Acompanhamos aqui todos os desenvolvimentos sobre o reacender do conflito israelo-palestiniano, após a vaga de ataques do Hamas e a consequente retaliação das forças do Estado hebraico.
Acompanhamos aqui todos os desenvolvimentos sobre o reacender do conflito israelo-palestiniano, após a vaga de ataques do Hamas e a consequente retaliação das forças do Estado hebraico.
Residentes começam a sair da Faixa de Gaza após a ordem de evacuação de 24 horas por parte de Israel Kacper Pempel - Reuters
O primeiro-ministro de Israel avisa que a ofensiva lançada contra o Hamas ainda está no princípio. Numa comunicação ao país, Benjamin Netanyahu não confirmou o início do avanço terrestre, mas garantiu que as tropas israelitas vão atacar os inimigos com uma força sem precedentes.
A incursão militar israelita já começou, confirmou o enviado especial da RTP, José Rosendo, citando fontes do "próprio exército" de Israel.
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, alertou hoje que "até as guerras têm regras" e que nalguns casos "simplesmente não é possível" mover mais de um milhão de palestinianos, como pretende Israel na Faixa de Gaza.
A presidente da Comissão Europeia fez hoje, pela primeira vez desde sábado, uma distinção entre o ataque do movimento islamita Hamas e a população palestiniana, e defendeu que "o terror" também está a ameaçar "os inocentes palestinianos".
"Quero deixar bem claro que o Hamas é o único responsável pelo que está a acontecer. Os atos do Hamas não têm nada que ver com as legítimas aspirações da população palestiniana. Pelo contrário, o horror desencadeado pelo Hamas só está a trazer mais sofrimento aos inocentes palestinianos", sustentou Ursula von der Leyen, em comunicado, depois de um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, em Telavive.
A presidente da Comissão e a líder do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, deslocaram-se hoje a Israel para demonstrar a solidariedade da União Europeia (UE) para com a população israelita, depois de um ataque surpresa perpetrado pelo Hamas no último fim de semana e que foi considerado o pior na história do país.
Ursula von der Leyen foi alvo de críticas nos últimos dias por não se ter pronunciado sobre o povo palestiniano e sobre a retaliação israelita contra o Hamas, que já provocou mais de mil mortos na Faixa de Gaza, território controlado pelo movimento islamita desde 2007.
"Eles [palestinianos] também estão ameaçados. As ações desprezíveis do Hamas são o cunho dos terroristas", completou.
Indo ao encontro das posições manifestadas por outros responsáveis internacionais nos últimos dias, que reconheceram o direito de Israel à sua defesa mas de forma proporcional e no respeito pela lei internacional, Ursula von der Leyen frisou: "Sei que a maneira como Israel responder vai mostrar que é uma democracia".
A líder do executivo comunitário acrescentou que ao longo da semana esteve "em contacto com o Rei Abdullah II da Jordânia e o Presidente El-Sisi do Egito" e que os 27 vão continuar "a trabalhar para um Médio Oriente integrado e pacífico".
E advertiu que as ações do Hamas "arriscam afetar a reaproximação histórica entre Israel e os seus vizinhos árabes".
Perante Netanyahu, Von der Leyen sugeriu que pode ser propositada a perpetuação do conflito israelo-palestiniano, e de outros naquela região.
"Devíamos observar com atenção aqueles que ganham com a perpetuação do conflito no Médio Oriente, como o Irão e a Rússia. É altura de trabalhar ainda mais de perto com Israel e com os países da região pela estabilidade e contra o terror", concluiu.
Em Jerusalém, israelitas e palestinianos têm opiniões opostas relativamente à guerra entre Israel e o Hamas.
Dor Shapira, embaixador de Israel em Portugal, garantiu que o país está a tentar minimizar as consequências com civis, "algo que nenhum outro estado fez", ao pedir a evacuação do norte de Gaza.
