Guerra na Ucrânia. EUA apontam para 200 mil baixas militares em ambos os lados
O chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA disse esta quinta-feira que 100 mil soldados ucranianos e outros 100 mil militares russos foram mortos ou feridos desde o início da ofensiva na Ucrânia. O mais alto conselheiro militar do presidente norte-americano considera que o elevado número de baixas militares poderá convencer Kiev e Moscovo a partirem para a negociação nos próximos meses.
Estas são as estimativas de baixas mais elevadas que foram anunciadas, até agora, por uma autoridade ocidental. O general estima ainda que cerca de 40 mil civis tenham sido mortos no conflito, que teve início a 24 de fevereiro.
Tanto a Ucrânia como a Rússia têm ocultado o número real de baixas militares. A última atualização de Moscovo, feita em setembro, dava conta de 5937 soldados mortos desde o início do conflito. Do lado ucraniano, o comandante-chefe das Forças Armadas, Valeriy Zaluzhniy, anunciou em agosto que 9000 soldados ucranianos tinham morrido até àquela altura.
O general, que atua como o mais alto conselheiro militar do presidente Joe Biden, disse que o elevado número de baixas pode convencer Moscovo e Kiev a sentarem-se à mesa de negociações nos próximos meses – altura em que é esperada uma diminuição da escalada dadas as condições adversas devido à chegada do inverno.
O chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA asseverou que para que qualquer negociação seja bem sucedida, deve haver um “reconhecimento mútuo” de que uma vitória em tempos de guerra “talvez não seja atingível por meios militares e, por isso, é preciso recorrer a outros meios”.
Retirada russa de Kherson: derrota ou armadilha?
Na quarta-feira, Moscovo anunciou a retirada das tropas da cidade de Kherson, no sul da Ucrânia – a única grande cidade que caiu nas mãos das forças russas desde o início da invasão. A ordem foi dada pelo próprio ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, por proposta do comandante das Forças Armadas da Rússia na Ucrânia, que afirmou que se tornou impossível continuar a abastecer a cidade.
A confirmar-se, esta é uma grande derrota para Moscovo e significa que as forças russas irão retirar-se inteiramente da margem ocidental do rio Dnipro, falhando assim o seu objetivo estratégico de criar uma ligação terrestre a Odessa.
Por sua vez, Kiev olha com prudência para o anúncio do Kremlin e considera que pode tratar-se de uma armadilha.
“Não vemos provas de que a Rússia esteja a sair sem dar luta”, disse Mykhailo Podolyak, assessor do gabinete presidencial na Ucrânia.
“Têm de compreender, ninguém se vai embora se não sentir o poder. O inimigo não nos oferece presentes, não tem gestos de boa vontade. Temos de ser nós a conquistá-lo”, disse o presidente ucraniano. “Avançamos com muito cuidado, sem correr riscos desnecessários, no interesse da libertação de todo o nosso país e de forma a que as baixas sejam reduzidas ao mínimo”, acrescentou Volodymyr Zelensky.
O general Milley observou que, embora os "indicadores iniciais" sugiram que uma retirada tenha começado, a Rússia mobilizou cerca de 30 mil soldados na cidade e a retirada pode, por isso, levar várias semanas.
"Eles fizeram o anúncio público de que estão a fazer isso. Acredito que estão a fazer isso para preservar sua força para restabelecer as linhas defensivas a sul do rio Dnipro, mas isso ainda é preciso ser confirmado”, disse o general norte-americano.
O presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou que a retirada russa de Kherson mostra que a Rússia está com “problemas reais” no campo de batalha. Biden afirmou que aguardava este anúncio “há algum tempo” e destaca que permitirá “recalibrar as posições” de ambos os lados durante o inverno.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, disse por sua vez que o anúncio de Moscovo da retirada de Kherson é um "passo positivo".