Acompanhamos aqui todos os desenvolvimentos sobre o reacender do conflito israelo-palestiniano, após a vaga de ataques do Hamas e a consequente retaliação das forças do Estado hebraico.
Acompanhamos aqui todos os desenvolvimentos sobre o reacender do conflito israelo-palestiniano, após a vaga de ataques do Hamas e a consequente retaliação das forças do Estado hebraico.
Ammar Awad - Reuters
Foto: Olivier Hoslet - EPA
Os líderes da União Europeia voltam a reunir-se esta quinta e sexta-feira para pedir uma pausa humanitária em Gaza e negociações, tendo em vista uma solução de dois Estados.
Foto: Olivier Hoslet - EPA
Pedro Sánchez também transmitiu todo o apoio a António Guterres. À chegada a Bruxelas, o presidente espanhol disse que o que o secretário-geral da ONU está a fazer é pedir uma pausa humanitária para que a ajuda entre em Gaza de uma forma sistemática e permanente.
Foto: Yuri Gripas - EPA
Joe Biden nega ter exigido garantias de Benjamin Netanyahu para um adiamento da ofensiva terrestre.
A cadeia de televisão Al Jazeera informou que a mulher e os dois filhos do seu chefe de redação em Gaza foram hoje mortos em bombardeamentos israelitas no sul do enclave, para onde se tinham mudado há dias.
"Vários membros da família do nosso colega Wael al-Dahdouh, incluindo a sua mulher, o seu filho e a sua filha, foram martirizados por um bombardeamento israelita contra a sua casa", declarou em comunicado a cadeia de televisão, que tem sede em Doha, no Qatar.
A Al Jazeera mostrou imagens do jornalista na morgue, completamente devastado, sem fôlego e engasgando-se com as suas próprias lágrimas, enquanto via e agarrava os cadáveres ensanguentados dos seus filhos, de 15 e 7 anos.
The family of Al Jazeera’s Gaza bureau chief Wael Dahdouh has been killed in an Israeli attack at the Al Nuseirat Camp in central Gaza, where they had forcibly evacuated to shelter from Israeli bombardments ⤵️ pic.twitter.com/ya64Lgunbp
— Al Jazeera English (@AJEnglish) October 25, 2023
As imagens chocaram os jornalistas árabes que ainda trabalham em Gaza e suscitaram uma onda de condenação contra os ataques à comunicação social e aos civis no sul da Faixa de Gaza, para onde Israel disse aos palestinianos que se deslocassem em face à intensificação dos bombardeamentos e a uma possível operação terrestre no norte do enclave.
"Manifestamos a nossa preocupação com a segurança dos nossos correspondentes e equipas em Gaza", afirmou a cadeia de televisão no comunicado, no qual condenou "o ataque indiscriminado e a morte de civis inocentes em Gaza, que resultou na perda trágica da família de Wael al-Dahdouh e de inúmeras outras pessoas".
Os bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza provocaram até agora mais de 6.500 mortos - cerca de metade dos quais crianças - e mais de 17.000 feridos, no que é já a pior catástrofe humana jamais vivida no enclave.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou hoje não ter exigido ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que adiasse uma eventual ofensiva terrestre à Faixa de Gaza até à libertação dos reféns do movimento islamita palestiniano Hamas.
"Não. A decisão foi deles, eu não a exigi", declarou Biden em resposta a uma pergunta em conferência de imprensa.
"O que eu lhe disse (a Netanyahu) foi que se for possível retirar essas pessoas em segurança, é isso que ele deve fazer", precisou.
Reiterando que Israel tem não só o direito mas também "o dever" de se defender, após o ataque sangrento do Hamas a 07 de outubro, que fez mais de 1.400 mortos em território israelita, na maioria civis, Biden acrescentou que o país deve fazer "tudo o que estiver ao seu alcance para poupar os civis" palestinianos.
Observou, contudo, que não "tem confiança" nos balanços de mortos na Faixa de Gaza fornecidos pelos palestinianos.
Segundo as autoridades locais, a forte retaliação israelita matou até agora pelo menos 6.546 pessoas naquele enclave palestiniano pobre desde 2007 controlado pelo Hamas, grupo classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por Israel.
O chefe de Estado norte-americano apelou igualmente para que os ataques de colonos israelitas a palestinianos na Cisjordânia "parem de imediato".
Falando na conferência de imprensa em Washington ao lado do primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, Biden referiu-se também à colisão no mar entre navios chineses e embarcações filipinas no mar do sul da China, insistindo no compromisso do seu país em defender as Filipinas, depois de Manila ter acusado a China de se ter tratado de embates "intencionais".
"Qualquer ataque a aviões, navios ou forças armadas das Filipinas terá como consequência a ativação da nossa parceria de defesa mútua", declarou o chefe de Estado Democrata à imprensa.
"O compromisso dos Estados Unidos com as Filipinas é inabalável", sublinhou.
My team and I met today with families of people abducted from southern #Israel on 7 October by Hamas and heard firsthand the tragedy, trauma and suffering they are facing.
