A Catalunha está esta terça-feira em protesto, em resposta à "violência policial desproporcionada" de domingo, durante o referendo à independência. Várias manifestações estão a cortar a circulação em várias estradas e autoestradas da região e provocaram filas superiores a dez quilómetros. Cerca de 40 organizações sindicais, políticas e sociais convocaram uma greve geral que está a ter uma "adesão muito elevada" em setores como os transportes, o comércio ou a agricultura.
Os portos de Barcelona e Tarragona também estão "praticamente parados” devido à adesão quase total que a greve está a ter por parte dos estivadores, referem os sindicatos.
Há enormes filas de trânsito, consequência das marchas lentas promovidas em dia de greve geral e foram instaladas algumas “barricadas”, algumas com pneus a arder, forçando o encerramento de empresas. Uma situação já criticada nas redes sociais por alguns empresários.
Barricades up in Barcelona. Solidarity with the Catalan general
— Jonathon Shafi (@Jonathon_Shafi) 3 de outubro de 2017
strike! #VagaGeneral pic.twitter.com/1FKTMXP65j
Les autopistes es tallen de manera pacífica. La denúncia dels fets de diumenge és ferma i unitària #AturadaDePaís pic.twitter.com/n6bgWacEAI
— Crida Democràcia (@CridaDemocracia) 3 de outubro de 2017
#3Oct Esto también saldrá en la prensa extranjera, o solo los titulares que la Generalidad ha pagado con nuestro dinero? pic.twitter.com/pUJ9oES7k8
— Ángel Niño (@angelninoq) 3 de outubro de 2017
Além da Assembleia Nacional Catalã (ANC) e do Òmnium Cultural, fazem também parte deste protesto as duas maiores centrais sindicais da Catalunha - CCOO e UGT, a Associação Catalã de Universidades Públicas (ACUP), o Conselho Nacional da Juventude da Catalunha, a Federação de Assembleias de Pais e Mães da Catalunha (FAPAC), as Organizações pela Justiça Global e a União de Federações Desportivas da Catalunha.
A paralisação desta terça-feira é uma reação à repressão policial usada por Madrid para impedir os catalães de irem às urnas no passado domingo, que teve como resultado 893 feridos.
Apesar da repressão, 42 por cento dos 5,3 milhões de eleitores conseguiram votar e 90 por cento deles votaram a favor da independência, de acordo com os dados divulgados pelo governo regional da Catalunha.
Reportagem na Catalunha - Daniela Santiago, David Araújo - RTP
A imprensa espanhola dava conta esta manhã de que 12 estradas estavam cortadas e que estavam agendadas 24 manifestações para esta terça-feira. Os clubes de futebol Espanyol e FC Barcelona também aderiram à greve. Os próprios bombeiros também aderiram a esta manifestação que junta milhares de pessoas.
Espectacular arribada dels bombers a la Delegació del Govern central a Catalunya. Vitorejats i aplaudits sense parar. #3oct pic.twitter.com/zUN6Kjzb6s
— Àlex Tort (@alextortsagues) 3 de outubro de 2017
Another General Strike barricade erected Barcelona #CatalanReferendum pic.twitter.com/gEVCJ9SOJ1
— Mick Barry TD (@MickBarryTD) 3 de outubro de 2017
A vereadora do Trabalho e Segurança Social da Catalunha, Dolors Bassa, disse esta terça-feira à RAC1 que se espera uma grande adesão “no pequeno comércio, na pequena indústria e entre os funcionários públicos (…) Há atividades com paralisação a 100 por cento como é o caso dos estivadores do porto de Barcelona mas também há empresas que estão a funcionar dentro da normalidade”, como as fábricas da Seat e da Nissan.
Ministro do Interior convoca reunião "com caráter urgente"
Entretanto, o ministro do Interior espanhol convocou uma reunião "com caráter de urgência" para estudar respostas às ameaças de que estão a ser alvo os agentes da Polícia Nacional e da Guarda Civil na Catalunha.
De acordo com a agência EFE, na reunião participam o secretário de Estado da Segurança, José Antonio Nieto, os diretores-gerais da Polícia Nacional, Germán López Iglesias e da Guarda Civil, José Manuel Holgado.
Também a União dos Oficiais da Guarda Civil disse em comunicado que as forças de segurança do Estado "estão à altura das circunstâncias", apesar de estarem a ser "traídas" e "manipuladas" pelos cidadãos da Catalunha.
Na rede social Twitter foi mesmo divulgado um vídeo, em que se pode ver as forças de segurança a abandonarem os hotéis da região.
Por presiones, así han tenido que abandonar el hotel guardias civiles y policías en Calella. ¿Reacción oficial de Interior? 🤐 pic.twitter.com/aw8rCmdFoV
— AUGC Guardia Civil (@AUGC_Comunica) 2 de outubro de 2017
"As forças e os corpos de segurança do Estado estão cercados em hotéis, abandonados à sua sorte e foram traídos por alguns Mossos d`Esquadra desleais e controlados por políticos traidores que assistem através do WhatsApp ao linchamento dos nossos companheiros", refere ainda o documento.
O ministro do Interior espanhol já veio dizer que o governo catalão "incita a rebelião".
No aceptaremos ni toleraremos que se fomente el odio contra @policia y @guardiacivil y se acose a quien tanto ha hecho por los españoles. pic.twitter.com/SNq2ih9zkY
— Juan Ignacio Zoido (@zoidoJI) 3 de outubro de 2017
Entretanto, Mariano Rajoy ordenou para que os agentes da Polícia Nacional e da Guarda Civil não deixem os hotéis onde estão na Catalunha. Uma decisão que já foi transmitida pelo ministro do Interior, Juan Ignacio Zoido.
Nesta greve geral há ainda uma percentagem muito elevada do pequeno comércio que está fechado nos principais pontos turísticos da Catalunha. Vários jornalistas quiseram associar-se também ao protesto.
Els treballadors de @elpaiscatalunya hem fet una aturada contra la repressió policial. pic.twitter.com/lXnNmRhVKJ
— Pere Ríos (@Riospere) 3 de outubro de 2017