Geórgia. Milhares nas ruas de Tbilisi a exigir eleições antecipadas

por Reuters

A crise na Geórgia agravou-se esta sexta-feira com milhares de pessoas nas ruas da capital a exigirem eleições antecipadas, além da libertação de Nika Melia, líder da oposição. Marcharam até ao Parlamento, agitando bandeiras vermelhas e brancas do país, além de bandeiras da União Europeia e dos Estados Unidos da América.

"Estou na prisão mas sou livre", escreveu Melia numa mensagem dirigida aos seus apoiantes e lida em voz alta durante os protestos. "Estamos a lutar pela liberdade e iremos sair da luta vitoriosos", acrescentou o político de 41 anos, que conseguiu unir sob uma única bandeira toda a oposição, apesar das rivalidades.

"O exemplo de Nika inspira-nos a todos", afirmou um dos manifestantes, Tornike Beridze, de 20 anos, a Agência France Presse. "Não iremos parar até ele ser libertado, até a Geórgia se libertar do autoritarismo do Sonho Georgiano", acrescentou, em referência ao partido governamental.

A ex-república soviética atravessa uma turbulenta fase política desde as eleições legislativas de outubro passado, vencidas à justa pelo Sonho e que a oposição afirma terem sido manipuladas para garantirem essa vitória.

Na altura, Melia disse que o UNM não iria reconhecer os resultados e exigiu uma nova eleição.
Prisão polémica
O líder do Movimento Nacional Unido (UNM) foi detido esta terça-feira, depois de um tribunal ter emitido um mandado de captura.
Melia foi oficialmente detido por se recusar a pagar uma fiança agravada no caso em que é acusado de "incitamento à violência em massa", durante manifestações de 2019. Nika Melia diz que as acusações são motivadas politicamente.

O caso levou o primeiro-ministro georgiano a demitir-se, na semana passada. Giorgi Gakharia alertou para os riscos de agravamento da tensão nacional, se a ordem de detenção preventiva do líder do UNM fosse cumprida.

Terça-feira, além de deter Melia, a polícia invadiu violentamente a sede do UNM.

Nata Shavishvili, de 46 anos, disse que Melia se transformou "num ícone das aspirações dos georgianos a firmar uma democracia, um país europeu".
Visita de Charles Michel
Os membros eleitos pela oposição recusaram até agora integrar o novo Parlamento, o que põe em causa a legitimidade do governo. E as manifestações duram há semanas, sem perder força. Mais protestos estão anunciados para as próximas semanas.

"O movimento de protesto vai continuar até o partido do Governo libertar todos os presos políticos e convocar eleições antecipadas", prometeu o líder do partido Lelo, Badri Japaridze, esta sexta-feira.

A detenção de Melia levou a um coro de protestos internacionais liderados pelos Estados Unidos, para quem a iniciativa foi um passo atras no caminho de uma Georgia pró-ocidental, "a caminho de se tornar uma democracia mais forte na família das nações euro-Atlânticas".

Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, deverá visitar a Geórgia na próxima semana, num périplo que inclui a Moldávia e a Ucrânia.

Michel irá reunir-se com a Presidente da Geórgia, Salome Zourabichvili e com o novo primeiro-ministro, nomeado segunda-feira, Irakli Garibashvili, assim como com membros da oposição.
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