O Governo de Cabo Verde anunciou hoje a suspensão de todas as atividades relacionadas com o Carnaval no país, desde ensaios, desfiles e festas, devido ao aumento exponencial do número de casos de covid-19 no arquipélago.
"À semelhança do ano passado, o Governo decidiu suspender as atividades comemorativas do Carnaval em todo o território nacional, designadamente as ações de preparação, os ensaios, mas também os desfiles e as apresentações de blocos bem como as festas públicas ou privadas ou em espaços públicos", anunciou em conferência de imprensa, na cidade da Praia, o ministro da Administração Interna, Paulo Rocha.
Este ano o Carnaval assinala-se em 01 de março, mas muito antes há grandes aglomerações no país para as preparações dos desfiles, sobretudo no mais emblemático, na ilha de São Vicente, que movimenta milhares de pessoas, mas não vai acontecer pelo segundo ano consecutivo.
Nos últimos dias, Cabo Verde tem registado um aumento exponencial de novos casos de covid-19, pela primeira vez com números acima dos mil infetados, e o recorde de 1.469 contabilizado na sexta-feira, numa altura em que a variante Ómicron já circula no país.
O Governo cabo-verdiano também suspendeu as atividades relacionadas como o Dia de Cinzas, com celebrações culturais e grande movimentação de pessoas, sobretudo na ilha de Santiago, no dia a seguir ao Carnaval.
"Os convívios nas residências particulares deverão acontecer num contexto restrito, como sempre se recomenda, de natureza familiar, preferencialmente entre coabitantes", aconselhou.
Relativamente às celebrações do Dia do Município, o ministro disse que devem restringir-se ao ato solene e às atividades que não sejam suscetíveis de promover aglomerações de pessoas.
"Neste sentido, também ficam suspensas as atividades de rua, designadamente as atividades desportivas que possam ser suscetíveis de aglomeração espontânea de pessoas", continuou.
Quanto ao Atlantic Music Expo (AME) e ao Kriol Jazz Festival (KJF), realizados em abril, na cidade da Praia, o porta-voz do Governo disse que ficam dependendo da evolução da situação da pandemia no país.
O ministro referiu que as medidas visam reverter o quadro epidemiológico e, acima de tudo, preservar a capacidade de resposta do sistema nacional de saúde e introduzir alguma previsibilidade relativamente a essas atividades.
"Volvidos dois anos, a incerteza sobre a evolução do vírus SARS-CoV-2 e sobre a gravidade decorrente do surgimento de novas variantes ainda permanece, ao que o Governo apela à população a aderir à vacinação e a cumprir as medidas sanitárias e de prevenção e contenção da pandemia", concluiu o ministro.
Na mesma conferência de imprensa, o ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, apelou à vacinação, lembrando que, além da Ómicron, há ainda a Delta como variante de preocupação a circular no país.
O ministro sublinhou que em apenas 15 dias o país registou um terço do total de casos positivos que tinha contabilizado anteriormente, mas espera reverter a situação nos próximos tempos.
Desde o início da pandemia, Cabo Verde já contabilizou um total de 50.959 casos positivos acumulado, 45.002 considerados recuperados da infeção respiratória, 362 óbitos e tem 5.566 casos ativos.
A covid-19 provocou 5.486.519 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
Uma nova variante, a Ómicron, considerada preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, em novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 110 países, sendo dominante em Portugal.