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) October 25, 2023
We are gravely concerned by the humanitarian and health situation facing approximately 200 people,…
Os rebeldes Huthis do Iémen, apoiados pelo Irão, alertaram hoje que "não ficarão de braços cruzados face à guerra genocida" na Faixa de Gaza e ameaçaram "cumprir o seu dever religioso" se Israel continuar a bombardear o enclave palestiniano.
O Conselho Político Supremo do movimento xiita afirmou em comunicado que o grupo está "a monitorizar de perto a situação" e condenou "os crimes atrozes e os massacres genocidas cometidos pelo inimigo sionista contra o povo palestiniano".
Os Huthis também avisaram que "cruzar as `linhas vermelhas` força o Iémen a cumprir seu dever religioso e de princípios".
Esta nova ameaça surge depois de responsáveis norte-americanos, citados pelo The Wall Street Journal terem afirmado que os Huthis dispararam cinco mísseis de cruzeiro fornecidos pelo Irão e cerca de 30 `drones` contra Israel.
Segundo o jornal, na semana passada o contratorpedeiro USS Carney, estacionado no norte do Mar Vermelho, abateu quatro dos mísseis de cruzeiro, enquanto o quinto foi destruído pelos sistemas antiaéreos da Arábia Saudita.
Até agora, nem os Huthis nem Riade comentaram esta informação.
Em 10 de outubro, três dias após o início da guerra em Gaza após o ataque do braço armado do grupo islamita Hamas contra Israel, o principal líder dos Huthis, Abdelmalek al Huti, disse num discurso que o movimento está disposto a "envolver-se na batalha" em apoio aos palestinianos.
O Pentágono confirmou na terça-feira que desde 17 de outubro as forças dos Estados Unidos e da coligação foram alvo de dez ataques às suas bases no Iraque e de três na Síria por grupos apoiados pelo Irão.
Estes grupos pró-Irão, com presença no Iraque, na Síria e no Iémen, fazem parte da chamada Resistência Islâmica e ameaçaram repetidamente que atacariam instalações norte-americanas no Médio Oriente e em Israel se Washington continuasse a apoiar o Estado Judeu ou se decidisse intervir militarmente em Gaza.
As Nações Unidas "estão a dialogar" com o Governo israelita sobre os vistos bloqueados ou negados aos seus funcionários, incluindo o do chefe humanitário da organização, Martin Griffiths, adiantou hoje o porta-voz do secretário-geral da ONU.
Stéphane Dujarric desvalorizou hoje o anúncio do embaixador israelita na ONU, Gilad Erdan, de que o seu país irá recusar vistos a representantes das Nações Unidas argumentando que "é altura de lhes dar uma lição".
Dujarric afirmou que o anúncio não está a afetar, por enquanto, o trabalho dos funcionários da ONU em Israel.
"Falei com os meus colegas em Jerusalém e eles continuam os seus contactos a todos os níveis com os seus homólogos, quer estejam no Governo ou no exército, e os contactos prosseguem normalmente", disse.
O representante de António Guterres insistiu que não se registou "qualquer alteração ou diminuição do estatuto" dos seus trabalhadores no terreno, em Israel e na Palestina.
No que diz respeito ao estatuto de Griffiths, Dujarric afirmou que este se encontra atualmente em Genebra (a sua residência habitual) e expressou o desejo do secretário-geral de que "tal como qualquer outro gabinete que trabalhe para o secretariado", "todos os Estados-membros facilitem o trabalho dos funcionários da ONU em deslocação oficial".
Quanto aos pedidos de demissão de Guterres feitos esta terça-feira pelo embaixador israelita junto da ONU e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Eli Cohen, Dujarric recusou-se a fazer qualquer comentário: o secretário-geral "não vai comentar todos os pedidos de demissão de um Estado-membro", disse.
O exército israelita e as milícias do sul do Líbano protagonizaram hoje novas hostilidades na fronteira, com trocas de tiros que incluíram disparos de foguetes e de pelo menos um míssil antitanque contra Israel.
Um porta-voz militar de Israel afirmou que o exército israelita respondeu com bombardeamentos e artilharia e que atacou também duas "células terroristas" que tentavam lançar mísseis para o território judaico em diferentes pontos da fronteira.
Pouco depois, acrescentou, um míssil antitanque foi disparado contra um grupo de soldados israelitas na comunidade de Avivim, que respondeu com fogo de artilharia contra o local de onde partiu o ataque.
O lançamento do míssil foi reivindicado pouco depois pelo grupo xiita libanês Hezbollah, que afirmou ter atingido um tanque israelita, causando mortos e feridos, o que foi desmentido pelo exército israelita.
Até agora, esta é a única ação reivindicada hoje pelo movimento xiita que, nos últimos dias, reconheceu ter sofrido um número significativo de novas baixas nas suas fileiras, totalizando agora 43 desde o início da violência na fronteira, a 08 de outubro.
