A invasão russa da Ucrânia e a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA convenceram os europeus e britânicos da necessidade de maior cooperação, indica uma sondagem divulgada hoje pelo Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR).
O estudo, realizado em seis países europeus (França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Polónia e Espanha), mostra que a maioria dos inquiridos quer uma maior proximidade entre Londres e Bruxelas, com destaque para os britânicos (55%).
Os menos entusiastas são os franceses.
A sondagem, realizada junto de 9.000 pessoas, explorou as opiniões sobre o futuro das relações angloeuropeias perante as perspetivas de continuação da guerra na Ucrânia e o regresso de Donald Trump à Casa Branca.
Questionados sobre que aliado o governo do Reino Unido deve dar prioridade em termos de relações, 50% dos britânicos responderam a Europa e só 17% preferiram os EUA.
O centro de estudos ECFR alega que as divergências entre eurocéticos e pró-europeus britânicos diminuíram e que a opinião pública está mais aberta a uma reaproximação do que o novo governo trabalhista, que tem sido cauteloso na reaproximação.
Metade dos inquiridos britânicos considera que um maior envolvimento com a UE é a melhor forma de impulsionar a economia do Reino Unido, reforçar a segurança do país (53%), gerir eficazmente a migração (58%) e combater as alterações climáticas (48%).
Uma larga maioria (68%) também se mostrou disposta a aceitar o regresso da liberdade de circulação de pessoas interrompida desde o `Brexit` para recuperar o acesso ao mercado único, algo que o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, tem até agora rejeitado.
Nos outros países europeus, a sondagem identificou uma maioria favorável a conceder ao Reino Unido um acesso especial ao mercado único em troca cooperação mais profunda na área da segurança, em particular os inquiridos polacos (54%) e alemães (53%).
O cofundador e diretor do ECFR, Mark Leonard, afirma que a eleição de Donald Trump e a invasão russa da Ucrânia tiveram um impacto duplo na política britânica e europeia.
"As divergências dos tempos do `Brexit` desvaneceram-se e os cidadãos europeus e britânicos aperceberam-se de que precisam uns dos outros para ficarem mais seguros. Os governos precisam agora de acompanhar a opinião pública e oferecer uma redefinição ambiciosa", defendeu.