Governo de Cabo Verde cria "gabinete de crise" e prepara eventual retirada de cabo-verdianos

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Praia, 02 Mar (Lusa) - O Governo cabo-verdiano reúne-se de emergência esta manhã para analisar a situação na Guiné-Bissau, criar um "gabinete de crise" e preparar-se para a possibilidade de retirada dos cabo-verdianos residentes na Guiné-Bissau em caso de necessidade.

O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, disse hoje à imprensa cabo-verdiana que o seu Governo vai reunir-se e constituir um gabinete de crise composto pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Defesa, Administração Interna e Justiça para acompanhar a situação na Guiné-Bissau.

"Tendo em atenção para além de ser um país da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), vizinho de Cabo Verde e com qual tivemos uma relação estreita, estamos a acompanhar de perto esta situação", disse o chefe do executivo da Praia.

"Também temos uma importante comunidade cabo-verdiana que é preciso proteger neste momento e tomar todas as medidas preventivas para uma eventual deslocação desta comunidade. A situação é extremamente grave, o Governo está atendo, e o Presidente da República (de Cabo Verde, Pedro Pires) está a acompanhar de perto a situação", acrescentou.

José Maria Neves afirmou que já teve conhecimento da notícia de que o presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo "Nino" Vieira, pode estar morto, um acontecimento que "pode complicar a situação política" na Guiné-Bissau.

"Se a notícia da morte de "Nino" vieira for confirmada, pode criar uma situação de ingovernabilidade e uma forte tensão política e social na Guiné-Bissau", frisou.

"No quadro da CEDEAO e da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) devem fazer-se todas as articulações diplomáticas para apoiar a Guiné-Bissau na resolução deste conflito", defendeu José Maria Neves.

O chefe do Governo cabo-verdiano explicou que o país vai criar "canais para uma eventual evacuação de cabo-verdianos", situação que poderá pôr "algumas outras questões políticas de difícil resolução", aludindo à onda de refugiados vindos da Guiné-Bissau durante o conflito de 1998/99.

"Nino" Vieira morreu esta madrugada na sequência de um ataque contra a sua residência, disse hoje à Agência Lusa fonte da Presidência guineense, que adiantou ter visto o corpo do chefe de Estado guineense, que se encontra na sua residência, junto de familiares.

A casa do Presidente guineense foi atacada na madrugada de hoje por militares das Forças Armadas, poucas horas após o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, general Tagmé Na Waié, ter morrido num atentado à bomba em pleno Quartel-General, em Bissau.

CLI/JSD.

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