As forças israelitas mantiveram, desde a madrugada desta quinta-feira, intensos bombardeamentos sobre a região de Beirute. Em simultâneo, prosseguem as incursões no sul do Líbano. Acompanhamos aqui, ao minuto, o evoluir da situação.
As forças israelitas mantiveram, desde a madrugada desta quinta-feira, intensos bombardeamentos sobre a região de Beirute. Em simultâneo, prosseguem as incursões no sul do Líbano. Acompanhamos aqui, ao minuto, o evoluir da situação.
Atef Safadi - EPA
São várias as frentes que o exército israelita está a atacar, no Médio Oriente. É dessa intensa atividade que nos dão conta os enviados da RTP a Telavive, Paulo Jerónimo e José Pinto Dias.
As forças israelitas lançaram hoje vários bombardeamentos contra alvos do movimento xiita Hezbollah em Beirute, incluindo no centro histórico, pela segunda vez num ano de confrontos, mantendo também a sua ofensiva no sul do país vizinho.
Fonte do Hezbollah relatou hoje à noite onze ataques consecutivos no sul de Beirute, um bastião do movimento pró-iraniano, enquanto correspondentes da agência France-Presse (AFP) na capital ouviam fortes explosões.
O bombardeamento foi tão violento que fez soar os alarmes dos carros e sacudiu edifícios dentro e à volta de Beirute, de acordo com a AFP.
O porta-voz árabe das FDI tinha divulgado hoje à noite imagens do Burj al Barajna, com dois edifícios assinalados a vermelho, pedindo à população para se afastar destes locais. Foi a segunda vez que Israel atacou hoje este bairro.
Durante o dia as Forças de Defesa de Israel (FDI) reportaram quinze bombardeamentos, incluindo um ataque aéreo contra o quartel-general dos serviços de informação do grupo xiita Hezbollah em Beirute e também contra o escritório do seu órgão de comunicação social na mesma cidade.
Segundo o Ministério da Saúde Pública libanês, pelo menos nove pessoas morreram e catorze ficaram feridas no ataque, embora tenham detalhado que estão a analisar os restos de ADN encontrados no local para determinar a contagem final de mortos.
As FDI não especificaram nos seus comunicados quais os bairros de Beirute que foram atacados, mas referiram que os alvos atingidos incluíam vários centros de produção e armazenamento de armas e "outras infraestruturas".
Em Beirute, segundo as FDI, foram atacados os centros de comando do Hezbollah e as operações de inteligência e recolha de informações.
Simultaneamente, Israel continuou os seus intensos bombardeamentos no sul e no leste do Líbano, onde se encontram os principais bastiões do Hezbollah.
Um soldado libanês foi morto num ataque israelita a uma caravana da Cruz Vermelha Libanesa que evacuava vítimas no sul do país, onde quatro voluntários e outro soldado também ficaram feridos.
Em plena ofensiva terrestre, o Exército israelita ordenou hoje a evacuação de cerca de vinte cidades no sul do Líbano, incluindo a cidade de Nabatieh, uma das mais atingidas pelos bombardeamentos israelitas nas últimas semanas.
É a terceira vez que as forças israelitas apelam à evacuação de cidades no sul do Líbano desde que a incursão terrestre começou na noite de segunda-feira.
Em todos os casos, Israel pediu aos civis que se dirigissem para norte do rio Awali, a mais de 50 quilómetros da fronteira e muito mais a norte do rio Litani (30 quilómetros), que marca a zona desmilitarizada designada pela ONU após a guerra de 2006 entre Israel e o Hezbollah, onde não deveria existir qualquer presença armada para além das autoridades libanesas e da missão das Nações Unidas no país (UNIFIL).
Israel afirmou ainda ter morto cerca de 60 combatentes do Hezbollah e ter atingido cerca de 200 "alvos" do Hezbollah em território libanês no último dia.
Já o Ministério da Saúde libanês adiantou que pelo menos 37 pessoas morreram hoje e outras 151 ficaram feridas nas regiões do sul do Líbano, Nabatieh (sul) e Bekaa (leste) em consequência dos ataques israelitas, que causaram quase 2.000 vítimas mortais no último ano, a maioria nos últimos dias.
O Hezbollah contra-atacou lançando pelo menos 120 `rockets` contra o território israelita, vários deles contra a Alta Galileia, onde soaram os alarmes antiaéreos. Alguns foram intercetados e outros tiveram impacto.