Milhares de apoiantes dos palestinianos e de Israel protestam e rezam enquanto a guerra se intensifica.
O secretário de Estado norte-americano diz que o Hamas está utilizar refugiados palestinianos como escudos humanos.
A ONU diz que a situação em Gaza caminha para uma catástrofe humanitária. As Nações Unidas apelam a Israel para respeitar a lei internacional.
Cerca de 25 pessoas detidas em França, devido a mais de 400 atos anti-semitas registados esta semana, e a denúncia de Rishi Sunak, o primeiro-ministro do Reino Unido, do "aumento repugnante" dos ataques contra judeus no país, são apenas dois sintomas de uma tendência que se agravou em vários países europeus desde a resposta musculada de Israel aos ataques do Hamas no último sábado, 7 de outubro.
Johanna Geron - Reuters
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, está em Israel e reuniu-se esta tarde de sexta-feira com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
Uma israelita que sobreviveu a um ataque do movimento islamita Hamas no passado sábado, em que perdeu amigos e vizinhos, uns mortos e outros raptados, recorda o momento pela "tamanha crueldade".
"Não sabia que podia haver tamanha crueldade. Há a guerra e depois... há isto", afirmou à Lusa Shahar, uma israelita de 33 anos que atualmente vive em Espanha e que estava em Israel de férias, quando o Hamas perpetrou o maior ataque de sempre em território israelita, desencadeando um conflito com Telavive que já fez mais de 3.100 mortos e milhares de feridos dos dois lados.
A mulher e uma das suas irmãs, de 29 anos, esconderam-se durante 35 horas no `kibbutz` Magen - a menos de cinco quilómetros da fronteira com a Faixa de Gaza -, onde também estava o pai, num outro abrigo, sem qualquer informação do que se passava no exterior e com pouca esperança de sobreviver.
A família acordou pelas 06:30 de sábado com os alarmes e sons de tiros, o que levou Shahar a perceber rapidamente que "não era só mais um `rocket`" dos palestinianos.
As duas irmãs esconderam-se num `quarto seguro`, uma habitação à prova de foguetes mas onde não se podiam trancar.
"Fechámos todas as janelas, apagámos as luzes e agarrámos em facas de cozinha", relatou a israelita.
Sem o exército por perto, os cerca de 450 habitantes do `kibbutz`, num total de 160 famílias, defenderam-se a si próprios: um grupo de 12 "homens incrivelmente corajosos", entre os 20 e os 70 anos, pegou em armas e impediu o avanço dos atacantes.
"Homens que deixaram as famílias para trás e enfrentaram o perigo para nos proteger a todos. Infelizmente, um morreu, outro foi raptado e soubemos agora que morreu, dois ficaram feridos, um deles teve uma perna amputada", lamentou.
Os combates prolongaram-se por mais de sete horas. No interior da casa, as duas irmãs tinham tomado uma decisão: "Sabíamos o que era preciso fazer. Não seríamos levadas como reféns", descreveu.
Com uma mão dada e a outra a segurar uma faca, as irmãs comprometeram-se a matar-se uma à outra caso os militantes dos Hamas as encontrassem.
"Despedimo-nos uma da outra, mandámos mensagens à nossa mãe e outra irmã [que estavam fora do país] e prometemos que nos encontraríamos na próxima vida", relatou.
Mais tarde, as irmãs conseguiram juntar-se ao pai. Eventualmente, o exército israelita chegou ao kibbutz e conseguiu terminar o ataque. Depois de os militares dizerem que já era "mais seguro" sair das casas, os três fugiram.
"Pegámos no nosso cão e fomos para o carro. Quinze minutos depois, o exército avisou que ainda havia terroristas no local e que devíamos voltar a abrigar-nos, mas nós já estávamos na estrada e decidimos continuar", contou, descrevendo o que viu na estrada: sangue, roupas, sapatos.
Shahar relatou, horrorizada, que os atacantes queimaram famílias inteiras vivas.
