mar e ar apoiada pelo grupo xiita libanês Hezbollah e pelo ramo palestiniano da Jihad Islâmica.
Em retaliação a esse ataque, Israel tem bombardeado diariamente a Faixa de Gaza, território palestiniano desde 2007 controlado pelo Hamas, e fez, até agora, pelo menos 7.028 mortos e 18.484 feridos, segundo dados do Ministério da Saúde local.
Há pelo menos 200 cidadãos britânicos na Faixa de Gaza. Todas contactaram as autoridades britânicas. O Governo enviou para o Egito uma equipa de polícia de fronteira para que, mal possa ser possível entrar, possa resgatar estas pessoas.
A Assembleia Geral da ONU reuniu-se hoje de emergência para abordar a situação em Gaza, com a Palestina a lamentar a falta de empatia da comunidade internacional pelos palestinianos mortos nos bombardeamentos israelitas, e Israel a criticar as Nações Unidas.
Face ao impasse contínuo no Conselho de Segurança da ONU sobre o assunto e à situação cada vez mais grave no enclave, vários Estados-membros, liderados pela Jordânia, recorreram à Assembleia Geral da ONU para uma sessão especial de emergência para abordar as "ações ilegais israelitas em Jerusalém Oriental ocupado e no resto do Território Palestiniano Ocupado".
"Estamos aqui reunidos enquanto os palestinianos em Gaza estão sob bombardeamentos, enquanto famílias estão a ser mortas, enquanto os hospitais estão paralisados, enquanto bairros estão a ser destruídos, enquanto as pessoas fogem sem nenhum lugar seguro para ir", disse o diplomata palestiniano Riyad Mansour, o primeiro a discursar numa sessão que conta com mais de 110 Estados-membros inscritos, incluindo Portugal.
"Não há tempo para lamentar", afirmou o representante palestiniano da ONU, em lágrimas, apontando para o aumento do número de mortos.
O diplomata lamentou então a falta de empatia e de indignação da comunidade internacional face às vidas palestinianas perdidas, em comparação com a comoção gerada pelo ataque do grupo islamita Hamas contra cidadãos israelitas.
"Porque é que alguns sentem tanta dor pelos israelitas e tão pouca dor por nós, os palestinianos? Qual é o problema? Temos a cor de pele errada? A nacionalidade errada? A origem errada?", questionou, num discurso emocionado.
Riyad Mansour lembrou os comentários recentes de Israel no Conselho de Segurança da ONU sobre como o seu povo está a sofrer, frisando que o povo palestiniano também está em sofrimento.
"Israel acredita que as leis da humanidade e de toda a ordem baseada no direito internacional aplicam-se a outros, mas não a Israel, que protege as vidas israelitas e permite o assassínio de palestinianos", reforçou.
Citando relatos de vítimas no terreno, Mansour disse que a ajuda humanitária é extremamente necessária.
Há 1.000 palestinos mortos todos os dias, acrescentou o diplomata, observando que nada pode justificar crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
"Porque não sentir uma sensação de urgência para acabar com a matança?", questionou novamente. "Estão a fazer-nos retroceder 80 anos ao tentar justificar o que Israel está a fazer agora", disse.
"Desta vez, é demais. (...) O único caminho a seguir é a justiça para o povo palestino", disse ele", afirmou.
Nesse sentido, Mansour apelou aos Estados-membros presentes na Assembleia Geral para votarem a favor de um projeto de resolução que irá a votos na sexta-feira, que pede um cessar-fogo imediato, exige que Israel rescinda a ordem para que os habitantes de Gaza se desloquem para o sul, e pede um acesso humanitário à Faixa de Gaza sem entraves.
"Votem para acabar com a matança, votem para acabar com esta loucura", pediu.
A seguir a Mansour, o representante permanente de Israel na ONU, Gilad Erdan, defendeu que o massacre de 07 de outubro, perpetrado pelo Hamas, e a resposta que se seguiu "não tem nada" a ver com os palestinianos, o conflito árabe-israelita ou a questão palestiniana.
