Governo de Hong Kong quer liquidar a empresa do jornal Apple Daily

por Lusa
Depois do jornal agora é a empresa que o governo de Hong Kong quer liquidar D.R.-Facebook

O governo de Hong Kong pediu a dissolução da empresa holding proprietária do antigo jornal pró-democracia Apple Daily que foi recentemente encerrado, disseram as autoridades locais.

Este pedido surge no mesmo dia em que a emissora pública da cidade emitiu novas diretrizes para os seus jornalistas.

O governo apresentou um requerimento judicial para a liquidação da Next Digital Limited (NDL), disse o secretário das finanças de Hong Kong, Paul Chan.

Até junho deste ano, a empresa publicou o Apple Daily, um jornal pró-democracia em Hong Kong, antes das suas contas serem congeladas ao abrigo da Lei de Segurança Nacional imposta por Pequim à antiga colónia britânica.

"O secretário das finanças determinou que seria do interesse público que a NDL fosse dissolvida", disse o governo numa declaração.

A liberdade de imprensa está sob pressão na região semi-autónoma enquanto Pequim tenta colocar o seu próprio selo autoritário na cidade após os enormes e frequentemente violentos protestos de 2019.

O anúncio da desejada liquidação da NDL veio no mesmo dia em que a emissora estatal, RTHK, publicou um documento de 100 páginas que estabelece novas regras para os seus jornalistas.

Os funcionários da RTHK são solicitados a "preservar a segurança nacional" em todos os relatórios.

"Os programas produzidos e transmitidos por RTHK não devem conter conteúdos que (...) provoquem ou aprofundem o ódio, a discriminação ou a hostilidade contra o Governo central do povo (...) despertem antipatia ou ofendam outros", diz o documento que a agência noticiosa France-Press (AFP) teve acesso.

As novas regras também advertem os empregados contra o contacto com organizações ou governos estrangeiros. Proíbem descrever a ilha de Taiwan, reivindicada pela China, como um país soberano com as suas próprias relações diplomáticas.

Durante vários meses, as autoridades têm tentado transformar a RTHK, anteriormente independente em termos editoriais, numa ferramenta com um modelo semelhante ao dos meios de comunicação estatais conhecidos na China Continental.

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