Os rebeldes xiitas Huthis do Iémen assumiram também hoje a responsabilidade por um novo ataque com "vários drones" contra Telavive, que "alcançou com sucesso o seu objetivo".
Josep Borrell lamenta a decisão israelita de considerar António Guterres "persona non grata", e reafirma o apoio da União Europeia às Nações Unidas e apela a um cessar fogo no Médio Oriente.
Foto: Reuters TV
Mais portugueses que vivem no Líbano preparam-se para deixar o país. As autoridades portuguesas preparam já um segundo voo. Os enviados da RTP relatam a ansiedade dos que querem regressar a Portugal e fugir da guerra.
Foto: Amr Abdallah Dalsh - Reuters
Beirute e os subúrbios da capital libanesa foram alvos de novos bombardeamentos israelitas. O Hezbollah garante ter morto vários soldados de Israel.
O movimento xiita libanês Hezbollah anunciou hoje ter lançado uma centena de foguetes `Katyusha` e seis mísseis `Falaq`, de fabrico iraniano, contra a cidade israelita de Metula (norte).
"Bombardeámos o local, a povoação e os pomares de Metula com 100 foguetes `Katyusha` e seis mísseis `Falaq`", declarou o grupo, num breve comunicado divulgado pela rede de notícias Al Manar, ligada aos libaneses.
A declaração surge pouco depois de as Forças de Defesa de Israel (IDF) terem informado que cerca de 200 mísseis, bem como vários drones, foram disparados do Líbano através da fronteira para o norte de Israel.
Desde meados de setembro que as forças israelitas intensificaram os seus ataques em território libanês, incluindo Beirute, e confirmaram a morte de grande parte da liderança do grupo, incluindo o seu líder, Hassan Nasrallah. Hoje foi ainda confirmada a morte de mais um soldado israelita que participava na ofensiva terrestre no sul do Líbano, elevando para nove o total de militares mortos desde a incursão em território libanês na madrugada de terça-feira.
Trata-se das primeiras mortes de soldados israelitas em território libanês desde a guerra de 2006.
No seu canal Telegram, o exército israelita anunciou ainda ter intercetado um veículo aéreo não-tripulado no sul do país, enquanto uma milícia iraquiana pró-iraniana afirmou ter atacado a mesma região com um `drone` "com capacidades avançadas".
As forças não comunicaram se há vítimas, nem especificaram o local exato onde o veículo aéreo foi intercetado ou a sua origem.
Já o grupo xiita pró-iraniano Resistência Islâmica no Iraque afirmou, no seu canal Telegram, que, em resposta aos "massacres" cometidos pelo exército israelita, atacou um alvo no sul do país com um `drone` "de capacidades avançadas" utilizado pela primeira vez.
A organização indicou que vai continuar a utilizar estes drones para "atacar posições inimigas com intensidade crescente".
A denominada Resistência Islâmica no Iraque reivindicou a responsabilidade por três ataques com `drones` contra o norte de Israel e avisou que irá intensificar as suas ações em resposta aos bombardeamentos israelitas em Gaza e no Líbano.
Os ataques destas milícias, que compõem o chamado "Eixo da Resistência", surgem depois de o Irão ter atacado Israel na terça-feira com mais de 200 mísseis, a segunda ação iraniana desde abril.
Também hoje, o exército israelita informou que matou um membro do Hezbollah responsável pelo ataque com um foguete no dia 27 de julho contra a população drusa de Majdal Shams, nos Montes Golã ocupados, no qual morreram 12 crianças.
Num comunicado divulgado no seu canal no Telegram, o Exército israelita indicou que aviões de combate da sua força aérea mataram na quarta-feira Khider al-Shaebia, suposto responsável pelo ataque em Majdal Shams e que, segundo Israel, comandava a área de Har Dov no Hezbollah.
A nota acrescenta que Al-Shaebia também foi responsável por centenas de lançamentos de foguetes e mísseis antitanque contra posições do Exército israelita na área de Har Dov, no Monte Hermon e nos Montes Golã.
O exército israelita garantiu hoje que o movimento xiita Hezbollah está a utilizar o principal posto fronteiriço sírio-libanês para introduzir material bélico no país e ameaçou "agir" caso o exército libanês não impeça a entrada de armamento.