Nesse sentido, Erdan criticou a sessão de hoje e a resolução que irá a votos por não se focar nas atrocidades cometidas pelo Hamas.
"Escreveram esta resolução, (...) e assumem que vocês já se esqueceram quem foram os responsáveis por esta violência desumana, e esperam que vocês a apoiem automaticamente", disse, apelando a que a resolução seja rejeitada.
O diplomata israelita estendeu posteriormente as suas críticas às Nações Unidas, considerando-a "avariada" e "moralmente corrompida" por permitir que esta resolução vá a votos, assim como por permitir que países como o Irão discursem na sessão.
"Esta sessão mostra que este órgão está a perder a sua relevância e legitimidade. Estamos a assistir a uma profanação do que esta Organização deveria ser", afirmou.
O embaixador exibiu ainda imagens chocantes de israelitas assassinados e fez um minuto de silêncio pelas vítimas.
O governador do estado da Florida, EUA, Ron DeSantis, anunciou hoje o envio de `drones`, armas e munições para Israel, quando este país se prepara para uma incursão em Gaza em resposta ao ataque do Hamas.
A Florida enviou aviões de carga com suprimentos de saúde, `drones`, coletes à prova de balas e capacetes, informou Jeremy Redfern, porta-voz do gabinete do governador estadual.
A Casa Branca ainda não esclareceu se esta ajuda foi coordenada com o Governo federal dos Estados Unidos.
O governador DeSantis tem frequentemente usado os seus poderes oficiais para tomar medidas que ajudem os seus objetivos políticos, numa altura em que participa nas eleições primárias do Partido Republicano, para a escolha do candidato presidencial para 2024.
No início desta semana, o governo estadual ordenou que as universidades públicas recusassem manifestações de estudantes pró-Palestina e, desde o ataque do Hamas, em 07 de outubro, realizou voos de repatriamento para cerca de 700 norte-americanos que estavam em Israel.
A confirmação da ajuda militar ocorre no momento em que DeSantis e outros candidatos presidenciais do Partido Republicano se preparam para a reunião anual de doadores da Coligação Judaica Republicana, que começa sexta-feira em Las Vegas.
DeSantis deverá discursar na manhã de sábado para um grupo Republicano do estado de Nevada.
DeSantis e a maioria dos candidatos Republicanos alinharam-se a favor de Israel e acusaram o Presidente Democrata Joe Biden de não fazer o suficiente para apoiar os israelitas.
DeSantis também criticou o ex-presidente Donald Trump, o principal candidato nestas primárias, bem como a ex-governadora da Carolina do Sul e ex-embaixadora junto das Nações Unidas Nikki Haley, por causa das suas posições sobre o conflito no Médio Oriente.
Nove países árabes sustentaram hoje que o direito de Israel à defesa após o ataque do movimento islamita palestiniano Hamas "não justifica violações flagrantes do direito internacional".
Num comunicado conjunto, a Jordânia, os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein, a Arábia Saudita, Omã, o Qatar, o Kuwait, o Egito e Marrocos condenaram assim a retaliação maciça de Israel em curso desde 07 de outubro, desencadeada pelo ataque do Hamas ao sul do território israelita que fez mais de 1.400 mortos, na maioria civis, e 220 reféns.
Segundo dados da ONU, a forte resposta israelita, ainda em curso, fez até agora mais de 6.500 mortos na Faixa de Gaza, a maioria dos quais civis, incluindo 2.700 crianças.
"O direito à autodefesa garantido pela Carta da ONU nunca justifica as flagrantes violações do direito internacional humanitário ou fazer vista grossa de forma deliberada aos direitos legítimos do povo palestiniano", sublinharam os nove países árabes.
Afirmaram, por isso, que o facto de não se condenar estas "violações flagrantes" é o equivalente a "dar luz verde a que tais práticas continuem".
O comunicado foi emitido no âmbito da Cimeira de Paz do Cairo, realizada no passado sábado, que terminou sem uma declaração conjunta dos países árabes e europeus, devido a divergências quanto à inclusão de pontos sobre a condenação dos bombardeamentos israelitas à Faixa de Gaza e os limites ao direito de legítima defesa.
