O aviso é feito pela revista Nature. Mais de 30 por cento da Grande Barreira de Coral da Austrália morreu numa onda de calor em 2016. Os cientistas que realizaram o estudo revelaram que a “mortandade em massa” deveu-se a nove meses de uma onda de calor marítima. O estudo foi publicado pelo Professor Terry Hughes e estudou a relação entre a temperatura da água e a morte de corais.
Noutras alturas, eventos de destruição na Grande Barreira de Coral tinham devastado uma percentagem do local na ordem dos cinco ou dez por cento. A última onda de calor marítima de 2016 matou 30 por cento do coral.
“Quando os corais ficam destruídos devido a uma onda de calor, os mesmos podem sobreviver e voltar a ganhar cor devagar enquanto as temperaturas baixam, ou então morrem. Por toda a Grande Barreira de Coral foram perdidos 30 por cento dos corais num período de nove meses, entre março e novembro de 2016”, declarou Terry Hughes, responsável pelo estudo.
Os cientistas conseguiram relacionar a morte de corais com os locais onde as temperaturas da água se tornaram mais extremas. Um terço da zona norte da Grande Barreira de Coral foi severamente afetada e destruída.
O estudo estima que 29 por cento dos 3863 recifes da Grande Barreira de Coral perdeu dois terços, ou mais, dos seus corais. Terry Hughes declarou também a surpresa dos cientistas pela rapidez com que alguns corais morreram.
“O convencional é pensar que depois da devastação os corais morreram lentamente de fome. Não foi isso que descobrimos. Ficámos surpresos que metade da mortandade que medimos tenha ocorrido tão rápido”.
No estudo é explicado que em março de 2016, altura em que começou uma onda de calor nas águas da Grande Barreira, milhões de corais levaram apenas duas a três semanas a morrer.
“Estas perdas não se deveram ao desgaste de corais que morreram lentamente com fome porque falharam em voltar a ganhar os seus simbiontes. Em vez disso, a espécies sensíveis a temperaturas começaram a morrer imediatamente em locais onde foram expostas a stress de calor”.
Grande Barreira de Coral em risco
Andrew Baird, Professor e co-autor do estudo, revelou que a morte de milhões de corais causou mudanças radicais entre as espécies que estão nos recifes.
“Diversas comunidades de recifes estão a transformar-se em sistemas degradados, com apenas algumas espécies a sobrevirem”.
“Mas, isso ainda deixa mais de mil milhões de corais vivos, e por norma, são mais resistentes do que aqueles que morreram. Temos de nos focar urgentemente em proteger o copo que ainda está meio cheio, ajudando os sobreviventes a recuperar”, completou Terry Hughes.
“A Grande Barreira de Coral está obviamente ameaçada pelas mudanças do clima mas não está condenada se agirmos com rapidez sobre as emissões poluentes. O nosso estudo mostra que recifes de coral estão a mudar radicalmente como resposta a estas ondas de calor sem precedentes”.
O estudo revela também que não pode haver falhas na tentativa de não aumentar a temperatura da água em mais de dois graus. Se acontecer, os recifes de coral vão ser radicalmente alterados e comprometer os benefícios destes ecossistemas para a população.
Terry Hughes deixa um aviso: caso o aquecimento global continue não haverá solução no futuro para o maior recife do mundo.