"O Exército [de Israel] não permitirá o contrabando dessas armas e não hesitará em agir se for forçado a fazê-lo, como tem feito durante esta guerra", disse o porta-voz árabe das Forças Armadas israelitas, Avichay Adraee, num comunicado divulgado na rede social X, aludindo ao posto fronteiriço - conhecido como Masnaa, no Líbano, e Jdeidet Yabous, na Síria - e controlado pelos militares libaneses.
O comunicado israelita denuncia que o grupo xiita libanês Hezbollah transferiu as operações de transporte de "equipamento de guerra" para o posto de Masnaa, utilizado para transporte civil.
"Desde que os centros de contrabando na fronteira sírio-libanesa foram atacados há uma semana, a passagem fronteiriça de Masnaa tornou-se a principal através da qual o Hezbollah transporta meios de combate", disse o porta-voz militar israelita.
"O Estado libanês é responsável pelas passagens fronteiriças oficiais e pode impedir o Hezbollah de as atravessar", acrescentou Andraee.
Segundo a declaração militar israelita, aviões de Israel já bombardearam passagens de fronteira usadas pelo Hezbollah para trazer armas da Síria para o Líbano, o que, segundo a sua versão, forçou o movimento a transportar material de guerra através de Masnaa.
A passagem de Masnaa está localizada na principal artéria que liga Beirute a Damasco e tem sido utilizada pela maioria dos 128 mil refugiados sírios e libaneses que fugiram dos ataques israelitas a várias cidades libanesas.
No último ano, mas em particular nos últimos dias, cerca de 2.000 pessoas foram mortas por ataques israelitas, enquanto a violência também forçou mais de 1,2 milhões de pessoas a fugirem das suas casas, segundo o governo libanês.
Face às ameaças, as autoridades libanesas limitaram-se a confirmar que são elas que controlam a referida passagem, bem como todos as outras fronteiras do país.
O ministro das Obras Públicas e Transportes libanês, Ali Hamie, garantiu hoje numa conferência de imprensa em Beirute que "todas as passagens fronteiriças, a primeira das quais é Masnaa" estão sob vigilância de instituições estatais, como do próprio departamento estatal que tutela, das autoridades aduaneiras, a Direção Geral de Segurança e o exército.
REUTERS/Omar Ibrahim
Os elevados preços dos voos, que são cada vez menos, têm dificultado a saída das pessoas e não é fácil encontrar alternativas.
Muitos sírios que já tinham fugido para o Líbano, face à guerra no país natal, regressam à Síria. Fogem agora das hostilidades em curso entre o Hezbollah e as forças israelitas. Deslocados várias vezes, carregam os pertences. Milhares cruzam a fronteira de Jusiyah, na fronteira sírio-libanesa.
לפני זמן קצר, מטוסי קרב של חיל האוויר בהכוונה מודיעינית של אגף המודיעין, תקפו מטרות של מטה המודיעין של ארגון הטרור חיזבאללה בביירות, בהן פעילי היחידה, אמצעי איסוף, מפקדות ותשתיות נוספות>> pic.twitter.com/8Rqfr0f1wz
— צבא ההגנה לישראל (@idfonline) October 3, 2024
Foto: Lavandeira JR - EPA
O chefe a diplomacia europeia, Josep Borrell, criticou a decisão de Israel de considerar António Guterres "persona non grata".
O bombardeamento israelita ao comité sanitário islâmico em Beirute provocou pelo menos nove mortes e 14 feridos, segundo o último balanço das autoridades libanesas.
Foto. Wael Hamzeh - EPA
Israel voltou a atacar a capital do Líbano. Pelo menos sete pessoas morreram no bombardeamento de um centro clínico. Também os subúrbios a sul de Beirute foram atacados na última madrugada.
Reuters
A Turquia veio revelar estar preocupada com a possível vaga de imigração como consequência do conflito entre Israel e Líbano.
#عاجل 🔻 جيش الدفاع وجهاز الأمن العام (الشاباك) قضيا على المخرب المدعو روحي مشتهى رئيس سلطة الحكم الحمساوية في قطاع غزة، والمخرب المدعو سامح السراج المسؤول عن ملف الأمن لدى المكتب السياسي واللجنة التنفيذية الحمساوية والمخرب المدعو سامي عودة، رئيس جهاز الأمن العام الحمساوي
— افيخاي ادرعي (@AvichayAdraee) October 3, 2024
🔻… pic.twitter.com/Ai248wmqjT
Reuters
Com o intensificar dos ataques de Israel, “o Líbano deixou de ser um lugar seguro”, refere o especialista em ciência política e consultor da NATO Manuel Poêjo Torres.