No comunicado, os nove países árabes também condenaram que "os civis sejam tomados como alvo", bem como "todos os atos de violência e terrorismo contra eles" e "as violações do direito internacional de qualquer das partes".
Repudiaram igualmente a "deslocação forçada" de mais de um milhão de civis palestinianos -- referindo-se ao ultimato emitido pelas autoridades israelitas para a evacuação do norte da Faixa de Gaza perante uma eventual ofensiva terrestre -- e "a política de punição coletiva" de Israel contra os 2,2 milhões de habitantes daquele enclave palestiniano pobre, que é palco de uma catástrofe humanitária.
Nesse sentido, advertiram contra "qualquer tentativa de liquidar a causa palestiniana" com tentativas de forçar "o êxodo do povo palestiniano para fora do seu território", algo que classificaram como "crime de guerra".
Esta é uma das principais preocupações do Egito, cujo Presidente, Abdel Fattah El-Sisi, rejeitou liminarmente os alegados planos de Israel de deslocar os palestinianos da Faixa de Gaza para o Sinai egípcio, o que, na sua opinião, representaria o fim da causa palestiniana.
O comunicado instou também o Conselho de Segurança da ONU a "obrigar as partes a um cessar-fogo imediato e duradouro", perante a rejeição de um fim das hostilidades por parte de alguns países europeus, dos Estados Unidos e de Israel.
Também reiteraram que "a ausência de uma solução política" desencadeou a atual violência, pelo que pediram à comunidade internacional que "assuma a sua responsabilidade" e aplique a solução dos dois Estados, que contempla a criação de um Estado palestiniano independente.
Entre os países signatários do comunicado conjunto, encontram-se os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein e Marrocos, que em 2020 estabeleceram relações diplomáticas com Israel sob os auspícios dos Estados Unidos, mas criticaram duramente as autoridades israelitas pela sua resposta contra Gaza.
A Cimeira de Paz do Cairo terminou sem uma declaração final conjunta dos 34 países e organismos internacionais que participaram no encontro, mas, segundo o Egito, serviu para "ver a importância de reavaliar a estratégia internacional para abordar o conflito".
O chanceler alemão, Olaf Scholz, considerou hoje que Israel é um país norteado por "princípios democráticos" e que tem a certeza de que o exército israelita vai respeitar o direito humanitário internacional na intervenção na Faixa de Gaza.
"Israel é um país democrático, norteado por princípios democráticos e, por isso, tenho a certeza de que o exército israelita, em tudo o que faça, vai respeitar o direito internacional. Não tenho qualquer dúvida", disse Scholz, à entrada para uma reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas.
O chanceler alemão insistiu que os restantes países da UE têm de reforçar que Israel tem o direito à sua defesa contra o "terrível ataque do Hamas".
Para Scholz, as necessidades prementes hoje são "fazer tudo o que é possível para libertar os reféns" e assegurar que a ajuda humanitária entra na Faixa de Gaza.
O chanceler alemão também quer que os cidadãos com dupla nacionalidade e os trabalhadores de organizações internacionais possam abandonar o território palestiniano, exigência apoiada por Washington, acrescentou.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia confirmou hoje que se encontra em Moscovo uma delegação do movimento islamita Hamas e o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, para um encontro com o homólogo russo.
Segundo a agência noticiosa Ria Nosvosti, a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, não adiantou pormenores sobre o programa da delegação do movimento, considerado terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, referindo que dará mais informações à imprensa depois das reuniões.
"Posso dizer e confirmar que os representantes do movimento palestiniano relevante estão de visita a Moscovo", disse a porta-voz, quando questionada sobre a presença na Rússia de Musa Abu Marzuk, membro do Hamas.
Zakharova informou ainda que o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Ali Bagheri Kani, também está de visita à capital russa e deverá encontrar-se com o homólogo russo, Miakhil Galuzin, segundo reportou a agência noticiosa Interfax.