"Uns amigos nossos foram raptados, com uma criança de três anos e um bebé de seis meses", disse, a chorar.
Com o passar do tempo, chega mais informação sobre o que aconteceu a amigos e vizinhos.
"Todos os dias sabemos de mais pessoas que morreram ou foram raptadas. A lista continua e continua", lamentou.
Os três abrigaram-se em casa de familiares, no centro do Israel, onde passaram uma noite e, no dia seguinte, foram para o aeroporto, para tentar fugir do país.
"O aeroporto estava cheio, as companhias tinham cancelado os voos. Queríamos encontrar um voo com três lugares para qualquer lado".
Acabaram por conseguir embarcar para Lisboa, onde chegaram na terça-feira.
O pai de Shahar adoeceu entretanto, com febres fortes. A família espera reunir-se em breve e depois irão decidir "de onde podem ajudar melhor".
A prioridade agora é deixar os pais num local seguro e as três irmãs admitem regressar ao seu país.
"O meu medo é que agora que Israel passou para modo de ataque, a única coisa que as pessoas vão ver é isso: Israel a bombardear Gaza. Mas elas precisam de saber o que levou a isto, o que nós vivemos".
Mohammed Saber - EPA
Se os cuidados de saúde já são muito precários em Gaza, a situação agravou-se de forma clara com o bloqueio de Israel.
Pelo menos um jornalista morreu e três outros ficaram feridos hoje num bombardeamento das forças israelitas ao sul do Líbano, onde se regista um aumento da violência desde domingo passado.
`Rockets` caíram ao fim da tarde num setor onde se encontrava um grupo de jornalistas de pelo menos três órgãos de comunicação social diferentes, na aldeia fronteiriça de Aalma ech Chaab.
Dois dos jornalistas feridos quando o veículo em que seguiam foi atingido são uma correspondente e um repórter de imagem da Al-Jazeera, noticiou a estação televisiva, identificando-os como Karmen Bakhindar e Eli Brakhia, respetivamente.
Foto: Benjamin Davies - Unsplash
Em Londres, quatro escolas foram encerradas numa zona onde vive uma comunidade judaica com cerca de 25 mil pessoas.
O Líbano está sob ameaça de ser arrastado para uma guerra com Israel, pelas milícias do Hezbollah manipuladas pelo Irão, que poderá decidir ser do seu interesse atacar as forças israelitas, segundo analistas libaneses ouvidos pela Lusa.
Hanin Ghajar, membro sénior no Programa Tony Ruban sobre Políticas Árabes do The Washington Institute, disse à Lusa que a resposta sobre uma possível ofensiva contra Israel, numa altura em que os as forças israelitas se preparam para entrar em Gaza em resposta ao ataque do Hamas no passado sábado, está no Irão.
"Esta decisão não é feita em Beirute. É feita dentro do Hezbollah", explicou. "O que temos que considerar, quando envolvemos o Irão, é se o envolvimento do Hezbollah [na guerra] iria ajudar o Irão a ganhar ou perder mais com isto".
Hanin Ghajar considera que o Irão tem mais a perder do que a ganhar com uma possível entrada de Hezbollah no conflito a sul.
"O Hezbollah é a carta mais forte que o Irão tem na região. Se o Hezbollah entrar em guerra, só vai perder [porque] Israel vai responder de forma muito forte e o Hezbollah não vai ter espaço ou orçamento para reconstruir e recarregar [armamento], e o Irão irá perder a sua carta mais forte", diz Ghajar à Lusa.
"Portanto eles não querem fazer isso. A prioridade do Irão é o que o Irão pode ganhar em dinâmicas regionais internacionais e não precisam de mais, e eles já estão a ter ganhos [com a situação em Gaza] portanto não precisam de fazer mais nada", Ghajar explica.
