Uma semana após a divulgação nas redes sociais da fotografia de dois corpos encontrados lado a lado sem vida, de uma mulher e uma criança, a organização Refugiados na Líbia conseguiu identificá-las e revelou a sua história. Trata-se de Fati Dosso, de 30 anos, e da filha Marie, de seis, que acabaram por não aguentar a travessia do deserto, sem acesso a água, comida ou assistência, depois de terem sido detidas pelas autoridades tunisinas e abandonadas.
— Refugees In Libya (@RefugeesinLibya) July 25, 2023
Migrants are human beings just like these evil politicians… pic.twitter.com/yUQeo4mJSD
"Chegámos à Tunísia na sexta-feira de manhã. Tentámos atravessar a fronteira, a polícia apanhou-nos e bateu-nos com armas, mandando-nos de volta para o deserto. Ficámos lá o dia todo e na sexta-feira à noite tentámos novamente, mas desta vez conseguimos. No sábado de manhã, já estávamos em Ben Gardane, Zarzis. Procurávamos um lugar onde pudéssemos beber água e foi aí que a polícia intercetou a minha mulher, a minha filha e a mim", explicou Mbengue.
Segundo o seu relato, depois de uma noite de sofrimento e fome no deserto, foram transferidos pelas autoridades para outro posto de controlo, onde foram novamente vítimas de maus-tratos. No domingo de manhã, foram abandonados com mais três dezenas de migrantes no deserto.
Nas últimas duas semanas, cerca de 25 pessoas foram encontradas mortas nesta fronteira. Desde o início do mês que as autoridades tunisinas iniciariam uma campanha de deportações, que desencadearam uma vaga de expulsões em massa de migrantes da Tunísia para a Líbia.
Libyan border guards have rescued dozens of migrants who have been left in the desert by Tunisian authorities without water and food, and their numbers are rising, an officer said.https://t.co/g0adWBsMqG pic.twitter.com/Ij4aVGza5u
— AFP News Agency (@AFP) July 16, 2023