Londres, 12 jan (Lusa) - As probabilidades de sobrevivência ao cancro da mama não variam entre mulheres jovens com a mutação genética BRCA, que suscita um elevado risco de desenvolvimento dessa condição, e as que não a têm, indica um estudo publicado hoje.
"O nosso estudo é o maior que se desenvolveu neste campo e os nossos resultados indicam que, quando iniciam o tratamento, as mulheres jovens com a mutação BRCA que sofrem de cancro da mama têm uma probabilidade de sobrevivência idêntica àquelas que não são portadoras do gene", comentou a professora Diana Eccles, da Universidade de Southampton (Reino Unido), autora da investigação, publicada pela revista britânica The Lancet.
Estes resultados são relevantes para entender melhor o tratamento do cancro da mama, particularmente no âmbito da cirurgia preventiva.
"Às pacientes com o gene BRCA geralmente oferece-se uma mastectomia dupla após o diagnóstico ou tratamento com quimioterapia. Contudo, os nossos resultados sugerem que não há razão para se escolher efetuar esta cirurgia imediatamente", explicou Diana Eccles.
Segundo a investigadora, a longo prazo seria possível discutir opções preventivas, mas levando em consideração as preferências pessoais das pacientes.
O estudo, realizado entre janeiro de 2000 e janeiro de 2008, incluiu 2.733 mulheres de entre 18 e 40 anos, das quais 338 (12%) apresentavam uma qualquer variação do gene BRCA, todas elas em tratamento após o primeiro diagnóstico de cancro da mama.
Peter Fasching, médico especialista no tratamento desta doença, indicou que "saber que as mutações BRCA1 e BRCA2 não mudam o prognóstico da paciente poderá alterar o tipo de terapia utilizada para minimizar riscos".
O médico instou, por isso, a que se continue a investigar o tema, dado que "os métodos cirúrgicos podem ter um efeito irreversível no que pode ser uma longa vida, após um diagnóstico de cancro da mama em idade precoce".
As mulheres que apresentam uma mutação BRCA têm até 80% de probabilidades de desenvolver cancro da mama ou de ovários.