O último incidente de hoje foi o disparo de quatro mísseis a partir do território libanês, que, segundo o porta-voz militar israelita, fez soar os alarmes de ataque aéreo em comunidades do norte do país e que atingiram zonas despovoadas.
Estes episódios coincidiram hoje com uma reunião em Beirute entre os líderes dos grupos islamitas palestinianos Hamas, Jihad Islâmica e o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, todos apoiados pelo Irão.
Num comunicado, o Hezbollah afirmou que, na reunião, ficou acordada a "continuação da coordenação e o acompanhamento dos desenvolvimentos numa base diária e permanente" e salientou que também foi analisado o que as partes do "Eixo da Resistência" devem fazer "nesta fase delicada para alcançar uma verdadeira vitória da Resistência em Gaza e na Palestina".
Entretanto, a missão de manutenção da paz da ONU no Líbano (FINUL) reiterou hoje que continua a contactar com as "partes" envolvidas na violência na fronteira com Israel para tentar "reduzir as tensões" que têm aumentado há mais de duas semanas.
"O nosso trabalho continua, incluindo as patrulhas. O trabalho com as partes visa essencialmente coordenar e reduzir as tensões na área de responsabilidades" da FINUL, disse o comandante das forças internacionais no país, o espanhol Aroldo Lazaro.
As hostilidades na zona fronteiriça começaram a 08 deste mês, um dia após o ataque do Hamas a Israel, que deixou cerca de 1.400 mortos, o que desencadeou uma guerra que vai já no 19.º dia de combates e já fez quase 6.500 mortos em Gaza.
Embora várias milícias palestinianas tenham reivindicado a autoria de ataques a partir do Líbano nas últimas duas semanas, os principais confrontos são entre o exército israelita e o Hezbollah, que vivem o momento mais tenso desde a guerra de 2006.
Os incidentes na fronteira causaram até agora pelo menos 63 mortos: seis em Israel, cinco soldados e um civil, e pelo menos 57 no Líbano -- oito civis, entre os quais um operador de câmara da Reuters, 43 membros do Hezbollah e seis membros das milícias palestinianas.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, instou hoje a uma "ação unificada" na União Europeia (UE) relativamente à gestão migratória para garantir segurança perante "incerteza geopolítica", dadas as tensões em diferentes partes, como Médio Oriente.
"Temos de ser capazes de agir de forma unificada para garantir a segurança e a liberdade dos nossos cidadãos, reforçando as fronteiras externas e evitando o restabelecimento dos controlos nas fronteiras internas. A este respeito, é necessária uma ênfase renovada para garantir que todos os migrantes irregulares e requerentes de asilo sejam registados no Eurodac [base de dados de impressões digitais] e para reforçar a aplicação efetiva das regras de Dublin, incluindo a retoma das transferências sempre que possível", apelou Ursula von der Leyen.
Numa carta hoje divulgada aos líderes da UE, que se reúnem na quinta-feira e sexta-feira com a migração e as tensões no Médio Oriente na agenda, a líder do executivo comunitário recordou o "período de incerteza geopolítica e de preocupação acrescida com a segurança".
"É mais importante do que nunca mostrar aos cidadãos que somos capazes de tomar medidas práticas e eficazes em relação a questões complexas como a migração. Trabalhando em conjunto, podemos garantir que a migração é gerida de forma ordenada, humana e justa, protegendo os direitos fundamentais", defendeu Ursula von der Leyen.
Para a responsável, isto significa utilizar ao máximo "o peso coletivo da UE".
"Os progressos realizados este ano constituem uma demonstração tangível de como a UE está determinada a manter a dinâmica para realizar o nosso trabalho comum em matéria de migração e para reafirmar a eficácia das nossas fronteiras", adiantou a responsável, numa alusão aos avanços no novo Pacto para a Migração e Asilo.
No início de outubro, os embaixadores dos Estados-membros junto da UE deram `luz verde` ao novo Pacto para a Migração e Asilo, num acordo preliminar sobre o regulamento para a gestão de crises que prevê um instrumento de solidariedade.
Depois do aval, decorrem agora discussões legislativas entre colegisladores, faltando depois a aprovação do Conselho Europeu, que se espera que aconteça na cimeira europeia de dezembro.
O objetivo é que haja um acordo final até às eleições europeias de junho de 2024, para partilhar equitativamente as responsabilidades entre os Estados-membros e agir de forma solidária ao lidar com os fluxos migratórios.
Os chefes de Estado e de Governo da UE reúnem-se na quinta e sexta-feira, em altura de tensões no Médio Oriente, numa cimeira em que pedirão uma pausa humanitária em Gaza e negociações para uma solução de dois Estados.
O encontro surge numa altura de acesos bombardeamentos de Israel, que se seguiram ao ataque do grupo islamita do Hamas de 07 de outubro.
O diretor-executivo da Amnistia Internacional, Pedro Neto, apoiou hoje as declarações proferidas pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que condenaram o ataque do Hamas a Israel mas lembraram que o povo palestiniano é reprimido há 56 anos.
