Guerra Fria espacial. EUA acusam Rússia de ser "irresponsável" por disparar míssil anti-satélite
Na segunda-feira, a Rússia disparou um míssil anti-satélite que deu origem a um campo de milhares de destroços na órbitra da Terra que colocou em risco os astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla inglesa). Os EUA condenam a atitude “irresponsável” e “desrespeitosa” de Moscovo, que ameaça “os interesses de todas as nações”.
Os sete astronautas que se encontram a abordo da ISS foram obrigados a refugiar-se nas naves atracadas na estação durante duas horas como precaução, no caso de vir a ser necessária uma evacuação.
O laboratório de pesquisa, que orbita a cerca de 400 quilómetros acima da Terra, continuou a atravessar ou a passar perto do aglomerado de destroços a cada 90 minutos, mas os especialistas da NASA determinaram que era seguro para a tripulação regressar ao interior da nave após a terceira passagem.
A situação gerou uma espécie de “Guerra Fria espacial”, com os EUA a criticarem duramente a atitude “perigosa e irresponsável” da Rússia e a sublinharem que ameaça “os interesses de todas as nações”. Alexandra Sofia Costa - Antena 1
“A Rússia demonstrou um desrespeito deliberado pela segurança, proteção, estabilidade e sustentabilidade a longo prazo do domínio espacial para todas as nações", disse o chefe do comando espacial dos EUA, o general James Dickinson.
Dickinson sublinha que os destroços do míssil "continuarão a representar uma ameaça às atividades no espaço sideral nos próximos anos, colocando satélites e missões espaciais em risco, além de forçar mais manobras para evitar colisões".
“Isto é inescrupuloso”
“Não é preciso dizer que estou indignado. Isto é inescrupuloso”, disse o administrador da Nasa, Bill Nelson. “É inacreditável que o Governo russo fizesse este teste e ameaçasse não apenas os astronautas internacionais, mas os seus próprios cosmonautas que estão a bordo da estação, bem como as três pessoas na estação espacial da China”, acrescentou. Nelson explica que os astronautas enfrentam agora um risco quatro vezes maior do que o normal com a passagem da ISS perto ou através da nuvem de destroços a cada 90 minutos.
Antony Blinken, o secretário de Estado dos EUA, também condenou a ação da Rússia e disse que os satélites em toda a órbita da Terra também estão em perigo.
O teste demonstrou claramente que, apesar das afirmações russas de que se opunha ao armamento do espaço sideral, estava “disposto a pôr em perigo a exploração e o uso do espaço por todas as nações com o seu comportamento imprudente e irresponsável”, disse Blinken em comunicado.
EUA acusaram a Rússia de ter “tornado o espaço um domínio de guerra”
O ministro da Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, disse que “este teste destrutivo de míssil anti-satélite realizado pela Rússia mostra um desprezo total pela segurança, proteção e sustentabilidade do espaço”.
Numa mensagem publicada na rede social Twitter, a agência espacial russa, Roscosmos, minimizou a situação e assegurou que os astronautas a bordo da ISS estão fora de perigo, sem fazer qualquer menção ao alegado teste de míssil.
“A rota do objeto, que forçou a tripulação a deslocar-se para a nave, como procedimento padrão, afastou-se da ISS”, assinalou a Roscosmos. "A estação está na zona verde”, acrescentou.
Os testes de armas anti-satélite são raros e criticados pela comunidade espacial, devido ao risco que representam para as tripulações em órbita baixa da Terra. O ano passado, o comando espacial dos EUA acusou a Rússia de ter “tornado o espaço um domínio de guerra” depois de disparar um míssil contra um satélite como parte de um teste de armas.
Em abril último, a Rússia realizou outro teste de um míssil anti-satélite. Em 2020, a Rússia conduziu três testes de mísseis anti-satélite, de acordo com a Space.com. Os Estados Unidos realizaram o primeiro teste em 1959.
c/ agências