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Guerra na Ucrânia. A evolução do conflito ao minuto

Guerra na Ucrânia. Trabalhadores da Cruz Vermelha morrem em bombardeamento russo

por Inês Moreira Santos - RTP
Reuters

Três funcionários da Cruz Vermelha morreram e dois ficaram feridos, esta quinta-feira, vitimas de um bombardeamento russo na região de Donetsk. O ataque foi confirmado pela organização, que denunciou a destruição de veículos que visavam a distribuição de ajuda humanitária. Entretanto, Volodymyr Zelensky criticou novamente a demora do Ocidente no levantamento das restrições para a utilização das armas de longo alcance dos aliados em território russo.

"Outro crime de guerra russo. Hoje, o ocupante atacou veículos da missão humanitária do Comité Internacional da Cruz Vermelha na região de Donetsk", disse o presidente Volodymyr Zelensky na rede social X.

A vila de Viroliubivka foi bombardeada, confirmou também o governador regional Vadym Filashkin no Telegram.

Embora o presidente ucraniano tenha acusado a Rússia pela autoria do ataque, a declaração do Comité Internacional da Cruz Vermelha não especifica o autor do ataque.

“Condeno os ataques aos funcionários da Cruz Vermelha”, escreveu Mirjana Spoljaric, presidente da organização. “É inconcebível que um bombardeamento atinja um local de distribuição de ajuda”.

A Cruz Vermelha estava a preparar-se para distribuir madeira e material de carvão na vila de Viroliubivk, a norte da cidade de Donetsk, a família vulneráveis para garantir que estavam abastecidas para o inverno. Mas os veículos e infraestruturas foram atingidos pelo bombardeamento.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu também um alerta contundente sobre uma potencial crise “mais desafiante do que nunca” na Ucrânia, devido à aproximação do terceiro inverno desde a invasão russa, com uma elevada destruição de infraestruturas críticas. Recorde-se que os ataques aéreos russos contínuos danificaram severamente a infraestrutura de energia e saúde do país, deixando milhões vulneráveis, à medida que as temperaturas descem, segundo as autoridades da agência das Nações Unidas.

“As equipas do CICV estão regularmente presentes na região de Donetsk, e os nossos veículos são claramente marcados com o emblema da Cruz Vermelha. As mortes de três colegas do CICV ocorrem numa altura em que há um aumento acentuado no número de funcionários humanitários mortos em todo o mundo, nos últimos dois anos”, adiantou ainda Spoljaric.

“O CICV apela urgentemente pelo respeito ao direito internacional humanitário, inclusive a que se tomem todas as precauções possíveis para garantir que os envolvidos em atividades humanitárias não sejam alvos ou atingidos em hostilidades”.

Dmytro Loubinets, o comissário ucraniano para os direitos humanos, disse que os mortos eram “três cidadãos ucranianos, funcionários do CICV”.

O incidente envolveu “fogo de artilharia” e aconteceu na aldeia de Virolyubivka, muito perto da frente, numa zona onde os combates são muito intensos.

Zelensky alerta novamente aliados

O presidente ucraniano criticou novamente, esta quinta-feira, a demora do Ocidente no levantamento das restrições para a utilização das armas de longo alcance dos aliados em território russo, após negociações sobre esta questão com responsáveis norte-americanos e britânicos.

“Devemos ser francos, a demora no processo de permissão para a utilização das armas de que fala (…) contra alvos militares no território da Federação Russa (…) leva a Rússia a deslocar esses alvos militares para o interior do seu território”, declarou Volodymyr Zelensky durante uma conferência de imprensa.

Este assunto esteve no centro de uma rara visita conjunta, na quarta-feira, em Kiev, dos chefes da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, e da diplomacia britânica, David Lammy.

"A Ucrânia estava muito preparada, muito convencida e muito focada em relação aos mísseis de longo alcance durante esta reunião. É importante que os nossos parceiros recebam todos estes detalhes e sinais pessoalmente e da minha parte”, sublinhou Zelensky, acrescentando que Kiev tem uma "grande escassez" destes mísseis e sugeriu que o Ocidente estava, no entanto, a tentar preservar certas restrições à sua utilização.

“Se podemos usar armas”, então devemos ser capazes de “usá-las da forma que precisamos, para atingir alvos militares russos”, insistiu o chefe de Estado.

“Se as restrições forem levantadas para armas em que não estejam mísseis incluídos, isto não é um levantamento das restrições, mas simplesmente outra forma de não decidir positivamente sobre a utilização das armas em causa”, continuou.

Segundo Volodymyr Zelensky, o exército russo lançou uma contraofensiva na região russa de Kursk, onde as forças de Kiev capturaram mais de 1.000 quilómetros quadrados desde o início da sua ofensiva em agosto.

“Os russos lançaram ações contraofensivas”, declarou Zelensky durante uma conferência de imprensa, garantindo ainda que esta resposta das forças de Moscovo “é consistente com o plano ucraniano”, sem entretanto acrescentar mais detalhes.
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