O Hamas lançou uma ofensiva sem precedentes contra Israel no início de outubro, matando mais de 1.400 pessoas, sobretudo civis. O exército israelita lançou uma contraofensiva que, segundo o Hamas, já custou a vida a mais de 7.000 palestinianos na Faixa de Gaza.
Durante a incursão terrestre em Israel, os milicianos palestinianos arrasaram vários colonatos perto da Faixa de Gaza e fizeram mais de 200 pessoas reféns, incluindo cidadãos de países estrangeiros.
Até à data, o Hamas já libertou quatro pessoas.
Grande parte da comunidade internacional condenou veementemente os ataques do Hamas, mas avisou Israel de que a contraofensiva deve ser conduzida de acordo com o direito humanitário internacional, garantindo a segurança dos civis.
O primeiro-ministro, António Costa, desvalorizou hoje as divergências na União Europeia (UE) sobre a terminologia referente ao apelo para ajuda humanitária em Gaza, entre pausa e cessar-fogo humanitário, vincando antes ser necessário assegurar "condições para existir".
"Não nos vamos prender à terminologia. O que é essencial é que se criem condições para que a ajuda humanitária possa existir", declarou o chefe de Governo, em Bruxelas.
Em declarações à chegada ao Conselho Europeu, que decorre numa altura de acesos bombardeamentos de Telavive contra a Faixa de Gaza, que se seguiram ao ataque do grupo islamita Hamas a 07 de outubro, António Costa ressalvou que a UE "reconhece obviamente, o direito de Israel responder militarmente de forma a destruir a capacidade ofensiva do Hamas, isso é evidente".
"Agora, nós não podemos confundir o Hamas com o povo palestiniano, nem com o conjunto das pessoas que vivem em Gaza, e não podemos numa operação militar contra o Hamas causar danos colaterais de uma que seria uma tragédia humanitária junto de toda a população da Faixa de Gaza", sublinhou.
Por isso, "é preciso criar condições porque não pode haver, obviamente, ajuda humanitária sobre um bombardeamento", insistiu.
"É necessário que, seja cessar-fogo, seja essa nova forma da pausa humanitária, criar condições para que o apoio humanitário possa ser efetivo e não fique travado por via das ações militares estão em curso", adiantou António Costa.
Os líderes da UE reúnem-se hoje e sexta-feira em Bruxelas para debater as tensões no Médio Oriente, visando uma pausa humanitária em Gaza e negociações sobre uma solução de dois Estados, além de desafios europeus como migrações e orçamento.
Um dos objetivos é que desta cimeira saia uma posição comum entre os 27 chefes de Governo e de Estado da UE para assegurar apoio humanitário à Faixa de Gaza, razão pela qual o mais recente rascunho das conclusões, a que a Lusa teve acesso, refere que "o acesso e a ajuda humanitária devem processar-se de forma rápida, segura e sem entraves, através de todas as medidas necessárias, incluindo corredores e pausas humanitárias".
Esta formulação "pausas humanitárias" surge depois de a versão anterior do projeto de conclusões conter a expressão no singular, sem nunca ter estado previsto um apelo a "cessar-fogo".
O apelo para pausa humanitária em Gaza reúne consenso entre os Estados-membros, mas Portugal, por exemplo, já veio admitir que preferia uma posição da UE a defender um cessar-fogo humanitário, não aceite por países como a Alemanha.
O primeiro-ministro, António Costa, defendeu hoje que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, expressou-se com "grande sentido humanista" nas declarações que fez sobre a degradação da situação humanitária no território palestiniano.
"Sobre esse assunto o Governo português já falou ontem [quarta-feira] de uma forma clara e inequívoca de total apoio e solidariedade com o secretário-geral das Nações Unidas, que se expressou com um grande sentido humanista, na afirmação do direito internacional e daquilo que são as resoluções aprovadas na ONU, das quais, naturalmente, [Guterres] é porta-voz", disse António Costa, à entrada para uma reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas.
