Grafeno já tem primeiro manual de produção

por RTP
O Graphene Flagship reúne cerca de 150 parceiros académicos e industriais e onde a Escola de Ciências da Universidade do Minho participa Guglielmo Mangiapane - Reuters

O Graphene Flagship lançou um manual sobre os vários processos de fabricar grafeno, considerado o “material do futuro”. A escrita deste livro, que é considerado um projeto-bandeira da União Europeia, envolveu 70 investigadores do consórcio europeu.

Com o manual Production and processing of graphene and related materials, os autores pretendem atingir a produção de grafeno em massa e fazer com que a chegada aos consumidores seja mais rápida.

Este é considerado o “material do futuro”, uma vez que é leve, flexível, condutor e resistente. Além disso, tem aplicações na área da medicina, da exploração espacial, da energia e da eletrónica. O grafeno é uma camada de átomos de carbono conseguida através da grafite, a qual se pode encontrar na ponta de um lápis.

Contudo, os poucos dados existentes relativos à preparação e processamento de maneira correta levam a que a sua generalização seja demorada.O Graphene Flagship reúne cerca de 150 parceiros académicos e industriais e onde a Escola de Ciências da Universidade do Minho participa.


O manual possui nove capítulos que resumem as diversas formas de sintetizar e fabricar grafeno e outros materiais bidimensionais. Exemplo disso é o nitreto de boro que é um bom isolante e condutor de calor.

Os vários centros europeus já estão a trabalhar, não só na preparação de normas que possam ser utilizadas como referência, como também na uniformização dos protocolos para o grafeno. Com isto, o Graphene Flagship pretende que as empresas possam integrar o material nas linhas de produção e design e que os cidadãos saibam o que têm em mãos.

“Além da grafite, há cerca de cinco mil materiais que se podem esfoliar, como se cada um fosse um baralho de cartas, e ao juntar cartas de baralhos diferentes abrem-se possibilidades de criar materiais que não existem na natureza, ampliando as hipóteses de combinar funções e, portanto, de fazer novos dispositivos”, explicou a Universidade do Minho em comunicado.

O “material do futuro” já possui várias aplicações em áreas comerciais, nomeadamente em sensores de movimentos e painéis solares acessíveis. Em curso estão outros avanços: filtros de purificação de água e de ar, circuitos integrados para a era 5G, eletrónica vestível e sensores de condução autónoma.

Em Portugal, o projeto envolve as universidades do Minho, Porto e Aveiro, o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) e as empresas Glexyz, Graphenest e Sphere Ultrafast Photonics.

O manual é um dos três projetos-âncora de ciência da União Europeia, a par do Human Brain e do Quantum. Estes têm ajudado a Europa a competir com outros mercados globais em investigação e inovação.
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