Gaza. Rússia e China vetam resolução dos EUA para cessar-fogo imediato
A Rússia e a China vetaram esta sexta-feira um projeto de resolução proposto pelos Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU que determinava "um cessar-fogo imediato e sustentado" na guerra de Israel contra o Hamas em Gaza. A trégua, com duração de seis semanas, teria como objetivo proteger civis e permitir a entrega de ajuda humanitária.
A resolução, proposta após mais de cinco meses de guerra, marcou a primeira vez que os Estados Unidos pediram um cessar-fogo imediato em Gaza no Conselho de Segurança, após terem vetado vários projetos de resolução apresentados por outros países.
“Isto libertaria as mãos de Israel e resultaria em que toda a população de Gaza tivesse de enfrentar a sua destruição, devastação ou expulsão”, defendeu o russo, acrescentando que vários membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU desenharam uma proposta alternativa mais “equilibrada”.
O embaixador da China nas Nações Unidas disse, por sua vez, apoiar essa alternativa, mas o mesmo não aconteceu com a embaixadora dos Estados Unidos.
“Na sua forma atual, esse texto não fornece apoio a uma diplomacia sensível na região. Pior… pode mesmo dar ao Hamas uma desculpa para abandonar o acordo que está em cima da mesa”, explicou Linda Thomas-Greenfield.
Blinken lamenta veto "cínico"
O secretário de Estado norte-americano já reagiu aos vetos da Rússia e China, considerando-os "cínicos".
Antony Blinken falou aos jornalistas em Israel, onde se deslocou para reuniões com figuras do executivo, entre as quais o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Com esta resolução, "que recebeu um apoio muito forte mas que foi cinicamente vetada pela Rússia e pela China, penso que estávamos a tentar mostrar à comunidade internacional o sentido de urgência de um cessar-fogo associado à libertação dos reféns, algo que todos, incluindo os países que a vetaram, deveriam ter apoiado", declarou Blinken.
O secretário de Estado dos EUA avisou ainda que uma ofensiva na cidade de Rafah, no sul de Gaza, arriscaria "isolar ainda mais" Israel e prejudicar a sua segurança a longo prazo, para além de "arriscar matar mais civis" e "causar mais estragos na ajuda humanitária".
c/ agências