"Disse a verdade", afirmou Pedro Neto à agência Lusa, considerando "completamente desproporcional" a reação do embaixador de Israel junto da ONU, que pediu a demissão de António Guterres.
"Qualquer interpretação de condenar o sistema de `apartheid` em que os palestinianos vivem e que é imposto por Israel não significa apoiar o terrorismo do Hamas. É completamente abusivo e desproporcionado fazer esta interpretação", disse o diretor-executivo em Portugal da organização internacional de defesa dos direitos humanos.
O secretário-geral da ONU condenou na terça-feira, na abertura de uma reunião do Conselho de Segurança dedicada à situação atual no Médio Oriente, os "atos de terror" e "sem precedentes" realizados, em 07 de outubro, pelo grupo islamita Hamas em Israel, salientando que "nada pode justificar o assassínio, o ataque e o rapto deliberados de civis".
No entanto, Guterres sublinhou ser "importante reconhecer" que os ataques do grupo islamita Hamas "não aconteceram do nada", sublinhando que o povo palestiniano "foi sujeito a 56 anos de ocupação sufocante".
O embaixador israelita junto da ONU, Gilad Erdan, reagiu, exigindo a demissão imediata de Guterres e argumentou depois, em mensagem publicada nas redes sociais, que o líder das Nações Unidas "demonstrou compreensão pela campanha de assassínio em massa de crianças, mulheres e idosos".
Mas, para o diretor-executivo da Amnistia Internacional, António Guterres "está a fazer bem o seu papel", não podendo haver dúvidas "de que condena os atos de terror do Hamas" e "os abusos de direitos humanos do exército e do Governo de Israel para com o povo palestiniano".
No entanto, continuou Pedro Neto, "esta polarização favorece tanto o Hamas como as autoridades israelitas porque nos distrai do essencial que é a proteção dos civis inocentes".
A reação do embaixador de Israel foi considerada por Pedro Neto como desproporcional, mas não uma surpresa.
Quando António Guterres visitou o portão fronteiriço de Rafah, que liga o sul de Gaza e o Egito (o único acesso ao enclave palestiniano que não é controlado por Israel), Telavive acusou o secretário-geral da ONU de "estar a defender e a querer dar a ajuda humanitária aos terroristas".
Uma declaração que "não faz qualquer sentido", sublinhou o responsável da Amnistia Internacional.
"É óbvio que António Guterres não quer ajudar terroristas. (...) Aquilo que é preciso perceber é a intenção desta retórica diplomática tão ofensiva de todos os lados que estão envolvidos diretamente no conflito", referiu.
Pedro Neto não se mostra preocupado com o impacto deste incidente na capacidade de Guterres em mediar o conflito em curso entre Israel e o Hamas.
"Creio que ele já não teria esta capacidade. É o secretário-geral das Nações Unidas e gere interesses diplomáticos de várias partes", considerou.
Para o diretor-executivo da Amnistia Internacional, quem tem de ser abordado para mediar é "quem tem ascendente sobre o Governo de Israel e quem tem ascendente sobre o Hamas", ou seja, os Estados Unidos, o Irão, o Qatar.
Israel admitiu que vai reavaliar as relações com a ONU, tendo já hoje recusado vistos a representantes das Nações Unidas.
Uma posição que leva Pedro Neto a lembrar que Israel não pode impedir o trabalho humanitário da ONU no conflito.
"O secretário-geral das Nações Unidas não é o ex-diretor executivo da WebSummit e portanto, o ascendente que Israel tem sobre o mundo das tecnologias e das empresas das tecnologias não é o mesmo que tem sobre as Nações Unidas", frisou o responsável, numa referência ao caso de Paddy Cosgrave, que deixou a liderança do evento tecnológico após comentários sobre Israel.
"Se Israel impedir a entrada de ajuda humanitária está a incumprir e a ofender o Direito Internacional humanitário", referiu, reforçando que "o Governo de Israel e o Hamas - as potências ocupantes e as potências do conflito - não estão isentas das suas obrigações perante as convenções de Genebra, nem estão isentas naquilo que diz respeito ao mandato do Tribunal Penal Internacional de Investigação de Crimes de guerra de ambos os lados".
António Guterres indicou hoje, numa mensagem divulgada nas redes sociais, que "algum alívio humanitário está a chegar a Gaza", mas lamentou tratar-se apenas de "uma gota no oceano das necessidades".
Numa padaria no centro de Beirute, apenas um cliente aguarda enquanto dois padeiros preparam uma `manouche`, pão típico libanês muito apreciado, cujo intenso aroma de tomilho e sementes de sésamo tostados se sente do exterior.
"Sentimos uma grande diferença, a rua está muito mais vazia", diz à Lusa Yara Abi Fakher, a responsável comercial deste restaurante libanês localizado no bairro de Gemmayze, conhecido pelos restaurantes modernos e vida noturna. As ruas deste bairro esvaziaram-se desde o início da guerra em Gaza, a 07 de outubro, e dos confrontos entre o Hezbollah e Israel na fronteira sul do Líbano.
