Grécia legaliza casamento e adoção para casais do mesmo sexo
A Grécia tornou-se esta semana o primeiro país cristão ortodoxo a permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O projeto de lei que inclui também a adoção foi aprovado por larga maioria parlamentar.
Consenso da esquerda à direita, mas sem o apoio do Syriza, o principal partido da oposição à esquerda, liderado por Stefanos Kasselakis (o primeiro líder político gay da Grécia), e de outros grupos mais pequenos a reforma não teria sido aprovada.
O primeiro-ministro grego, num discurso antes da votação, afirmou que "a nova lei coloca a Grécia no grupo dos 36 países em todo o mundo que já legislaram esta matéria".O conservadorismo, afirmou Kyriakos Mitsotakis, não deve ser confundido com visões antiquadas que não estão em sintonia com a sociedade moderna.
Apesar da oposição dentro do próprio partido de centro-direita (Nova Democracia), o líder do Governo grego conseguiu aprovar uma lei “que acaba com uma grave desigualdade na nossa democracia”. Isto porque “a reforma que aprovamos vai tornar a vida de muitos concidadãos bem melhor, sem retirar – eu sublinho isto – sem retirar o que quer que seja às vidas da maioria”. Minutos depois de aprovada a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo que passam também a poder adotar crianças, o primeiro-ministro grego escreveu na rede social X que “este é um marco para os Direitos Humanos, refletindo a Grécia de hoje – um país progressista e democrático, apaixonadamente comprometido com os valores europeus.”
Reações: a celebração e o orgulho de ser grego
Foto: Reuters
À porta do Parlamento, na rua, grupos LGBT reuniram-se à espera do resultado da votação com várias faixas. Numa destas lia-se: “Nem um passo atrás para garantir a verdadeira igualdade”.
Aprovada a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a alegria tomou conta dos grupos e houve mesmo quem tivesse admitido estar “muito orgulhosa como cidadã grega porque a Grécia é na verdade – agora – um dos países mais progressistas”.
Os bispos ortodoxos ameaçaram excomungar os deputados que votassem a favor do projeto de lei e o líder de um dos partidos de extrema-direita disse que a lei “abriria as portas ao inferno e à perversão”.
Foto: Reuters
Em Atenas, muitos gregos exibiram faixas, seguraram cruzes, leram orações e cantaram passagens da Bíblia na Praça Syntagma. O líder da Igreja Ortodoxa grega defendeu que a medida “corromperia a coesão social da pátria”.
Certo é que a aprovação da lei que legaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo e permite que estas adotem crianças é o culminar de décadas de luta da comunidade LGBTQ+. Por exemplo, em 2008, um casal de lésbicas e um casal de gays desafiaram a lei e casaram-se na pequena ilha de Tilos, mas os seus casamentos foram depois anulados por um tribunal superior.
No entanto, alguns passos foram dados até aqui. Em 2022, a Grécia proibiu a terapia de conversão para menores, destinada a suprimir a orientação sexual de uma pessoa.