"Governação questionável". Comissário Europeu demite-se e ataca Von der Leyen

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Thierry Breton, comissário europeu para o mercado interno, desde 2020 Christophe Petit Tesson - Reuters

Apesar de estar inicialmente previsto para um segundo mandato, Thierry Breton, comissário Europeu responsável pelo Mercado Interno, anunciou esta segunda-feira a demissão "com efeitos imediatos" em carta dirigida à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e na rede social X. De acordo com o próprio, o nome do comissário francês não consta na lista final do Colégio de Comissários de Von der Leyen, embora tenha sido proposto por Emmanuel Macron. França avançou imediatamente com um substituto: Stéphane Séjourné.

Thierry Breton considera que à luz dos acontecimentos não podia continuar a exercer as suas funções em Bruxelas e aponta "mais uma prova de uma governação questionável" da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, numa carta dirigida à própria e partilhada nas redes sociais.

"Há alguns dias, na reta final das negociações para a composição do futuro colégio, a senhora (Ursula von der Leyen) pediu à França que retirasse o meu nome - por razões pessoais que em nenhum momento discutiu diretamente comigo - e ofereceu, a título de troca política, uma pasta supostamente mais influente para a França no futuro colégio", criticou. "Ser-lhe-á proposto outro candidato", acrescentou.
 
No X, Thierry Breton, de 69 anos, agradeceu ainda aos colegas do Colégio, serviços da Comissão, eurodeputados, Estados-membros e à sua equipa: "Juntos, trabalhámos incansavelmente para fazer avançar uma agenda europeia ambiciosa".

"Foi uma honra e um privilégio servir o interesse comum europeu"
, acrescentou.

O antigo ministro francês da Economia começou por anunciar a demissão ao início da manhã, na rede social X, através de uma fotografia de um quadro  em branco com a descrição "o meu retrato oficial para o próximo mandato da Comissão Europeia".
 

Segundo o jornal francês Libération, as relações entre Breton e Von der Leyen eram tensas desde que o antigo governante liderou uma rebelião no executivo de Bruxelas na primavera, em que desafiou o estilo de gestão da líder alemã, considerando-a pouco cooperante e autoritária. 

A presidente da comissão Europeia aceitou a sua demissão, agradecendo ao ex-comissário o trabalho efetuado durante os últimos cinco anos.
Stéphane Séjourné a caminho de Bruxelas
Após o anúncio de demissão de Thierry Breton, Emmanuel Macron propôs imediatamente o nome de Stéphane Séjourné, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros demissionário e antigo eurodeputado.


Abdul Saboor - Reuters

O anúncio da lista final dos comissários europeus escolhidos pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e respetivas pastas que vão assumir durante os próximos cinco anos (2024-2029) é aguardado na terça-feira.

c/ agências 
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