GPS protege a última das girafas brancas

por Carla Quirino - RTP
Única girafa branca conhecida Ishaqbini Hirola Community Conservancy

Depois de caçadores furtivos matarem uma fêmea e uma cria de girafa branca, as autoridades quenianas da conservação da natureza passaram a monitorizar os movimentos do último indivíduo conhecido da espécie. O macho branco foi dotado com um equipamento de GPS para manter os predadores humanos afastados.

As girafas brancas têm uma condição genética rara que confere a cor branca à pele devido à perda de pigmentação. Leucismo - assim se chama a anomalia genética que, ao contrário dos animais albinos, torna a pele mais resistente à luz solar.

A equipa que colocou o dispositivo de rastreamento na girafa acredita que o GPS manterá longe os caçadores ilegais.Em comunicado sitado pela BBC, a Ishaqbini Hirola Community Conservancy, organização sem fins lucrativos, esclarece que o GPS “dá atualizações de hora a hora sobre o paradeiro da girafa, permitindo que os guardas mantenham o animal a salvo dos caçadores".

O equipamento monitoriza os movimentos do animal em tempo real e está ligado a um dos chifres. Começou a emitir sinal a 8 de novembro.

As girafas brancas foram avistadas pela primeira vez na Tanzânia no início de 2016 e, dois meses depois, no Quénia.
Em março de 2020 foram encontradas as carcaças de dois destes animais: a fémea e a cria circulavam no nordeste do condado de Garissa, no Quénia, onde a girafa macho vive agora sozinho.


A raridade da pele aguça o gosto dos compradores e, inevitavelmente, torna a caça ilegal ainda mais apetecível, devido aos lucros provenientes do tráfico de peles.

A população de girafas diminui cerca de 40 por cento nos últimos 30 anos.
 
A Africa Wildlife Foundation aponta a caça furtiva e o tráfico de vida selvagem como os grandes responsáveis por esse declínio.

Os caçadores furtivos também fazem negócio com outras partes do corpo das girafas. Para além do exotismo da carne de animais selvagens, há ainda a produção de joias, pulseiras e bolsas, a partir de membros das girafas.
 



Em 2019, na Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas, foram elaboradas medidas de proteção e conservação das comunidades de girafas contra o tráfico comercial. A favor votaram a República Centro-Africana, Chade, Quénia, Mali, Nigéria, Senegal. Houve resistência da África do Sul, Botswana, Tanzânia. 

Foi estabelecida a exigência de licenças para o comércio de artefactos produzidos de ossos e pele de girafa, na tentativa de desencorajar as práticas ilegais.

Segundo os dirigentes da convenção, a girafa é muito mais rara na natureza do que os elefantes africanos.


Foto: Philimon Bulawayo - Reuters


Julian Fennessy, presidente da União Internacional para a Conservação da Natureza da Girafa, citado pela BBC, explica que a carne de caça para o mercado doméstico é um dos principais motivos para a prática ilegal, mas não o único. "A perda de habitat, crescimento da população humana e agitação civil na África Oriental e Central estão a provovar uma extinção silenciosa das populações de girafas".


Foto: Kai Pfaffenbach - Reuters


As girafas são os mamíferos mais altos do mundo. Oriundas de pelo menos 15 países africanos, estima-se que haja 68.293 destes animais em todo o mundo. É uma espécie que engrossa a lista dos animais vulneráveis, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza. Em 1985 eram 155 mil.
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