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Genebra toma medidas de emergência para apoiar setor internacional ameaçado por cortes de Trump

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Rachel Mestre Mesquita - RTP

Os cortes no financiamento dos EUA estão a afetar gravemente as organizações internacionais e as ONG com sede em Genebra, na Suíça, que garantem 36.500 empregos e já começaram a anunciar despedimentos em massa. Para compensar a diminuição das receitas, o Conselho de Estado de Genebra anunciou, esta semana, uma ajuda financeira extraordinária de dez milhões de francos suíços e um plano de ação para socorrer o setor enfraquecido pelas decisões de Donald Trump.

Todo o setor internacional está gravemente ameaçado. "Existem atualmente 457 ONG, 250 das quais empregam pessoal nas instalações de Genebra", afirmou Delphine Bachmann, diretora do Departamento de Economia e Emprego (DEE) da Suíça, numa entrevista na quarta-feira à noite à estação pública suíça (RTS).

A Conselheira de Estado, Delphine Bachmann, explicou que "a queda súbita e imprevisível dos seus rendimentos colocou-as numa situação delicada, obrigando-as a efetuar despedimentos ou a deixar de poder pagar aos seus empregados". "Já foram anunciados despedimentos em massa afetando dezenas de pessoas", lamentou.



O projeto de lei apresentado esta quinta-feira ao Conselho Federal prevê um apoio financeiro a fundo perdido de dez milhões de francos suíços, cerca de 10.581 milhões de euros, para permitir que as pessoas afetadas pelo despedimento recebam um salário durante três meses.
A medida é temporária mas permite "ganharmos mais tempo", salientou Delphine Bachmann.

Bachmann esclareceu que a solução proposta pelo Conselho Federal de Genebra "é uma medida pontual, mas justa, que está em conformidade com o papel do Estado".

E prosseguiu, salientando a necessidade de socorrer o setor: "Estamos perante uma situação de emergência e é nossa responsabilidade tomar medidas, por muito imperfeitas que sejam, mas necessárias para responder a esta crise”.
Organizações obrigadas a adaptar-se a novas realidades

Nathalie Fontanet, diretora do Departamento de Finanças, Recursos Humanos e Assuntos Externos, avançou que estão igualmente previstas medidas a longo prazo para ajudar as organizações internacionais a adaptarem-se às novas realidades, ouvida pelo programa Forum da Rádio Televisão Suíça, na quarta-feira à noite. 

Segundo o LemanBleu, as despesas das organizações internacionais no Cantão elevam-se a quatro mil milhões de francos suíços e os EUA "estão muito à frente dos outros países em termos de apoio financeiro às organizações internacionais, com uma quota de 25 por cento do total".

Desde a tomada de posse da nova administração nos EUA, a 20 de janeiro, que a mudança de orientação imposta pelo novo presidente norte-americano, Donald Trump, teve um forte impacto no setor

Nas últimas semanas, os EUA anunciaram a saída do Conselho dos Direitos Humanos da ONU (CDHNU) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), com sede em Genebra, além do encerramento da Agência de Ajuda para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês), cujo orçamento se destinava a apoiar ONG em todo o mundo.
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