O presidente do Instituto Nacional de Petróleos (INP) moçambicano disse hoje que os bancos que financiam o projeto de gás da Total e os clientes acreditam na viabilidade do negócio apesar da suspensão do empreendimento, devido à violência armada.
A Total "discutiu com os financiadores [sobre a suspensão do projeto de gás natural] e todos acreditam haver espaço para ultrapassar-se essa situação", afirmou Carlos Zacarias, em entrevista à emissora pública Rádio Moçambique.
Zacarias adiantou que os clientes do gás natural liquefeito também continuam a acreditar na viabilidade do negócio.
Insistindo no ano de 2024 como data de início da produção do gás natural liquefeito do projeto da Total - mesmo com a paralisação do empreendimento por tempo indeterminado - o presidente do regulador do setor petrolífero observou que terão de ser feito "ajustamentos" e gestão de "stress" provocado pela suspensão.
Carlos Zacarias alertou para a possibilidade do encarecimento do custo de financiamento do projeto de gás natural face à grave conjuntura gerada pelos ataques do dia 24 de março à vila de Palma, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, a cerca de seis quilómetros do complexo industrial que está em construção para a produção de gás natural.
O presidente do INP avançou que a cláusula força maior invocada pela Total para cancelar contratos com empresas prestadoras de bens e serviços ao empreendimento de gás natural não vincula o Governo moçambicano, porque a mesma não foi desencadeada no quadro do vínculo entre a multinacional francesa e o executivo.
"A força maior [invocada pela Total] não é em relação ao Estado, é entre o consórcio da Total e algumas das empresas contratadas", sublinhou.
Carlos Zacarias enfatizou que a invocação da cláusula força maior tem duração máxima de 360 dias, findos os quais a situação será reavaliada.
O projeto da Total está avaliado em 20 mil milhões de euros e é o maior investimento privado em curso em África.
Na segunda-feira, a petrolífera anunciou motivos de "força maior" para ter retirado todo o pessoal do norte de Moçambique, após o agravamento da violência armada de rebeldes, com o ataque a Palma, junto ao projeto de gás.
Considerando a evolução da situação de segurança no norte da província de Cabo Delgado, em Moçambique, a Total confirma a retirada de todo o pessoal do projeto Moçambique LNG do local de Afungi. Esta situação leva a Total, como operadora do projeto Moçambique LNG, a declarar força maior", lê-se em comunicado.