"Grand slam". Trump escolhe Pam Bondi como procuradora-geral após a retirada de Matt Gaetz

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Sam Wolfe - Reuters

Donald Trump nomeou na quinta-feira Pam Bondi para o cago de procuradora-geral, horas depois da Matt Gaetz se ter retirado. Menos controversa do que a primeira escolha e com um longo historial na Justiça enquanto procuradora-geral da Florida, a advogada e aliada do presidente eleito dos EUA já serviu na Casa Branca em 2019 como assessora jurídica e advogada de defesa durante o primeiro "impeachment" do republicano, durante o qual este foi absolvido.

"Tenho a honra de anunciar que a antiga procuradora-geral da Florida, Pam Bondi, será a nossa próxima procuradora-geral", escreveu Donald Trump numa publicação na sua sua rede social Truth, na quinta-feira. “Pam foi procuradora durante quase 20 anos, onde foi muito dura com os Criminosos Violentos, e tornou as ruas seguras para as Famílias da Florida", explicou.





A advogada, lobista e política, de 59 anos, é a mais recente aliada de Donald Trump a ser anunciada para ocupar um cargo-chave na sua administração. Apoiante de Trump desde a primeira candidatura e crítica dos processos criminais movidos contra ele, fez parte da sua equipa jurídica durante o seu julgamento de destituição no Senado em 2020 e atuou anteriormente na Comissão de Opioides e Abuso de Drogas no primeiro mandato do republicano.

Foi procuradora-Geral da Florida entre 2011 e 2019, antes de ingressar na Ballard Partners, uma empresa influente de lóbi com estreitas conexões a Donald Trump, e onde outra escolhida de Trump para ser a sua chefe de gabinete na Casa Branca, Susie Wiles, trabalhou durante quase uma década. O New York Times escreve esta sexta-feira que o "Sr. Ballard ajudou a angariar mais de 50 milhões de dólares para os comités que apoiaram a campanha de Trump".

Atualmente, Pam Bondi lidera o Departamento de Conformidade Regulatória Empresarial da Ballard, onde já atuou como lobista junto do Governo Federal para clientes como a General Motors, Amazon, Uber ou o Governo do Catar, escreve o Guardian. Mas também preside o centro de litígios do think tank conservador de direita America First Policy Institute, co-liderado por Linda McMahon, a escollha de Trump para a Educação.

Caso venha a ser aprovada pelo Senado no próximo ano, Pam Bondi tornar-se-á então a principal responsável pela aplicação da lei nos Estados Unidos e estará encarregue de governar mais 115 mil funcionários do Departamento de Justiça norte-americano e um orçamento de 45 mil milhões de dólares, cerca de 43 mil milhões de euros, de acordo com a BBC

Além disso, terá um papel fundamental na tentativa de implementação dos planos de Trump para o Departamento da Justiça, nomeadamente o fim do "governo armado", a proteção das fronteiras dos EUA, o desmantelamento de organizações criminosas e o restabelecimento da "fé e confiança muito abaladas" dos americanos no Departamento, explica a BBC.

“Durante demasiado tempo, o Departamento de Justiça foi instrumentalizado contra mim e outros republicanos - Não mais”, escreveu Trump, que já tinha prometido punir os seus inimigos politicos assim que assumisse o cargo. "Pam vai redirecionar o DOJ (Departamento de Justiça norte-americano) para o seu propósito de combater o crime e tornar a América segura novamente".
"Não há tempo a perder"

O anúncio da nomeação de Pam Bondi surgiu cerca de seis horas depois do eleito republicano da Florida, Matt Gaetz, ter anunciado a sua retirada por considerar a que a controvérsia sobre a sua potencial nomeação "estava a tornar-se injustamente uma distração" para o trabalho da nova Administração Trump-Vance. 

Era considerado uma das nomeações mais polémicas de Trump devido à sua falta de experiência e por ter sido acusado de ter tido uma relação sexual com uma menor, de acordo com as conclusões de uma investigação desencadeada por alegações de má conduta sexual contra ele e uso de drogas ilícitas. Matt Gaetz negou tais acusações, mas disse querer evitar "uma luta desnecessariamente prolongada em Washington".

"Não há tempo a perder com uma luta desnecessariamente prolongada em Washington, pelo que vou retirar o meu nome da consideração para servir como procurador-geral. O Departamento de Justiça de Trump tem de estar a funcionar e pronto no dia 1", escreveu o congressista da Flórida.


"Continuo totalmente empenhado em garantir que Donald J. Trump seja o presidente mais bem-sucedido da história. Ficarei para sempre honrado com o facto de o Presidente Trump me ter nomeado para liderar o Departamento de Justiça e estou certo de que ele salvará a América", afirmou. 

O presidente eleito dos EUA confirmou rapidamente a retirada de Matt Gaetz e prometeu-lhe um "futuro brilhante".

Ainda na quinta-feira Matt Gaetz felicitou Bondi pela sua nomeação para o cargo de alto nível e considero-a uma "seleção estelar do presidente Trump". "Ela é uma litigante comprovada, uma líder inspiradora e uma campeã para todos os americanos. Ela trará as reformas necessária para o DOJ (Departamento de Justiça)", afirmou.

A equipa de transição de Trump espera que o processo de nomeação de Bondi seja menos controverso e tumultuoso do que o de Matt Gaetz. O senador republicano da Carolina do Sul, Lindsey Graham, reagiu ao anúncio através da rede social X onde considerou que Pam Bondi era um "grand slam, touchdown, hole in one, ás, hat trick, slam dunk, escolha de medalha de ouro olímpica", antevendo que: "Ela será confirmada rapidamente porque merece ser confirmada rapidamente".

c/ agências
PUB