O primeiro-ministro acrescentou que, apesar de as atenções estarem hoje voltadas para o agravamento das tensões no Médio Oriente, "o início da nova guerra não acabou com a guerra anterior, que prossegue, portanto, a solidariedade para com a Ucrânia também tem de prosseguir".
Em causa estão declarações de António Guterres feitas na terça-feira, na abertura de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, em inglês, em que considerou ser "importante também reconhecer que os ataques do Hamas não aconteceram do nada", acrescentando que o "povo palestiniano tem sido submetido a 56 anos de ocupação sufocante".
O secretário-geral da ONU defendeu que "as queixas do povo palestiniano não podem justificar os ataques terríveis do Hamas", assim como "esses ataques terríveis não podem justificar a punição coletiva do povo palestiniano".
No início da sua intervenção, António Guterres disse que condena "inequivocamente os atos de terror horríveis e sem precedentes do Hamas em Israel" e que "nada pode justificar a morte, os ferimentos e o rapto deliberados de civis -- ou o lançamento de mísseis contra alvos civis".
Em reação a estas declarações, na mesma reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Eli Cohen, acusou António Guterres de estar desligado da realidade e de mostrar compreensão pelo ataque do Hamas de 07 de outubro com um "discurso chocante".
Na rede social X (antigo Twitter), o embaixador israelita na ONU, Gilad Erdan, pediu a demissão imediata de António Guterres das funções de secretário-geral desta organização.
Gilad Erdan anunciou ainda que Israel ia deixar de conceder vistos a representantes da ONU.
Teerão tem demonstrado apoio total ao Hamas, condenando os ataques israelitas em Gaza e encorajando os iranianos a lutar contra Israel no enclave palestiniano. O regime iraniano lançou uma campanha de recrutamento online que está a suscitar a desconfiança de uma parte da população, avança o canal francês France 24.
Foto: Lusa
Catarina Sarmento e Castro garante apenas que o Ministério da Justiça estará sempre do lado dos direitos fundamentais e explica que até final do ano todos os processos vão estar digitalizados para um ganho de produtividade.
Os enviados especiais José Manuel Rosendo e Marques de Almeida estão no Médio Oriente para acompanhar de perto os desenvolvimentos do conflito.
O secretário-geral da ONU reiterou que nunca justificou o terrorismo do Hamas. A crise diplomática provocada pela reação israelita já fez vários países tomarem uma posição, mas o impasse quanto ao pedido de um cessar-fogo humanitário mantêm-se.
A guerra entre Israel e o Hamas está a provocar ainda mais divisões entre os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ontem foram apresentados mais dois projetos de resolução com vista a acelerar a entrega de ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Foram rejeitados.
O exército diz ter atingido 250 alvos do Hamas. As autoridades israelitas revelam ter identificado 808 vítimas civis dos ataques do Hamas e reviram para 224 o número de reféns. O Hamas diz que já morreram mais de 7.000 palestinianos, quase 3.000 são crianças.
O primeiro-ministro, António Costa, defendeu hoje a "construção de pontes" entre a União Europeia (UE), África e América Latina, numa altura de guerras, ataques terroristas e criação de muros, pedindo aposta no "desenvolvimento e paz".
"Hoje, mais do que nunca, é necessário construir pontes. Quando alguns erguem muros, quando outros começam guerras, quando outros fazem ataques terroristas, nada como darmos as mãos, ajudar a construir a paz e o desenvolvimento, e a paz e o desenvolvimento só se constroem se a propriedade for partilhada", declarou o chefe de Governo.
Falando na cerimónia de encerramento do Fórum Global Gateway, que juntou em Bruxelas na quarta e quinta-feira representantes dos governos da UE e de todo o mundo, do setor privado e da sociedade civil, António Costa salientou que "desafios globais exigem respostas globais", numa altura de guerra da Ucrânia causada pela invasão russa, às tensões no Médio Oriente e ao ataque terrorista na semana passada em Bruxelas.