A analista diz que até agora o Irão tem conseguido cumprir os seus objetivos sem envolvimento direto no conflito, como é o caso da suspensão dos acordos económicos e normalização de relações entre a Arábia Saudita e Israel, que tinha vindo a desenvolver-se nos últimos tempos.
Com a suspensão do acordo, diz Ghajar, o Irão voltou a "ganhar a sua vantagem nas dinâmicas do Médio Oriente, renovou as ameaças a Israel e fortaleceu a narrativa da resistência e apoio a Gaza e ao Hamas pelo mundo árabe".
No entanto o envolvimento do Hezbollah ainda não está fora da mesa. O Ministro dos Negócios Estrangeiros Iraniano, Hossein Amir Abdollahin, reuniu-se hoje em Beirute com o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah para discutir "posições e possíveis consequências".
As ofensivas de dissuasão iniciadas pelo Hezbollah no domingo foram parte da resposta da operação "Al-Aqsa" levada a cabo pelo Hamas, disse em comunicado o grupo xiita libanês.
Hanin Ghajar reconhece que a situação pode mudar e que o Irão poderá usar o Hezbollah "se perceber que esta guerra é uma oportunidade para ganhar ainda mais".
Desde o início do conflito entre o grupo palestiniano Hamas e Israel, têm-se registado confrontos na fronteira norte de Israel com o Líbano, de onde Hezbollah e grupos militantes palestinianos têm lançado foguetes e mísseis. Israel tem respondido com ataques aéreos que já mataram três membros do grupo xiita.
No entanto, as operações no sul do Líbano são até agora consideradas apenas parte das manobras de dissuasão que têm acontecido ao longo dos anos e que "não escalaram para um conflito". A situação na área "continua estável mas volátil", de acordo com comunicado da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL).
Firas Maksad, membro sénior do Middle East Institute, diz que o Hezbollah está a "brincar com o fogo... a molestar Israel para tentar impedi-lo de destruir o Hamas em Gaza".
Este analista libanês defende que o Hezbollah e o Irão não terão opção senão atacar Israel caso as forças israelitas invadam Gaza.
Nessa eventualidade, o Hezbollah terá um preço a pagar dentro do Líbano, onde, à medida que os dias passam, aumenta o medo de uma nova guerra, principalmente no sul do Líbano, onde a população maioritariamente xiita é o coração dos eleitores do partido.
Desde o início das hostilidades na fronteira, as autoridades já registaram mais de 900 residentes retirados das zonas fronteiriças e alojados em abrigos temporários. Estima-se que muitos mais deixaram as suas casas e até o país.
Muitos libaneses consideram que o Hezbollah é a única proteção que o Líbano tem contra Israel. Outros acham que o Hezbollah é um barril de pólvora que pode explodir a qualquer altura num conflito onde o sangue derramado será libanês.
"O Líbano nunca quis ou procurou uma guerra", disse hoje o ministro dos negócios estrangeiros libanês, Abdallah Bou Habib, após um encontro com o seu homólogo Iraniano, Hossein Amir Abdollahian.
"Avisamos que a escalada contínua de violência vai incendiar a região e ameaçar a segurança e paz local", disse Bou Habib.
O primeiro-ministro libanês Najib Mikati disse, num discurso ao país na quinta-feira, que o Líbano está "no olho da tempestade".
No entanto o poder do governo Libanês sobre o Hezbollah é mínimo, diz Ghajar: "Nós não temos um governo, não temos um Estado. Os responsáveis libaneses estão no país das fantasias, é um coma", diz.
O primeiro-ministro Najib Mikati e o seu governo foram eleitos com o apoio do Hezbollah. Nabih Berri, o porta-voz do parlamento, uma posição poderosa no sistema libanês, é do partido xiita Amal, aliado do Hezbollah. O partido apoiado pelo Irão, com os seus aliados, tem praticamente a maioria do parlamento, é conhecido por enfrentar os seus opositores com assassinatos e ameaças.