A Autoridade da Aviação Civil do Irão anunciou hoje a reabertura dos aeroportos do país e o reinício das ligações aéreas suspensas desde terça-feira, na sequência do ataque com mísseis contra Israel.
"Os voos nos aeroportos do país voltaram ao normal", declarou o porta-voz da Autoridade da Aviação Civil, Jafar Yazerlu, citado pela agência noticiosa Tasnim.
O porta-voz insistiu que "as condições de segurança dos voos foram asseguradas" e que as ligações aéreas foram retomadas hoje de manhã.
O Irão suspendeu todos os voos na noite de terça-feira até às 10:00 (06:30 em Lisboa) de quarta-feira, uma medida que foi depois prolongada até às 05:00 (01:30 em Lisboa).
O Irão esperava que Israel retaliasse o ataque de 200 mísseis balísticos e que foi declarado por Teerão como "resposta aos assassinatos do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, do chefe do Hezbollah, Hassan Nasrala, e de um general iraniano".
Na sequência do ataque, Israel afirmou que vai retaliar, ao que o Irão afirmou que vai ripostar "com mais força".
O presidente iraniano Masoud Pezeshkian disse quarta-feira em Doha, onde participa no Fórum de Diálogo para a Cooperação Asiática, que o Irão não quer "nem guerra nem derramamento de sangue".
Amr Abdallah Dalsh - Reuters
Uma portuguesa a viver no Líbano decidiu abandonar o país por causa do cenário de guerra no Médio Oriente
Um ano depois do ataque do Hamas a Israel, que desencadeou a ofensiva israelita na Faixa de Gaza, o movimento islamita perdeu apoio dos palestinianos, mas continua a ser a fação preferida, mostrou um inquérito recente.
"Pela primeira vez desde 07 de outubro de 2023, simultaneamente na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, os resultados mostram uma queda significativa no apoio ao ataque de 07 de outubro e nas expectativas de que o Hamas vencerá a guerra atual, e uma queda moderada no apoio ao Hamas", revela um estudo de opinião realizado entre 03 e 07 de setembro nas duas regiões palestinianas pelo Centro Palestiniano de Investigação sobre Política e Inquérito (PSR, na sigla em inglês).
O estudo implicou entrevistas a 1.200 pessoas -- 790 na Cisjordânia e 410 na Faixa de Gaza.
Um ano depois da ofensiva do Hamas, a aprovação diminuiu e é agora uma minoria na Faixa de Gaza: a percentagem de palestinianos que considera que a ação foi "correta" desceu 18 pontos desde dezembro passado, para 54%, mas em Gaza apenas 39% concordam com a ofensiva do Hamas.
Os autores do estudo advertem que "o apoio a este ataque não significa necessariamente apoio ao Hamas e não significa apoio a quaisquer matanças ou atrocidades cometidas contra civis".
Na verdade, lê-se no estudo, parece decorrer do facto de mais de dois terços dos palestinianos acreditarem que a ação do Hamas colocou o tema palestiniano "no centro da atenção" e "eliminou anos de negligência a nível regional e internacional".
Questionados sobre o papel de vários atores durante a guerra, a satisfação com a atuação do Hamas diminuiu, de forma global, de 75% para 61%, desde julho, mas a queda em Gaza foi maior: menos 25 pontos percentuais, para 39%. O grau de aprovação do Hamas na Cisjordânia é muito superior -- atualmente 75%, era 82% em julho.
Comparando com um inquérito realizado em julho, são agora menos os que acreditam numa vitória do Hamas: metade dos interrogados, enquanto há três meses eram mais de dois terços (67%). A queda é ainda maior em Gaza - menos 20 pontos, de 48% para 28%.
Os resultados mostram uma queda na Faixa de Gaza da preferência pela continuação do controlo do Hamas no "dia seguinte" à guerra, enquanto cresce o apoio pelo controlo da Autoridade Palestiniana.
Uma maioria de 57% afirma que o enclave palestiniano permanecerá sob o controlo do Hamas (no poder desde 2007), mas a percentagem desce para 37% na Faixa de Gaza (menos nove pontos que em julho).