"Em geral sentimos um grande desconforto, estamos com os nervos à flor da pele e isso tem um impacto na decisão de sair de casa e gastar dinheiro", diz Yara.
Apesar do Líbano não se encontrar oficialmente em guerra, o medo de que o país seja arrastado para um conflito já afeta uma economia que mesmo antes das hostilidades enfrentava, desde 2019, uma das piores crises económicas dos tempos modernos.
Desde o início do conflito em Gaza, a atividade no setor da restauração caiu entre 70% a 80% durante a semana e registou quebras de 30% a 50% aos fins de semana, de acordo com o sindicato dos restaurantes, discotecas e cafés no Líbano.
Um dos setores mais afetados é o turismo, que se estima que represente entre 20% a 40% do PIB do país. Vários países como a França, Estados Unidos, Reino Unido ou a Alemanha não só desaconselharam os seus cidadãos a viajar para o Líbano como já pediram aos seus nacionais para sair do país de imediato, "dada a situação de segurança imprevisível".
"Ainda há voos comerciais disponíveis, mas em capacidade reduzida", escreveu a embaixada norte-americana no aviso mais recente.
As companhias áreas Lufthansa, Swiss e Saudia cancelaram todos os seus voos para o Líbano. A companhia de bandeira MEA transferiu a maioria dos seus 24 aviões para outros países, deixando apenas oito em funcionamento no aeroporto de Beirute, após as companhias de seguros terem reduzido a cobertura das apólices para danos em tempo de guerra.
No aeroporto de Beirute, nota-se o vazio. Poucos aviões na pista, praticamente nenhumas filas, raros passageiros.
"Os turistas, como por exemplo os muitos libaneses a viver fora do país, trazem com eles moeda estrangeira que ajuda os libaneses a lidar com a crise", diz à Lusa Sibylle Rizk, diretora de políticas públicas na Kulluna Irada, ONG focada em reforma política no Líbano.
A decisão da MEA levou a uma quebra de 80% nos voos da companhia e gerou críticas do Governo.
"Fui completamente contra esta decisão porque isto cria um impacto muito negativo no país", diz à Lusa o ministro da Economia do Líbano, Amin Salam.
"Isto envia uma mensagem negativa lá para fora, seja para os visitantes do Líbano, seja para os importadores e exportadores para o Líbano, e cria um impacto negativo na economia", diz o ministro.
A especialista em economia Sibylle Rizk explica também que "as companhias de seguros já consideram que o Líbano está em guerra e o custo dos seguros aumentou para todas as mercadorias em direção ao Líbano, o que vai ter um impacto nos preços num país onde a inflação já estava em altíssimos níveis".
O ministro da Economia Amin Salam diz à Lusa que o aumento de preços pode rondar entre 1% e 3%, embora considere ainda cedo para saber os efeitos totais. As consequências de uma nova guerra no Líbano, frisa, são incalculáveis.
Durante a última guerra entre o Hezbollah e Israel, em 2006, Israel bombardeou o aeroporto de Beirute, o único da cidade, as estradas de acesso à fronteira com a Síria, e impôs um embargo total às vias marítimas. Se isso se repetir agora, o país já enfraquecido por uma crise económica prolongada e altamente dependente de importações, fica sem saída para os seus residentes, e sem entrada para bens essenciais como comida e combustível.
"O que quer que seja que aconteça que leve o Líbano a entrar numa guerra, vai mesmo levar-nos de volta à Idade Média, e estou a falar a sério", diz o ministro Salam.
"Porque as nossas infraestruturas estão muito, muito mal, e a nossa economia está numa posição muito frágil. Não nos podemos dar ao luxo nem de um empurrãozinho, nem de uma pequena escalada [de violência]", diz Salam.
Uma declaração do deputado português Duarte Pacheco provocou polémica na Assembleia-Geral da União Interparlamentar, em Luanda. No discurso, enquanto presidente cessante da União Interparlamentar, considerou que Israel tem o direito de se defender, respeitando o direito internacional.
Foto: Shannon Stapleton - Reuters
É a resposta às declarações de António Guterres na reunião do Conselho de Segurança, onde condenou as violações dos Direitos Humanos em Gaza e disse que "os ataques do Hamas não surgiram do nada". Israel já pediu a demissão do secretário-geral da ONU.
Os enviados especiais José Manuel Rosendo e Marques de Almeida registam as repercussões diplomáticas das declarações do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, sobre a situação no território.
Segundo o governo do Reino Unido a bordo vão 76.800 pacotes para tratamentos de feridas, 1.350 filtros de água e 2.256 lâmpadas de carregamento solar.UK delivers humanitarian aid to support Palestinian civilians: https://t.co/QXNfam3Oso
— Ministry of Defence 🇬🇧 (@DefenceHQ) October 25, 2023
A @RoyalAirForce C-17 aircraft is en route to Egypt to deliver vital humanitarian aid to Palestinian civilians, including 76,800 wound care packs, 1,350 water filters and 2,5560 solar lights. pic.twitter.com/rpqOfXiDZn
Abdul Rahman Al Masri, médico e chefe do departamento de emergência do Al-Aqsa Martyrs Hospital, afirmou à CNN que os pais estavam preocupados com o que "pudesse acontecer e ninguém fosse capaz de identificar os seus filhos".This heartbreaking video reveals Palestinian children using ink to inscribe their names on their arms, a poignant act aimed at ensuring their identification in the aftermath of Israeli airstrikes.