Estima-se ainda que o poderio militar do Hezbollah ultrapasse o exército libanês em grande escala. O grupo xiita diz que dispõe de mais de 100,000 soldados prontos para o combate. Em Maio deste ano, o partido convidou centenas de jornalistas libaneses e estrangeiros para uma demonstração das suas forças. Dezenas de homens de cara tapada e farda militar mostraram mísseis de longo-alcance, drones, tanques, metralhadores, AK-47s enquanto outros militares disparavam a alvos ou exemplificavam manobras de infiltração e vigilância.
"O Hezbollah é chamado o "Estado dentro de um Estado", mas hoje eu acho que o Líbano é que se tornou um pequeno Estado dentro do Estado do Hezbollah. O Líbano, hoje, rendeu as decisões, especialmente as decisões de guerra ou paz, ao Irão", diz Ghajar, ela própria libanesa xiita do sul do Líbano.
Num país onde o equilíbrio entre os vários setores religiosos se mantém numa paz frágil desde o fim da sangrenta guerra civil (1975-1990), a questão Hezbollah não representa só um risco de conflito externo, mas também de instabilidade interna.
O cardeal Américo Aguiar manifestou hoje, em Fátima, a convicção de que o conflito em Israel "não foi ocasional", mas que "alguma coisa motivou para que acontecesse neste contexto e nestas circunstâncias".
"Infelizmente, e volto a citar o Papa Francisco, nós temos uma terceira guerra mundial aos bocadinhos em muitas geografias. Eu, cidadão, eu bispo, eu cardeal, eu filho de Deus, qualquer coisa fez um clique que o calendário, a oportunidade, a circunstância não foi ocasional, alguma coisa motivou para que acontecesse neste contexto e nestas circunstâncias", acrescentou Américo Aguiar aos jornalistas, no final da missa internacional que encerrou a peregrinação de 12 e 13 de outubro ao Santuário de Fátima.
O futuro bispo de Setúbal, que assumiu não ter "grandes conhecimentos em geopolítica internacional", deixou o desejo de, "um
Foto: Olivier Hoslet - EPA
A Comissão Europeia garante que está atenta e pronta para participar em corredores humanitários na Faixa de Gaza.
Os enviados especiais da RTP ao Médio Oriente, José Manuel Rosendo e Marques de Almeida, descreveram a forma como está a ser recebido o aviso israelita para um acentuar das operações militares contra o Hamas, na Faixa de Gaza.
Foto: Violeta Santos Moura - Reuters
As Nações Unidas pedem a anulação da ordem, uma vez que uma retirada desta dimensão é "impossível sem causar consequências humanitárias devastadoras".
The call from the Israelis Forces to move more than 1 million civilians living in northern 📍#Gaza within 24 hours is horrendous.
— UNRWA (@UNRWA) October 13, 2023
This will only lead to unprecedented levels of misery and further push people in #Gaza into abyss.@UNRWA STATEMENT⬇️https://t.co/XzgFBmHAGG
Hospitals in Gaza are at a breaking point.
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) October 13, 2023
Without immediate entry of aid, essential health care services will come to a halt.
I visited Gaza in 2018. Access to care was already difficult. I know firsthand that a mass evacuation to the enclave's south would be disastrous - for… https://t.co/wZ9gCrN05k
O Hamas rejeitou o ultimato de 24 horas dado pelo exército israelita para a retirada de civis do norte de Gaza, considerando que se trata de propaganda. O grupo islamita diz, por isso, que as pessoas devem ficar em casa.
Forças blindadas israelitas estavam hoje concentradas nos arredores de Sderot, a pouco mais de cinco quilómetros a leste da Faixa de Gaza, enquanto era visível a saída de civis da cidade do sul de Israel.
Trata-se de mais de duas dezenas de carros de combate que vão atravessando a estrada circular de Hiesdor, pouco depois da intersecção da autoestrada número 3, que liga a região à cidade de Jerusalém.