Apesar destas quebras, o Hamas continua a reunir o maior apoio, em comparação com todas as outras fações palestinianas: 36% para o Hamas (era 40% em julho) e 21% para a Fatah (menos um ponto).
Na madrugada de 07 de outubro de 2023, militantes liderados pelo Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas e fizeram cerca de 250 reféns. Cerca de 100 ainda estão em cativeiro em Gaza, um terço dos quais se acredita estar morto.
A ofensiva de retaliação de Israel matou mais de 41 mil palestinianos, segundo as autoridades de saúde locais, arrasou vastas áreas em Gaza e desalojou a grande maioria dos seus 2,3 milhões de habitantes.
O atual conflito no Médio Oriente pode representar uma oportunidade para "o Líbano se libertar da influência da teocracia iraniana", afirmou à Lusa a jornalista e historiadora norte-americana Anne Applebaum.
Apesar das perturbações que o conflito tem causado, Applebaum tem esperança "que [o conflito] possa ser o início da mudança" no país, disse Applebaum em entrevista à Lusa.
Apesar de ser um país soberano, o poder militar no Líbano está concentrado no movimento pró-iraniano Hezbollah, considerado terrorista por Estados Unidos e União Europeia, e que rejeita a existência do Estado de Israel, que designa de "entidade sionista".
A jornalista e historiadora reiterou que o conflito na região tem contribuído para o enfraquecimento contínuo do Hezbollah, dando agora aos libaneses a oportunidade de "recuperar o controlo do seu país"
Autora do novo livro "Autocracia, Inc. - Os ditadores que querem governar o mundo", Anne Applebaum é historiadora e jornalista norte-americana, vencedora do Prémio Pulitzer em 2004.
Applebaum é ainda redatora da equipa do The Atlantic e membro sénior do Agora Institute da Universidade Johns Hopkins, onde co-dirige um projeto sobre a desinformação do século XXI.
A intensificação das hostilidades no Médio Oriente surge à luz dos combates que se arrastam há quase um ano, quando o Hezbollah atacou o território israelita um dia após os ataques de 07 de outubro dos islamitas palestinianos do Hamas.
Desde então, Israel e Hezbollah estão envolvidos num intenso fogo cruzado diário, levando a que dezenas de milhares de pessoas tenham abandonado as suas casas em ambos os lados da fronteira israelo-libanesa.
Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando 1.205 pessoas, na maioria civis, incluindo reféns em cativeiro.
Desde 2007 no poder em Gaza, o Hamas fez também nesse dia 251 reféns, 97 dos quais continuam em cativeiro, 33 dos quais entretanto declarados mortos pelo Exército israelita.
Para Applebaum, a perda da influência do Irão no Líbano e o regresso deste país "à prosperidade e o afastamento do terrorismo seria uma grande mudança no Médio Oriente".
No entanto, a jornalista americana advertiu contra as acções disruptivas de Israel no Líbano, que podem apresentar-se como uma ameaça à sua estabilidade.
"Espero que os israelitas não voltem a abusar da sua influência e a perturbar ainda mais o Líbano e a criar outra reação adversa", acrescentou.
O Hezbollah integra o chamado "Eixo da Resistência", uma coligação liderada pelo Irão de que fazem parte também, entre outros, o grupo extremista palestiniano Hamas e os rebeldes Huthis do Iémen.
O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, morreu no mês passado num bombardeamento israelita da sede da organização, nos subúrbios sul de Beirute.
A morte do líder do movimento xiita libanês Hezbollah aconteceu após a morte do chefe das operações militares e das forças de elite, Ibrahim Aqil, num outro ataque em Beirute.
O Governo do Irão lançou, na noite de terça-feira, cerca de 200 mísseis contra Israel, em retaliação por estas mortes e também da do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, e de um general iraniano.
As Forças de Defesa de Israel disseram que a maioria dos mísseis foi intercetada com o apoio dos Estados Unidos e Washington garantiu que vai colaborar com Telavive na resposta a Teerão.
O bombardeamento iraniano foi o segundo feito por este país diretamente contra Israel, após um outro realizado em abril em resposta a um ataque aéreo mortal ao consulado iraniano em Damasco, que Teerão atribuiu a Israel.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, terá a permanência no poder como motivo para prolongar a guerra contra os aliados do Irão, país que semeia no Médio Oriente "violência e terrorismo", afirma a jornalista e historiadora norte-americana Anne Applebaum.