— Islam Channel (@Islamchannel) October 23, 2023
Source: TRT World#news #gaza #childrenofgaza #palestine #israel #worldnews pic.twitter.com/geOrTOr2Nd
"Tenho o prazer de dizer que o Catar está a tornar-se uma parte essencial e uma parte interessada na facilitação de soluções humanitárias", disse Hanegbi num post em inglês na plataforma social X.I’m pleased to say that Qatar is becoming an essential party and stakeholder in the facilitation of humanitarian solutions.
— Tzachi Hanegbi • צחי הנגבי (@Tzachi_Hanegbi) October 25, 2023
Qatar’s diplomatic efforts are crucial at this time.
🔺Nearly 600,000 internally displaced people are sheltering in 150 @UNRWA facilities.
— UNRWA (@UNRWA) October 25, 2023
🔺Our shelters are FOUR times over their capacities - many people are sleeping in the streets as current facilities are overwhelmed.
🔺At least 40 @UNRWA installations have been impacted. pic.twitter.com/2nHuZBSN7T
O vice-primeiro-ministro italiano Matteo Salvini criticou hoje o secretário-geral da ONU, António Guterres, por ter afirmado que os ataques do grupo islamita Hamas em Israel foram terríveis, mas não aconteceram do nada.
Salvini considerou os comentários de Guterres "graves e inaceitáveis", segundo a agência italiana ANSA.
O também ministro dos Transportes e Infraestruturas disse que "não pode haver justificação para o terrorismo".
Salvini, um dos dois vice-primeiro-ministros do Governo ultraconservador, encontrou-se na terça-feira com um grupo de sobreviventes israelitas e famílias de reféns detidos pelo Hamas.
Guterres condenou na terça-feira os "atos de terror" do Hamas de 07 de outubro, mas disse que "não aconteceram do nada", referindo que os palestinianos foram sujeitos "a 56 anos de ocupação sufocante".
"Viram as suas terras serem continuamente devoradas por colonatos e assoladas pela violência, a sua economia foi sufocada, as suas pessoas foram deslocadas e as suas casas demolidas", afirmou.
"As suas esperanças de uma solução política para a sua situação têm vindo a desaparecer", acrescentou o antigo primeiro-ministro português na abertura de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU.
Israel pediu a demissão de Guterres por considerar que estava a justificar o terrorismo e admitiu que irá rever as relações com a Organização das Nações Unidas.
O Hamas fez um ataque sem precedentes em Israel em 07 de outubro que as autoridades israelitas disseram ter causado mais de 1.400 mortos.
O grupo palestiniano também raptou duas centenas de israelitas e estrangeiros que mantém como reféns em Gaza.
Em retaliação, Israel declarou guerra ao Hamas e cercou a Faixa de Gaza, um pequeno território com 2,3 milhões de habitantes controlado pelo grupo islamita desde 2007.
O exército israelita tem bombardeado Gaza desde então, com um balanço de mais de 5.800 mortos, segundo o Hamas.
Israel, Estados Unidos e União Europeia qualificam o Hamas como uma organização terrorista.
A guerra entre Israel e o Hamas já está a afetar as economias dos países vizinhos, disse hoje a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) num fórum de investidores em Riade, na Arábia Saudita.
"Olhem para os países vizinhos: Egito, Líbano, Jordânia, onde os impactos já são visíveis", disse Kristalina Georgieva.
A declaração de Georgieva ocorre um dia depois de altos responsáveis financeiros terem alertado, na abertura do fórum de investidores em Riade, sobre um possível golpe para a economia global causado pela guerra entre Israel e o Hamas.
"O que estamos a ver é mais nervosismo num mundo já ansioso. Há países que dependem do turismo e a incerteza é prejudicial para os fluxos turísticos", disse a diretora-geral do FMI.
Descrevendo os riscos específicos para a região, sublinhou que "os investidores estarão relutantes em ir para estes países, que o custo do seguro - se quiser transportar mercadorias - aumentará e que há riscos de um aumento no número de refugiados em países que já acolhem muitos deles.
Mais de seis mil delegados participam em Riade durante três dias na conferência anual da Iniciativa de Investimento no Futuro, incluindo os dirigentes dos principais bancos e empresas mundiais, e os presidentes da Coreia do Sul, do Quénia e do Ruanda.
Ahmed Zakot - Reuters
As Nações Unidas dão conta de que um em cada três hospitais da Faixa de Gaza está inoperacional. A falta de meios, combustível, eletricidade ou mesmo por danos provocados pelos bombardeamentos israelitas estão a deixar o território sem capacidade de socorro à população.