"Eu não vou sair daqui", disse o jovem israelita Aziz à agência Lusa, enquanto aguardava numa fila a passagem dos tanques que bloqueou a estrada usada pelos civis para se dirigirem sobretudo para norte.
Hoje, sexta-feira, é o dia mais sagrado da semana para a religião muçulmana e várias mesquitas por todo o Israel foram encerradas pelas forças de segurança para evitar os apelos a eventuais protestos de palestinianos.
No sábado, cumpre-se uma semana do início da ofensiva de grande escola do movimento islamita Hamas contra Israel.
O exército israelita avisou hoje que vai operar com uma "força significativa" em Gaza nos próximos dias e deu um prazo de 24 horas para que a população do norte se retirasse para sul.
O Hamas rejeitou o ultimato.
A ONU disse que a ordem do exército israelita implica a deslocação de mais de um milhão de pessoas e advertiu que poderá originar uma "situação catastrófica" em Gaza.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês) anunciou, no entanto, que se retirou para o sul da Faixa de Gaza.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou hoje que o sistema de saúde na Faixa de Gaza está num ponto de rutura e que o tempo está a esgotar-se para evitar uma catástrofe humanitária.
"Os hospitais só têm algumas horas de eletricidade por dia, pois são obrigados a racionar as reservas energéticas que têm e que estão a esgotar-se", adiantou a OMS.
Segundo a Organização, a dependência dos geradores é total para manter as funções mais críticas.
"No entanto, estas funções vitais também serão interrompidas dentro de alguns dias à medida que as reservas de combustível se esgotarem, o que teria um impacto devastador nos pacientes mais vulneráveis, incluindo os feridos que necessitam de cirurgia, os pacientes em cuidados intensivos e os recém-nascidos em incubadoras", destaca a OMS.
A OMS informou que em todos os hospitais a prioridade são agora os cuidados de emergência para salvar vidas, o que vem perturbar todos os outros serviços, como os cuidados obstétricos, os cuidados para doenças como o cancro e as doenças cardíacas, e o tratamento de infeções comuns.
Os deslocados na Faixa de Gaza pelos ataques do exército israelita ultrapassaram os 423 mil, 25% mais do que no dia anterior, informou o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação da Ajuda Humanitária (OCHA).
Segundo dados fornecidos pelo Ministério da Saúde de Gaza à ONU, nas últimas 24 horas foram mortos mais 317 palestinianos, elevando o número total para 1.417 e sem ter em conta as pessoas encontradas sob os escombros dos edifícios bombardeados, nem os milicianos mortos durante a incursão em território israelita no sábado passado.
Os palestinianos feridos totalizam 6.268 após os ataques que hoje entram no sétimo dia.
O movimento islamita Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, lançou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação "Tempestade al-Aqsa", com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de rebeldes armados por terra, mar e ar.
Em resposta, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas naquele território palestiniano, numa operação que batizou como "Espadas de Ferro".
O grupo islamita Hamas rejeitou hoje o ultimato de 24 horas dado pelo exército israelita para que os civis se retirassem do norte da Faixa de Gaza.
A ordem israelita implica a deslocação de cerca de metade dos 2,3 milhões de pessoas que residem na Faixa de Gaza.
"O nosso povo palestiniano rejeita a ameaça dos dirigentes da ocupação [israelita] e os seus apelos para que abandonem as suas casas e fujam para o sul ou para o Egito", disse o Hamas num comunicado citado pela agência francesa AFP.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), que criticou a ordem israelita, anunciou hoje que se retirou para o sul da Faixa de Gaza.
"Por entendermos que há aqui civis que não são nossos inimigos e que não os queremos atingir, estamos a pedir-lhes que se retirem", justificou um porta-voz do exército de Israel, Jonathan Conricus, citado pela agência norte-americana AP.
