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Fuga de informação sem precedentes revela esquemas de corrupção de líderes mundiais

por RTP
Leonhard Foeger - Reuters

Extensa documentação sobre offshores, que começou agora a ser divulgada, revela como chefes de Estado, criminosos e algumas celebridades usam paraísos fiscais para esconder património. A investigação Panama Papers envolveu 370 jornalistas em 76 países.

Neste dossier estão envolvidos políticos, mas há também empresários, criminosos, organizações terroristas, vedetas e nomes do futebol, como Platini ou Messi.
Esta é considerada "uma das maiores fugas de informação de sempre".
Entre eles, os primeiro-ministros da Islândia e do Paquistão ou o rei da Arábia Saudita. A lista completa das empresas e nome envolvidos será divulgada em maio.

Em números, são 140 políticos e funcionários públicos em todo o mundo com ligações a contas offshore, incluindo 12 antigos e atuais líderes mundiais. Há pelo menos 33 pessoas ou entidades que constam da "lista negra" dos Estados Unidos, como o Hezbollah ou nações como a Coreia do Norte e o Irão.
Reportagem de João Botas, Pedro Valador, Daniel Pessoa e Costa, Vanessa Brízido - RTP

Os documentos, diz a investigação, revelam mais de dois mil milhões de dólares em transações "secretamente baralhadas" através de bancos e companhias de fachada envolvendo associados do presidente russo Putin.

O Presidente russo não aparece em nenhum dos registos, mas os dados revelam um padrão: os seus amigos Yuri Kovalchuk e Sergei Roldugin ganharam milhões em negócios, que aparentemente não poderiam ter sido efetuados sem o seu patrocínio, refere o britânico The Guardian, um dos jornais envolvidos na investigação.
"Os mais elevados padrões"
São 11,5 milhões de documentos dos últimos 40 anos e envolvem mais de 214 mil entidades offshore ligadas a pessoas em mais de 200 países e territórios. Os documentos têm origem na base de dados da empresa de advogados do Panamá, a Mossack Fonseca, empresa que criaria as empresas na origem deste esquema.

A investigação mostra como foi criada um esquema de difícil rastreamento que usa paraísos fiscais. 500 bancos, as suas filiais e sucursais, incluindo a HSBC, UBS e a Société Générale, criaram mais de 15 mil companhias offshore para os seus clientes, através da Mossack Fonseca. Uma inédita visão a partir do interior do esquema.
Reportagem Ana Jordão - Antena 1

A empresa em causa, a Mossack Fonseca, afirma que opera há 40 anos acima de qualquer crítica ou ilegalidade e nunca foi acusada de qualquer ato criminoso, refere a BBC.

Em nota divulgada no site da Mossack Fonseca, refere-se que a empresa trabalha há mais de 40 anos na indústria legal em mais de 40 países. “Todos os nossos escritórios mantêm os mais elevados padrões conforme as leis internacionais e regulações”, lê-se na nota, em que se refere ainda que não tem ligações às empresas que são formadas a pedido dos clientes.

A empresa de advogados, especialista na gestão de capitais e patrimónios, negou à agência espanhola Efe qualquer vinculação a delitos que possam ter cometido centenas de milhares de clientes, de acordo com informações agora tornadas públicas.

Ramón Fonseca Mora, sócio da Mossack, disse que a companhia tem 40 anos de atividade legal e que criou 240 mil estruturas jurídicas, sem ter sido acusada ou condenada por qualquer crime.
370 jornalistas

Os documentos foram obtidos pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung, que os partilhou com International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ).

Todo esta informação foi analisada por 370 jornalistas de 76 países. Uma investigação feita ao longo do último ano pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação. Em Portugal, o Expresso esteve também envolvido. Foi, aliás, o maior trabalho de cooperação de jornalistas de vários países.

A investigação foi já elogiada por Edward Snowden, também ele envolvido no passado no caso WikiLeaks, quando forneceu documentos de serviços secretos aos jornalistas.



Os documentos agora revelados no Panama Papers sugerem um enorme número de pessoas que usam offshores para ocultar e assim proteger fortunas.

Apesar de o uso de paraísos fiscais poder ser feito de forma legal, muitas vezes escondem outros negócios e "as vantagens financeiras que estas estruturas disponibilizam não estão habitualmente ao dispor dos contribuintes normais", realça The Guardian.
c/ agências

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