Em entrevista à Lusa, a jornalista norte-americana alertou para a natureza "iliberal" do regime de Netanyahu, o "Governo mais extremista que alguma vez existiu na história de Israel", tornando-o num dos maiores perigos que o Médio Oriente enfrenta atualmente.
"É bem possível que [Netanyahu] tenha continuado a guerra durante tanto tempo para se manter no poder", afirmou Applebaum.
Depois das ações "grotescas e dramáticas" do israelitas na Faixa de Gaza, onde o exército de Telavive combate há quase um ano contra as milícias islamitas do Hamas causando vítimas civis "extremamente desnecessárias", Applebaum considerou os ataques israelitas contra as milícias do Hezbollah, no Líbano, como o "o aspeto mais transformador deste conflito".
Autora do novo livro "Autocracia, Inc. - Os ditadores que querem governar o mundo", Anne Applebaum é historiadora e jornalista norte-americana, vencedora do Prémio Pulitzer em 2004.
Applebaum é ainda redatora da equipa do The Atlantic e membro sénior do Agora Institute da Universidade Johns Hopkins, onde co-dirige um projeto sobre a desinformação do século XXI.
A intensificação das hostilidades no Médio Oriente surge à luz dos combates que se arrastam há quase um ano, quando o Hezbollah atacou o território israelita um dia após os ataques de 07 de outubro dos islamitas palestinianos do Hamas.
Desde então, Israel e Hezbollah estão envolvidos num intenso fogo cruzado diário, levando a que dezenas de milhares de pessoas tenham abandonado as suas casas em ambos os lados da fronteira israelo-libanesa.
Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando 1.205 pessoas, na maioria civis, incluindo reféns em cativeiro.
Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Hamas fez também nesse dia 251 reféns, 97 dos quais continuam em cativeiro, 33 dos quais entretanto declarados mortos pelo Exército israelita.
A guerra, que hoje entrou no 363.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 41.680 mortos (quase 2% da população) e de 96.600 feridos, além de mais de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, e o sobrepovoado e pobre enclave palestiniano está mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
Apesar de não enquadrar o conflito na região "num esquema a `preto e branco` de democracia versus ditadura", a Anne Applebaum sublinha que o regime ditatorial do Irão, que sustenta os grupos Hamas e Hezbollah contra Israel, continua a ser um "regime particularmente cruel e agressivo contra as mulheres".
O Hezbollah integra o chamado "Eixo da Resistência", uma coligação liderada pelo Irão de que fazem parte também, entre outros, o grupo extremista palestiniano Hamas e os rebeldes Huthis do Iémen.
Applebaum igualou ainda as ações persistentes do Irão, responsável por semear "a violência e o terrorismo em todo o Médio Oriente" às ações de Netanyahu na Faixa de Gaza, caracterizando ambas como "ações muito nefastas, de ambos os lados".
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Lusa/Fim
Foto: Evelyn Hockstein - Reuters
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse esta quarta-feira não apoiar um ataque às instalações nucleares do Irão na sequência de ataques a Israel.
Foto: Mohamad Torokman - Reuters
Os militares israelitas já sofreram pelo menos oito mortes nos combates no sul do Líbano. Após o inicio da ofensiva terrestre de Israel pela primeira vez ocorreram combates diretos entre forças dos dois lados.
Foto: Ahmed Jalil - EPA
Israel está a preparar uma retaliação contra o Irão que poderá ter danos financeiros significativos. Na terça-feira, o regime iraniano cumpriu a ameaça e fez o maior ataque de sempre contra território israelita. Foram lançados cerca de 200 mísseis balísticos.
Em direto a partir de Beirute, o enviado especial José Manuel Rosendo destaca que os israelitas estão a enfrentar mais entraves do que imaginavam na incursão terrestre no Líbano.
António Guterres foi considerado "persona non grata" em Israel e proibido de entrar no país. O governo israelita critica o secretário-geral da ONU por não ter ainda condenado o ataque do Irão.
Foto: António Antunes - RTP
O ministro da Defesa admite um novo repatriamento de portugueses do Médio Oriente. Nuno Melo está na Roménia a visitar os militares destacados ao serviço da NATO.