"Só com uma forte e estreita parceria à escala global aproveitaremos bem as oportunidades que a transição digital e ecológica podem dar e contribuir para promover o desenvolvimento sustentável, a capacitação e o comércio", destacou o primeiro-ministro.
Em causa está a iniciativa europeia Global Gateway, criada para permitir investimento ao nível mundial, especialmente em regiões menos desenvolvidas de África e da América Latina, em questões como os transportes, a digitalização, a energia, a saúde, a educação e a investigação.
António Costa destacou "exemplos concretos" do que do que as empresas portuguesas estão já com parceiros africanos e latino-americanos, como os corredores logísticos digitais entre o porto de Sines aos portos do Atlântico Sul em Angola ou no Brasil e a nova rota marítima transatlântica com o México.
"Além de promover a resiliência energética e industrial da Europa, estes projetos criarão riqueza e emprego nos parceiros estratégicos em África e na América Latina garantirão a partilha de tecnologia e `know-how` e contribuirão para transições digitais e climáticas mais justas dos dois lados do Atlântico", elencou.
António Costa defendeu ainda que a UE tem "vontade de trabalhar em parceria com outros parceiros, também na Ásia, outros países do continente africano e outros países da América Latina e também em outras áreas para além das infraestruturas e do equipamento dos transportes", como a saúde e as energias renováveis.
Ao nível europeu e nacional, "temos de inovar no que diz respeito aos mecanismos financeiros para apoiar investimentos da Global Gateway de uma forma sustentável, um modelo que Portugal já está a aplicar no quadro das nossas relações bilaterais com Cabo Verde, a transformação da dívida pública em investimentos climáticos", concluiu.
António Costa está em Bruxelas para participar num Conselho Europeu de dois dias, que hoje começa.
Os líderes da União Europeia reúnem-se hoje e sexta-feira em Bruxelas para debater tensões no Médio Oriente, visando uma pausa humanitária em Gaza e negociações sobre uma solução de dois Estados, além de desafios europeus como migrações e orçamento.
@PalestineRCS received 12 trucks from their Egyptian Red Crescent counterparts at the #Rafah border crossing, containing water, food, medicines and medical supplies. So far, a total of 74 trucks have been received, but fuel has not been allowed to enter the Strip till this moment pic.twitter.com/RVoCOWSyOI
— PRCS (@PalestineRCS) October 26, 2023
Across the border in Egypt, WHO has enough supplies on standby for Gaza to provide:
— WHO Regional Office for the Eastern Mediterranean (@WHOEMRO) October 26, 2023
▪️surgical interventions for 3700 trauma patients
▪️basic and essential health services for 110,000 people
▪️medical equipment for 20,000 patients suffering from chronic diseases pic.twitter.com/hKwmMlO1Vk
Israel e o grupo islamita Hamas reafirmaram hoje promessas de vitória na guerra que travam desde há cerca de três semanas e que já provocou milhares de mortos dos dois lados.
O exército israelita disse que as operações contra a Faixa de Gaza visam erradicar o Hamas e que, "uma vez terminada a guerra, não haverá qualquer ameaça militar" do enclave palestiniano.
Um porta-voz militar, Jonathan Conricus, disse numa publicação das Forças de Defesa de Israel nas redes sociais que as comunidades israelitas em torno da Faixa de Gaza "não podem viver" com a ameaça do Hamas por perto.
"Se não erradicarmos o Hamas, este perigo perdurará e teremos de lidar com ele novamente no futuro", argumentou, citado pela agência espanhola Europa Press.
O porta-voz disse que as forças israelitas "lidarão com o Hamas, de forma completa e adequada".
"No final da guerra, (...) não veremos cenas de civis israelitas indefesos a serem mortos, queimados, violados e mutilados pelos terroristas", disse.
"Aqueles que não compreendem o mal que enfrentamos não compreendem por que estamos a fazer o que estamos a fazer", admitiu, face a críticas de que Israel está a punir o povo palestiniano pelo ataque do Hamas.
Disse também que o exército israelita irá, "a dada altura", tomar a decisão de "passar à fase seguinte das operações", numa aparente referência a uma ofensiva terrestre em grande escala.