Oito soldados sírios foram mortos e sete feridos em ataques israelitas contra posições do exército da Síria no sul do país, informou hoje a imprensa estatal síria.
"Por volta das 01:45 [23:45 de terça-feira em Lisboa], o inimigo israelita realizou um ataque aéreo a partir dos Golãs ocupados", visando posições do exército sírio na província de Daraa, de acordo com uma fonte militar citada pela agência de notícias SANA.
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) confirmaram esta madrugada o lançamento de ataques aéreos contra infraestrutura militar na Síria, em retaliação por ataques sírios em direção a território israelita.
"Em resposta ao lançamento de foguetes da Síria contra Israel ontem [na terça-feira], os caças das IDF atacaram a infraestrutura militar e os lançadores de morteiros pertencentes ao exército sírio", informaram as forças armadas na rede social X (antigo Twitter).
Pelo menos dois projéteis foram lançados na terça-feira da província de Deraa, no sul da Síria, em direção a Israel, que respondeu com fogo de artilharia, no terceiro incidente desse tipo desde o início da guerra em Gaza, relataram várias fontes.
"Foram identificados dois lançamentos da Síria contra território israelita, que caíram em locais abertos. As Forças de Defesa de Israel responderam com fogo de artilharia contra as origens do lançamento", disseram os militares israelitas, sem oferecer mais detalhes.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), organização não-governamental com sede no Reino Unido e uma ampla rede de fontes no terreno, indicou que o lançamento foi feito da região de Deraa e atribuiu a ação a "combatentes leais" ao grupo xiita libanês Hezbollah.
Tanto o Hezbollah como outros grupos armados apoiados pelo Irão estão presentes no território sírio e são aliados do Governo do Presidente sírio, Bashar al-Assad, considerando Israel a sua permanência nesse país vizinho uma ameaça para a segurança israelita.
O movimento xiita já está envolvido em intensos ataques transfronteiriços com Israel a partir do sul do Líbano.
Este é o terceiro ataque deste tipo efetuado a partir da Síria desde o início da guerra entre Israel e os combatentes do movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza, depois de outros realizados a partir de Deraa e da província vizinha, Quneitra, a 14 e 10 de outubro, respetivamente.
O Estado hebraico respondeu aos últimos projéteis, no dia 14, disparando mísseis sobre o Aeroporto Internacional de Alepo, no noroeste da Síria.
Desde que eclodiu a guerra de Gaza, há mais de duas semanas, a aviação militar israelita também efetuou outros dois ataques simultâneos contra esse aeroporto e o de Damasco, deixando-os temporariamente fora de serviço, por danos sofridos.
Israel ataca o território sírio com relativa frequência, a maioria das vezes com mísseis disparados do ar, tendo como alvo o Hezbollah e outras milícias pró-iranianas.
O secretário-geral da ONU acusa o Hamas e Israel de clara violação dos Direitos Humanos em Gaza. As Nações Unidas insistem num cessar-fogo humanitário para evitar a catástrofe. Esta terça-feira não passaram camiões na fronteira de Rafah.
As palavras de António Guterres no Conselho de Segurança da ONU não levou a boas reações de ambas as partes. Israel acusa António Guterres de não viver neste mundo e a Palestina acusa a ONU de inação em Gaza.
O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação defendeu a retoma dos esforços políticos em prol da "solução de dois estados" entre Israel e Palestina e apelou à libertação imediata dos reféns detidos pelo Hamas.
Numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para abordar o conflito no Médio Oriente, na terça-feira, Francisco André condenou ainda o grupo islamita Hamas e apoiou os apelos do secretário-geral da ONU, António Guterres, à entrada de ajuda humanitária em Gaza.
"O terrorismo, em todas as suas formas, deve ser condenado e serei muito claro: os reféns devem ser libertados imediatamente e sem condições prévias. Ao mesmo tempo, as ações de Israel devem respeitar estritamente o direito humanitário internacional, independentemente de quão legítimos sejam os seus objetivos", defendeu o secretário de Estado.
Manifestando solidariedade e apoio ao direito de Israel à autodefesa, Francisco André definiu como prioridade evitar que mais vidas de civis sejam perdidas no conflito, sublinhando que a "punição coletiva das populações civis é contrária ao direito humanitário internacional".
"Estamos a testemunhar uma catástrofe humanitária, que aumenta a cada dia. Devemos agir rapidamente. Portugal apoia o apelo do secretário-geral, António Guterres, por um cessar-fogo humanitário", declarou.
O secretário de Estado defendeu que a natureza e a complexidade das questões em jogo devem ser tidas em conta, observando que, apesar das grandes expectativas geradas pelos Acordos de Oslo há três décadas, o povo palestiniano não obteve o estatuto de Estado.
"Milhões de pessoas foram deslocadas durante gerações e, de facto, continuam a ser desenraizadas nos tempos contemporâneos. Deve ser demonstrado que o caminho político não-violento é o caminho que vale a pena seguir. Temos de regressar à via diplomática. É a única forma de quebrar o ciclo de violência e extremismo", reforçou.
