Grécia oferece bónus para aumentar a taxa de natalidade

por RTP
De acordo com o Eurostat, até 2050, cerca de 36 por cento da população grega vai ter mais de 65 anos Alkis Konstantinidis - Reuters

O Governo grego aprovou uma lei que concede um abono de dois mil euros por cada criança nascida no país a partir de 1 de janeiro de 2020. A medida surge como resposta às projeções de envelhecimento e redução da população.

O Governo grego pretende dar apoio aos futuros pais durante os primeiros anos de vida do filho. O benefício vai ser pago em duas parcelas anuais e está disponível para qualquer família cujos rendimentos anuais não excedam os 40 mil euros.

A nova medida vem na sequência de projeções que indicam uma descida de um terço da população grega nos próximos 30 anos. As estatísticas mostram uma descida muito acentuada da taxa de natalidade, refere o jornal britânico The Guardian.De acordo com o Eurostat, até 2050, cerca de 36 por cento da população grega vai ter mais de 65 anos, uma previsão que preocupa o Governo, devido às implicações na força de trabalho.

As pessoas podem pensar que esta é uma questão de orgulho nacional, mas na verdade é uma questão de preservação nacional. As altas taxas de produtividade estão associadas às populações jovens e não ao envelhecimento ativo, por isso este assunto deve ser uma prioridade do crescimento económico. Tudo isto fica pior, quando olhamos para o estado difícil do nosso sistema de pensões”, afirmou a vice-ministra do Trabalho e dos Assuntos Sociais, Domma Michailidou.

Entre 2010 e 2015, quando a taxa de desemprego atingiu os 28 por cento, cerca de 500 mil pessoas deixaram o país para procurar emprego. “A maioria eram jovens profissionais, agora estabelecidos em zonas mais prósperas do continente Europeu, dos Estados Unidos, Canadá e Austrália”, declarou Michailidou.

“Ter cinco por cento da nossa população mais instruída e que está em idade reprodutiva fora do país agravou muito a nossa situação”, acrescentou a ministra do Trabalho e dos Assuntos Sociais grega.
Durante a crise, a Grécia perdeu cerca de um quarto da sua produção económica, sofreu um corte de 40 por cento no orçamento da saúde e, consequentemente, as taxas de natalidade desceram consideravelmente.


“A grande queda no financiamento e o efeito que teve nos serviços médicos criaram muita insegurança nas mulheres”, afirmou Stefanos Chandakas, ginecologista.

O bónus para a taxa de natalidade irá custar ao Governo cerca de 180 milhões de euros por anos, o equivalente a 0,1 por cento do PIB e estará disponível para qualquer estrangeiro que resida no país há pelo menos 12 meses, uma medida que não foi vista com bons olhos por alguns membros do Governo de Kyruakos Mitsotakis.

Chandakas afirma que “a Grécia tem que aceitar que, nos próximos 20 anos será multicultural, tal e qual como outras cidades europeias e terá que se adaptar a essa situação”.
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