Israel concentrou tropas na fronteira com Gaza logo a seguir a um ataque surpresa do Hamas no seu território em 07 de outubro, o mais grave do género desde a declaração da independência do país em 1948.
Os comandos do Hamas também raptaram duas centenas de israelitas e estrangeiros que mantêm como reféns na Faixa de Gaza, o enclave palestiniano com mais de dois milhões de habitantes que controlam desde 2007.
Israel reagiu ao ataque com uma declaração de guerra ao Hamas e o cerco e bombardeamento constante da Faixa de Gaza, que o grupo islamita disse ter causado mais de 6.500 mortos.
Do lado do Hamas, o "número dois" da ala política do movimento, Saleh al-Arouri, prometeu que Israel sofrerá "uma derrota sem precedentes" se invadir a Faixa de Gaza.
"Se o inimigo entrar por terra, haverá uma nova e gloriosa página para o nosso povo, e será uma derrota sem precedentes para a ocupação [Israel] na história do conflito", afirmou a um canal da milícia xiita libanesa Hezbollah.
Al-Arouri disse que "o Hezbollah está a colaborar a todos os níveis militares e políticos" no que descreveu como "uma epopeia heroica de resistência no Líbano", outro foco de conflito com Israel.
"Esta batalha é a sua batalha [do Hezbollah], temos um objetivo e um destino comuns, (...) estamos em constante comunicação e coordenação nesta batalha", afirmou.
Al-Arouri referiu-se também aos reféns do Hamas na Faixa de Gaza, afirmando que os estrangeiros são convidados do grupo, mas que os israelitas "serão trocados" por prisioneiros palestinianos.
Além de Gaza e do sul do Líbano, a guerra atinge também a Cisjordânia, parte da qual sob ocupada israelita, governada pela Autoridades Palestiniana.
As ações humanitárias das Nações Unidas em Gaza continuam a ser realizadas, principalmente nos seus abrigos para deslocados, apesar da progressiva falta de combustível e da intensificação dos bombardeamentos de Israel sobre o enclave, de acordo com a ONU.
No seu balanço diário sobre a situação na Faixa de Gaza, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários relatou que esta quarta-feira foi o dia com mais mortes desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, em 07 de outubro, elevando o número total de mortes no enclave para 6.547, das quais 2.704 eram crianças.
Apesar da intensificação dos ataques e da falta de combustível, que paralisa as atividades dos hospitais e de outros serviços essenciais, as Nações Unidas continuam a trabalhar em Gaza, especialmente através da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA).
"A principal operação é o acolhimento de deslocados internos nas escolas da UNRWA, onde [mais de 629 mil pessoas] estão a receber alimentos, medicamentos e apoio para manter a dignidade e um mínimo de esperança", sublinhou o documento das Nações Unidas.
Outras atividades que se mantêm são a distribuição de alimentos e dinheiro a estes deslocados, o fornecimento de combustível de emergência às unidades de saúde, o apoio psicossocial e campanhas de sensibilização para prevenir acidentes causados nas ruas por explosivos que ainda não foram detonados.
Ao número de 6.547 mortes em Gaza, fornecido pelo Ministério da Saúde do Hamas -- grupo islamita que governa o enclave -, somam-se os palestinianos mortos em confrontos com as forças de segurança israelitas na Cisjordânia, que na quarta-feira ultrapassou barreira dos cem, 31 dos quais eram crianças.
Segundo o relatório, subiu para 62 o número de camiões com ajuda humanitária que conseguiram entrar em Gaza desde sábado passado pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, mas ainda não está a ser autorizado o transporte de combustível, necessário para serviços essenciais no território como a operação de centrais de dessalinização da água.
No entanto, as Nações Unidas indicaram hoje que o acesso à água potável em Gaza melhorou temporariamente nas zonas de retirada no sul da Faixa, como Rafah ou Khan Younis, graças à utilização de combustível de emergência para abastecer as principais instalações de purificação.