Israel tem concentrado forças junto à Faixa de Gaza numa indicação de uma possível ofensiva terrestre, depois de ter bombardeado o território controlado pelo grupo islamita Hamas nos últimos dias.
A escalada no conflito israelo-palestiniano foi desencadeada pela incursão sem precedentes do Hamas em Israel no sábado, matando civis e militares e fazendo mais de uma centena de reféns, levados para a Faixa de Gaza.
Desde então, o conflito provocou mais de 1.300 mortos do lado israelita e mais de 1.500 do lado palestiniano.
Os bombardeamentos israelitas provocaram também mais de 423 mil deslocados na Faixa de Gaza.
Israel bombardeou durante a noite de hoje cerca de 750 alvos na Faixa de Gaza, principalmente quartéis, postos de comando, depósitos de armas e túneis do Hamas, anunciou o exército israelita.
A atual ofensiva seguiu-se à incursão sem precedentes em Israel feita pelo grupo islamita no sábado, que provocou mais de 1.300 mortos, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Israel tem bombardeado a Faixa de Gaza, de que resultaram mais de 1.500 mortos, segundo dados atualizados pelas autoridades de saúde de Gaza.
Israel usou dezenas de caças-bombardeiros nos ataques durante a noite, segundo os militares israelitas, citados pela agência espanhola EFE.
Foram destruídos edifícios onde se encontravam altos responsáveis do Hamas utilizados como centros de comando, centros de comunicações militares, túneis e 12 alvos do grupo islamita em edifícios de vários andares, informou o exército.
Soldados de uma unidade especial mataram três membros do Hamas na cidade de Gaza, especializados em disparar foguetes contra o território israelita, segundo o comunicado militar, que divulgou imagens de uma explosão num edifício isolado.
Os militares informaram ainda que bombardearam a residência de um membro dos comandos Nukhba (elite), especializados em operações navais.
Disseram também ter atingido uma casa que se crê ser a do irmão de Yahya Sinwar, o chefe do Hamas em Gaza.
As informações sobre as operações militares não podem ser verificadas de imediato de forma independente.
Sinwar é o líder do Hamas habitualmente presente na Faixa de Gaza, enquanto o líder máximo, Ismail Haniye, está exilado no Watar há vários anos.
Desde o início da guerra, não se sabe o paradeiro de Sinwar nem de outros altos responsáveis do Hamas na Faixa de Gaza, que não fizeram quaisquer declarações públicas nos últimos dias.
O exército israelita pediu hoje que os civis se retirassem do norte da Faixa de Gaza, incluindo a cidade de Gaza, para o sul do território, o que sugere uma operação terrestre iminente.
A ONU disse que se trata de um movimento de mais de um milhão de pessoas, num pequeno território com 2,3 milhões de habitantes.
O Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, é considerado um grupo terrorista pela União Europeia, Reino Unido, Estados Unidos e Israel.
A ONU anunciou hoje a transferência do seu centro de operações e funcionários para o sul da Faixa de Gaza, na sequência de uma ordem de evacuação da zona dada pelo exército israelita.
Israel deu 24 horas aos civis e organizações internacionais para se retirarem do norte da Faixa de Gaza, no que a ONU disse implicar a movimentação de mais de um milhão de pessoas.
A ordem abrange a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês).
"Por entendermos que há aqui civis que não são nossos inimigos e que não os queremos atingir, estamos a pedir-lhes que se retirem", justificou um porta-voz do exército de Israel, Jonathan Conricus, citado pela agência norte-americana AP.
"A UNRWA transferiu o centro de operações e o pessoal internacional para o sul, a fim de continuar as operações humanitárias e o apoio ao seu pessoal e aos refugiados palestinianos em Gaza", escreveu a ONU nas redes sociais, segundo a agência francesa AFP.
A agência da ONU disse que as autoridades israelitas "devem proteger todos os civis que se encontram nos abrigos e nas escolas da UNRWA" na Faixa de Gaza, onde vivem cerca de 2,3 milhões de pessoas.
