O governo de Hong Kong pediu a dissolução da empresa holding proprietária do antigo jornal pró-democracia Apple Daily que foi recentemente encerrado, disseram as autoridades locais.
O governo apresentou um requerimento judicial para a liquidação da Next Digital Limited (NDL), disse o secretário das finanças de Hong Kong, Paul Chan.
Até junho deste ano, a empresa publicou o Apple Daily, um jornal pró-democracia em Hong Kong, antes das suas contas serem congeladas ao abrigo da Lei de Segurança Nacional imposta por Pequim à antiga colónia britânica.
"O secretário das finanças determinou que seria do interesse público que a NDL fosse dissolvida", disse o governo numa declaração.
A liberdade de imprensa está sob pressão na região semi-autónoma enquanto Pequim tenta colocar o seu próprio selo autoritário na cidade após os enormes e frequentemente violentos protestos de 2019.
O anúncio da desejada liquidação da NDL veio no mesmo dia em que a emissora estatal, RTHK, publicou um documento de 100 páginas que estabelece novas regras para os seus jornalistas.
Os funcionários da RTHK são solicitados a "preservar a segurança nacional" em todos os relatórios.
"Os programas produzidos e transmitidos por RTHK não devem conter conteúdos que (...) provoquem ou aprofundem o ódio, a discriminação ou a hostilidade contra o Governo central do povo (...) despertem antipatia ou ofendam outros", diz o documento que a agência noticiosa France-Press (AFP) teve acesso.
As novas regras também advertem os empregados contra o contacto com organizações ou governos estrangeiros. Proíbem descrever a ilha de Taiwan, reivindicada pela China, como um país soberano com as suas próprias relações diplomáticas.
Durante vários meses, as autoridades têm tentado transformar a RTHK, anteriormente independente em termos editoriais, numa ferramenta com um modelo semelhante ao dos meios de comunicação estatais conhecidos na China Continental.