Com um olhar no futuro depois da guerra, o secretário de Estado defendeu que seja estabelecido um caminho claro e sólido para um Estado palestiniano, que cumpra a solução de dois estados.
"Este é o único caminho para uma paz duradoura e sustentável", concluiu.
Reação às declarações de António Guterres
A reunião do Conselho de Segurança da ONU de terça-feira ficou marcada pelas declarações de António Guterres, que disse que os ataques do grupo islamita palestiniano Hamas "não aconteceram do nada", o que resultou na indignação do governo de Israel, que pediu a demissão do líder da ONU.
Guterres condenou inequivocamente os "atos de terror" e "sem precedentes" de 7 de outubro perpetrados pelo Hamas em Israel, mas admitiu ser "importante reconhecer" que o povo palestiniano "foi sujeito a 56 anos de ocupação sufocante".
"Viram as suas terras serem continuamente devoradas por colonatos e assoladas pela violência; a sua economia foi sufocada; as suas pessoas foram deslocadas e as suas casas demolidas. As suas esperanças de uma solução política para a sua situação têm vindo a desaparecer", prosseguiu Guterres, na mesma intervenção.
O líder da ONU sublinhou, porém, que "as queixas do povo palestiniano não podem justificar os terríveis ataques do Hamas", frisando ainda que "esses ataques terríveis não podem justificar a punição coletiva do povo palestiniano".
Face a essas declarações, o embaixador israelita junto da ONU, Gilad Erdan, disse à Lusa que Israel vai reavaliar as relações com a ONU e pediu a demissão de Guterres.
"Depois daquilo que o líder desta organização acabou de dizer, apoiando o terrorismo, não há outra forma de explicar. Obviamente, o nosso Governo terá de reavaliar as relações com a ONU e os seus funcionários que estão estacionados na nossa região", afirmou o representante diplomático.
O Ministério de Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo movimento islamita Hamas, disse que ataques aéreos israelitas mataram pelo menos 704 pessoas, a maioria mulheres e crianças, nas últimas 24 horas.
Num comunicado, o ministério disse que os ataques causaram o desabamento de prédios residenciais, causando em alguns casos a morte de dezenas de moradores.
Duas famílias perderam um total de 47 membros numa casa destruída em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, disse o ministério.
Também no sul de Gaza, em Khan Younis, um ataque a um prédio de quatro andares matou pelo menos 32 pessoas, incluindo 13 membros de uma só família, disse Ammar al-Butta, um familiar que sobreviveu ao ataque.
Cerca de 100 pessoas encontravam-se abrigadas no prédio, incluindo muitas que haviam sido retiradas da Cidade de Gaza, no norte do enclave, notou Ammar al-Butta.
"Achávamos que a nossa área seria segura", continuou al-Butta à agência de notícias Associated Press (AP).
Isto porque, a 13 de outubro, Israel emitiu uma "ordem de deslocação" para cerca de 1,1 milhões de pessoas no norte da Faixa de Gaza para sul, ameaçando lançar uma incursão terrestre no território palestiniano.
Um outro ataque destruiu um movimentado mercado no campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza, disseram testemunhas à AP.
Na Cidade de Gaza, pelo menos 19 pessoas morreram quando um ataque aéreo atingiu uma habitação, de acordo com sobreviventes, que afirmaram que dezenas de outras pessoas permaneceram soterradas.
Na terça-feira, o ministério tinha anunciado que 5.791 pessoas, na grande maioria civis, incluindo mais de 2.300 crianças, foram mortas desde 7 de outubro, quando iniciaram os ataques contra Gaza, em retaliação a uma ofensiva levada a cabo pelo Hamas contra Israel.
No mesmo dia, a diretora Regional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) para o Médio Oriente e Norte de África, Adele Khodr, disse que pelo menos 2.360 crianças tinham morrido e 5.364 ficado feridas.
Foto: Amir Cohen - Reuters
O exército israelita quer avançar rapidamente com a ofensiva terrestre sobre Gaza. No entanto, o Governo está a ser fortemente pressionado e hesita em dar luz verde. O impasse entre políticos e militares está também a dividir Israel.
As duas reféns libertadas ontem pelo Hamas relatam a violência que sofreram durante o rapto, mas garantem que depois tiveram acesso a cuidados médicos. As duas mulheres dizem que foram mantidas em cativeiro em túneis subterrâneos muito complexos, como se fossem uma teia de aranha.
Entre os reféns na posse do Hamas podem estar quatro pessoas que também têm nacionalidade portuguesa. Estas quatro pessoas estão desaparecidas e não se sabe se estão ou não nas mãos dos movimentos palestinianos.
Já tem nacionalidade portuguesa o cidadão israelita refém do Hamas que aguardava a certidão de Portugal. O Governo acelerou os procedimentos perante a situação de urgência.
Depois do encontro com Benjamin Netanyahu, Emmanuel Macron esteve com o presidente da Autoridade Palestiniana, na Cisjordânia.