A UNRWA lembrou que se trata de instalações que são propriedade das Nações Unidas.
"Devem ser protegidas em todas as circunstâncias e nunca devem ser atacadas, em conformidade com o direito humanitário internacional", acrescentou, segundo a agência espanhola EFE.
O exército israelita avisou hoje que vai operar com uma "força significativa" em Gaza nos próximos dias e apelou para que a população do norte do território se retire para sul para poder atacar o Hamas.
Israel tem concentrado forças junto à Faixa de Gaza numa indicação de uma possível ofensiva terrestre, depois de ter bombardeado o território controlado pelo grupo islamita Hamas nos últimos dias.
A escalada no conflito israelo-palestiniano foi desencadeada pelo Hamas, que fez uma incursão sem precedentes em Israel no sábado, matando civis e militares e fazendo mais de uma centena de reféns, levados para a Faixa de Gaza.
Desde então, o conflito provocou mais de 1.300 mortos do lado israelita e cerca de 1.400 do lado palestiniano.
Os bombardeamentos israelitas provocaram também mais de 423 mil deslocados na Faixa de Gaza.
Foto: Dumitru Doru - EPA
Deslocam-se esta sexta-feira a Israel as presidentes da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu. A presença de Ursula von der Leyen e Roberta Metsola tem como objetivo manifestar solidariedade com as vítimas dos ataques do Hamas.
O exército israelita avisou hoje que vai operar com uma "força significativa" em Gaza nos próximos dias e apelou para que a população do norte do território se retire para sul para poder atacar o Hamas.
"Por entendermos que há aqui civis que não são nossos inimigos e que não os queremos atingir, estamos a pedir-lhes que se retirem", disse o porta-voz do exército de Israel, Jonathan Conricus, citado pela agência norte-americana AP.
Israel tem concentrado forças junto a Faixa de Gaza numa indicação de uma ofensiva terrestre, depois de ter bombardeado o território controlado pelo grupo islamita Hamas nos últimos dias.
A escalada no conflito israelo-palestiniano foi desencadeada pelo Hamas, que fez uma incursão sem precedentes em Israel no sábado, matando civis e militares e fazendo mais de uma centena de reféns, levados para a Faixa de Gaza.
Desde então, o conflito provocou mais de 1.300 mortos do lado israelita e cerca de 1.400 do lado palestiniano.
Gaza tem um longo histórico de conflitos, tendo estado sob o domínio de vários impérios. Quando o reinado do Império Otomano terminou após a I Guerra Mundial, o território tornou-se parte do mandato da Liga das Nações da Palestina sob o domínio britânico. A Declaração Balfour de 1917 preconizou alterações geográficas significativas nestes territórios do Médio Oriente.
Em redor da Faixa de Gaza, a vida é marcada diariamente pelos alertas dos rockets palestinianos, pelo som das explosões em Gaza e pelos disparos da artilharia israelita.
Gaza está à beira de uma catástrofe humanitária depois de Israel ter cortado a água e a energia. Não deixa passar bens de primeira necessidade, alimentos e material de socorro.
O Parlamento israelita aprovou formalmente o governo de unidade nacional e também um gabinete de guerra.
Foto: Mohammed Saber - EPA
Israel assume como único objetivo o extermínio do Hamas através da maior operação militar de sempre que prepara contra Gaza.
Nabil Abuznaid, chefe da missão diplomática da Palestina em Portugal, lembrou que os palestinianos estão a ser alvo de terrorismo há mais de meio século. Numa entrevista exclusiva à RTP esta quinta-feira, Abuznaid frisou ainda que os palestinianos "não vão substituir Israel", até porque já aceitaram viver lado a lado com esse Estado, numa "pequena porção" do território.
O chefe da Missão Diplomática da Palestina em Portugal condena as mortes, mas diz que a ocupação sofrida pelos palestinianos é terrorismo há mais de 50 anos.