Gaza sem hospitais. Hamas acusa Israel de levar a cabo plano de extermínio dos palestinianos
O Hamas acusou esta sexta-feira Israel de estar a seguir um plano de extermínio na Faixa de Gaza. A acusação da organização islamita que governa naquela parte do território palestiniano surge após os médicos do Hospital Indonésio, único ainda ativo no norte de Gaza, denunciarem as ordens recebidas do exército israelita para a sua retirada.
“Continuam assim a levar a cabo um plano de extermínio e deslocamento contra o nosso povo palestiniano na Faixa de Gaza. Apelamos à comunidade internacional, liderada pela Organização Mundial de Saúde e pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha, para que procure acabar com o crime de ocupação no setor médico”, pode ler-se no comunicado do Hamas após o mais recente ataque a uma instalação médica protegida que deveria estar protegida pelo Direito Internacional.
A acusação do Hamas surge depois de médicos do hospital Indonésio afirmarem que o exército israelita ordenou a sua retirada: “Restam cerca de 15 pessoas no hospital, principalmente doentes que foram retirados do [hospital] Kamal Adwan”, lamentou uma das médicas, Arawya Tamboura, citada pela agência espanhola Efe.
Médicos palestinianos enfrentam militares israelitas
Depois do ataque israelita no passado fim de semana ao outro hospital do norte da Faixa de Gaza que ainda resistia, o Kamal Adwan, grande parte dos doentes foram transferidos para o Hospital Indonésio, que continua a funcionar apesar dos danos infligidos pelas forças israelitas, explicou Arawya Tamboura.
“O hospital está sem fornecimento de material e está muito deteriorado, as fundações do edifício foram danificadas por um ataque anterior, em dezembro”, denunciou a médica em declarações à Efe, indicando que as tropas israelitas deram a ordem de retirada através de um altifalante, numa mensagem na qual exigiram a um médico, Iyas Abu Dakkah, que abrisse os portões e abandonasse o hospital “deixando lá os pacientes”.
Numa derradeira prova de coragem, a equipa médica do centro hospitalar decidiu permanecer com os seus pacientes, garantiu Tamboura.
20 mil crianças mortas nos ataques de Israel, mas Telavive avisa para pior
De acordo com a agência palestiniana Wafa, as forças israelitas destruíram as estações de oxigénio e de eletricidade. Trata-se do cumprimento da promessa do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e do seu ministro da Defesa que - mesmo depois de terem ordenado a morte de quase 20 mil crianças palestinianas num total de mais de 40 mil vítimas palestinianas dos bombardeamentos levados a cabo pelo seu exército nos últimos 15 meses – diz que os palestinianos ainda estão para sentir na pele ataques como nunca viram.
“Os danos no hospital exigirão pelo menos dois meses de grandes reparações do edifício e dos equipamentos médicos, de [fornecimento de] água, eletricidade e oxigénio, para permitir que volte a funcionar em níveis mínimos”, alertou a médica.
No que revela um cenário de total desprezo pelas leis internacionais e humanitárias, um relatório divulgado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos denunciou esta semana que Israel realizou pelo menos 136 ataques contra 27 hospitais e 12 outras instalações médicas em Gaza desde o início da guerra.
(com agências)