Governo alemão proíbe revista de extrema-direita

por Lusa

As autoridades alemãs anunciaram hoje a proibição da revista COMPACT, acusada de incitar ao "ódio contra os judeus e as pessoas de origem imigrante", num contexto de ascensão da extrema-direita no país.

"Decidi hoje proibir a revista de extrema-direita COMPACT-Magazin. É um dos principais porta-vozes da extrema-direita" na Alemanha, declarou a ministra do Interior, Nancy Faeser, em comunicado.

As autoridades fizeram buscas nos vários escritórios da revista, fundada em 2010 e que vende 40.000 exemplares por mês, situados nos estados de Brandeburgo (leste), Hesse (oeste), Saxónia (leste) e Saxónia-Anhalt (leste).

Este meio de comunicação, que também publica vídeos, "incita ao ódio contra os judeus e as pessoas de origem imigrante de uma forma inqualificável", explicou a ministra.

A empresa proprietária já tinha sido classificada em 2021 pelos serviços secretos alemães como "extremista, nacionalista e hostil às minorias".

Dirigido pelo jornalista de extrema-direita Jurgen Elsasser, o COMPACT afirma-se "patriótico e soberanista". O sítio Web inclui artigos de apoio ao partido de extrema-direita AfD e à Rússia, ao mesmo tempo que critica a NATO e a imigração.

Também gere uma loja `online`, na qual vende medalhas com a efígie do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e de Bjorn Höcke, um dirigente da AfD condenado duas vezes por usar um `slogan` nazi durante uma manifestação.

"A proibição mostra que também estamos a tomar medidas contra os incendiários intelectuais que estão a incitar um clima de ódio e violência contra os fugitivos e os migrantes e que querem minar o nosso Estado democrático", comentou Nancy Faeser na declaração.

"O nosso sinal é muito claro: não permitiremos definições étnicas sobre quem pertence à Alemanha", acrescentou.

A extrema-direita tem vindo a crescer na Alemanha nos últimos anos. O AfD alcançou o maior resultado de sempre nas eleições europeias, com 15,9%, ficando apenas atrás do partido conservador CDU/CSU.

O partido, sob vigilância dos serviços secretos desde que foi classificado em 2021 como "suspeito de extremismo", deverá vencer as eleições regionais, em setembro, em três regiões do leste da Alemanha, embora sem atingir um resultado que permita governar sozinho.

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