Juan Guaidó elogiou a valentia e o patriotismo dos “mais de 160” militares desertores que deixaram de apoiar Nicolás Maduro na sequência dos incidentes nas fronteiras venezuelanas que, durante o fim de semana, provocaram pelo menos quatro mortos e mais de 300 feridos. O ministro português dos Negócios Estrangeiros defende, porém, que a solução para a Venezuela não deve passar pela “confrontação interna”.
Los venezolanos reconocemos la valentía y espíritu patriota de los más de 160 soldados y policías que el día de ayer se pusieron del lado de la Constitución.
— Juan Guaidó (@jguaido) 25 de fevereiro de 2019
Muchos más seguirán su ejemplo.
¡Juntos lograremos la libertad y el rescate de Venezuela! pic.twitter.com/YD8PqOEI7t
De acordo com o serviço de migração colombiana, os militares desertaram com o intuito “de fugir da ditadura de Nicolás Maduro”. Guaidó já garantiu amnistia para os soldados que se coloquem “do lado do povo”.
“Nós estamos a defender a nossa família, os nossos filhos, os nossos vizinhos e os nossos irmãos venezuelanos”, declarou Jean Carlos Parra, um dos militares desertores. “Todos sofremos com a escassez que existe atualmente na Venezuela. Não é segredo nenhum. O mundo tem de saber”.
O ministro português dos Negócios Estrangeiros defendeu, na noite de domingo, que a solução para a Venezuela passa pela pressão política internacional e não pela intervenção militar externa nem por confrontação interna.
"Para nós, a solução política de que a Venezuela carece não se obtém através de uma intervenção externa. Essa intervenção (…) só agravaria ainda mais o problema”, frisou Augusto Santos Silva.
“Há países que têm dito que todas as soluções estão em cima da mesa. Como disse, não é essa a posição da União Europeia. Nós achamos que a solução por via de uma confrontação interna não é solução, e a solução por via de uma intervenção externa também não é solução".
“Portanto, o caminho é o da pressão político-diplomática internacional e, com essa pressão, nós podemos favorecer o processo político interno da Venezuela”, acrescentou.
Para Santos Silva, a comunidade internacional deve pressionar o regime de Nicolás Maduro para que este permita "a única solução democraticamente legítima", que é a realização de eleições livres.
"Estamos no momento de agir em duas frentes: na frente humanitária, de modo a acudir ao sofrimento do povo venezuelano, ao qual faltam bens tão básicos como alimentos e medicamentos, e do outro lado procurar superar a crise política que está na raiz nesta crise económica e social tão profunda”, defendeu.
No encontro vão ser discutidas possíveis soluções diplomáticas para a Venezuela.
O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, vai participar nesta reunião para mostrar oposição contra Nicolás Maduro.
O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, também vai estar presente no encontro.
Maduro justifica a recusa da ajuda humanitária por considerar que se trata de uma ação de propaganda política da oposição e um primeiro passo para uma invasão estrangeira.
No rescaldo da violência, Juan Guaidó anunciou que irá pedir formalmente à comunidade internacional que mantenha “abertas todas as opções para conseguir a libertação” da Venezuela.
Também o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, afirmou que “todas as opções estão sobre a mesa” para "garantir que a democracia prevalece" na Venezuela e avisou que Washington “vai tomar medidas” após os distúrbios no sábado.
Em reação, o ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano, Jorge Arreaza, disse que Mike Pompeo está "desesperado" em busca de um "pretexto para a guerra".