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Guerra na Ucrânia. Qual é o plano de paz de Zelensky?

por Cristina Sambado - RTP

O presidente ucraniano tem vindo a promover vigorosamente o seu plano de paz, assente em dez pontos, discutindo com o homólogo dos Estados Unidos e outros líderes mundiais a realização de uma cimeira de paz. Mas em que consiste o plano de Volodymyr Zelensky?

A primeira vez que Volodymyr Zelensky acenou com um plano de paz foi em novembro, na cimeira do G20, que decorreu em Bali.

Na segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia sustentou que a cimeira de paz deveria decorrer preferencialmente sob a égide da ONU, com o secretário-geral, António Guterres, como mediador.

A Rússia já rejeitou a proposta de paz apresentada pelo presidente ucraniano e, na terça-feira, reiterou que não abdica de qualquer território que tenha conquistado. Segundo Moscovo, as tropas russas já anexaram cerca de um quinto do território ucraniano.

A agência Reuters sintetizou em dez pontos o plano de Volodymyr Zelensky. O objetivo de Kiev é organizar a cimeira de paz em fevereiro.

  • A segurança nuclear, concentrando-se no restabelecimento da segurança em torno da maior central nuclear da Europa - Zaporizhia -, que está atualmente ocupada pelas forças russas;

  • Segurança alimentar, incluindo a garantia da exportação de cereais ucranianos para os países mais pobres do mundo;

  • Segurança energética, com enfoque nas restrições de preços de recursos russos, e a ajuda à Ucrânia para a reconstrução das infraestruturas energéticas, metade das quais foram danificadas pelos ataques ordenados pelo Kremlin;

  • Libertação de todos os presos e deportados, incluindo prisioneiros de guerra e crianças deportadas para a Rússia;

  • Restauração da integridade territorial da Ucrânia, ao abrigo da Carta da ONU, sendo que Zelensky considera que a Rússia não está atualmente “à altura das negociações”;

  • Retirada das tropas russas e cessação das hostilidades e o restabelecimento das fronteiras do Estado ucraniano com a Rússia;

  • Justiça, incluindo a criação de um tribunal especial para analisar os crimes de guerra russos;

  • Prevenção do ecocídio, necessidade de proteção do ambiente, com ênfase na desminagem e reparação das instalações de tratamento de água;

  • Prevenção da escalada do conflito e segurança dos edifícios do espaço euro-atlântico, incluindo uma garantia para a Ucrânia;

  • Confirmação do fim da guerra, com um documento assinado pelas partes envolvidas.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia provocou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus –, segundo os dados mais recentes da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a II Guerra Mundial. Em Kherson, à medida que os ataques russos se intensificam, dezenas de milhares de civis tentam abandonar a região.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos adverte que o número de civis mortos desde o início da invasão russa da Ucrânia é “consideravelmente maior” do que o balanço atual de 6.884, entre os quais estão 429 crianças.

c/ agências
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