As famílias da região têm conseguido consumir cerca de 30 litros por pessoa num dia, quando nos dias anteriores mal consumiam três litros em média [de acordo com os padrões internacionais o mínimo para consumo, cozinha e higiene deveria ser de 15 litros].
As Nações Unidas indicaram que Israel ordenou na quarta-feira a evacuação de bairros do sul de Gaza, afetando cerca de 40 mil pessoas que tiveram de se deslocar para zonas no oeste, mais próximas da costa, sem capacidade efetiva de alojamento.
O relatório diário reiterou que 45% dos edifícios residenciais em toda Gaza sofreram algum tipo de dano, enquanto mais de 16.000 casas foram destruídas e 11.000 estão inabitáveis, segundo dados do Ministério das Obras Públicas e Habitação de Gaza.
Muitas das 1,4 milhões de pessoas deslocadas em Gaza - quase dois terços da população da Faixa - reduziram as suas refeições para apenas uma por dia, destaca a ONU, que relatou a morte de outro trabalhador da UNRWA nas últimas 24 horas, elevando para 38 o número dos seus funcionários mortos no conflito.
O chefe da diplomacia iraniana alertou para um possível descontrolo na guerra entre Israel e o Hamas ao chegar a Nova Iorque para uma reunião extraordinária da Assembleia Geral da ONU sobre o conflito.
"O apoio total e cego dos Estados Unidos e de alguns países europeus ao regime israelita atingiu um ponto preocupante e existe a possibilidade de se perder o controlo da situação", disse Hossein Amir Abdollahian à agência iraniana IRNA.
Abdollahian disse que o Irão quer a cessação imediata dos "crimes de guerra e genocídio" na Faixa de Gaza, a entrega de ajuda humanitária e o fim da deslocação forçada da população do enclave palestiniano.
"Isso pode ser incluído em qualquer resolução" da ONU, afirmou, segundo a agência espanhola EFE.
O diplomata elogiou o grupo islamita palestiniano Hamas, que o Irão apoia e financia, como um "movimento de libertação palestiniano" que tem agido contra a ocupação israelita, o que, segundo Abdollahian, é aceite pelo direito internacional.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão disse ainda à IRNA que tenciona apresentar as posições da República Islâmica sobre a questão palestiniana na Assembleia Geral e manter conversações com o secretário-geral da ONU, António Guterres.
O exército israelita acusou o Irão de ter ajudado o Hamas no ataque de 07 de outubro contra Israel, em que foram mortas 1.400 pessoas e raptadas duas centenas de pessoas mantidas como reféns em Gaza, segundo Telavive.
O ataque sem precedentes desencadeou uma guerra entre Israel e o Hamas, com as forças israelitas a cercar e a bombardear a Faixa de Gaza desde então, provocando mais de 6.500 mortos, de acordo com o movimento islamita.
O Hamas controla a Faixa de Gaza desde 2007, e é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
Foto: Olivier Hoslet - EPA
Os líderes da União Europeia voltam a reunir-se esta quinta e sexta-feira para pedir uma pausa humanitária em Gaza e negociações, tendo em vista uma solução de dois Estados.
Foto: Yuri Gripas - EPA
Joe Biden nega ter exigido garantias de Benjamin Netanyahu para um adiamento da ofensiva terrestre.
Abir Sultan - Reuters
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, admitiu quarta-feira que também deverá ser responsabilizado pelas falhas de segurança que permitiram o ataque do movimento islamita palestiniano Hamas em Israel, em 7 de outubro, mas só depois da guerra.
Uma refém israelita nas mãos do Hamas recebeu hoje a nacionalidade portuguesa. Adina Moshe, de 72 anos, esteve em Portugal, regressou depois a Israel onde acabou por ser raptada, enquanto o marido foi assassinado.
A ação inédita e violenta do Hamas a partir da Faixa de Gaza veio alterar o olhar dos palestinianos sobre um conflito que vivem há décadas. É a convicção de uma antiga diplomata e política palestiniana a viver em Jerusalém que ainda acredita num Médio Oriente em paz.