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Frelimo preocupada com manifestações e aberta ao diálogo com Mondlane

por Lusa

A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder) apontou hoje "preocupação" com as manifestações promovidas por apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados eleitorais, admitindo a possibilidade de "diálogo" entre as partes.

"O nosso candidato [presidencial, declarado vencedor pela CNE, Daniel Chapo] disse que está aberto para o diálogo, mas entretanto temos que tomar em consideração que ainda estamos no processo dos resultados. E estes resultados ainda vão ao Conselho Constitucional para obtermos aquele que é o posicionamento final", disse Ludmila Maguni, porta-voz da Frelimo, após a reunião da comissão política do partido.

"Então, isto faz parte do processo que estamos todos a seguir e à espera daquilo que será a informação final a ser dada pelo Conselho Constitucional", acrescentou, referindo-se aos resultados da votação de 09 de outubro, anunciados na quinta-feira pela Comissão Nacional de Eleições, que deram a vitória à Frelimo nas três eleições, mas que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

"O diálogo, neste momento, não posso precisar quando é que poderá acontecer, mas acontecendo penso que teremos todos nós a oportunidade de acompanhar", garantiu a porta-voz.

Na quinta-feira, numa mensagem transmitida através da rede social Facebook, a partir de "parte incerta", em que refere estar por questões de segurança, Venâncio Mondlane insistiu que não reconhece os resultados eleitorais anunciados pela CNE, que lhe atribuem pouco mais de 20% na eleição presidencial, e admitiu que está a receber mensagens de apelo ao diálogo.

"Dialogar é bom, nós estamos abertos a dialogar", disse, para logo a seguir acrescentar: "Nós temos linhas vermelhas nesse diálogo. Uma das questões que nós queremos, a questão fundamental, nós queremos a reposição da vontade popular. Nós estamos a consentir todo o tipo de sacrifícios por causa do nosso povo, que está a sofrer".

Hoje foi o segundo dia de greve geral e manifestação convocadas por Venâncio Mondlane - que prometeu anunciar nos próximos dias a denominada "terceira etapa" da contestação ao processo eleitoral -, que têm provocado confrontos entre manifestantes e polícia, sobretudo em Maputo, com pneus queimados, avenidas cortadas e disparos de gás lacrimogéneo.

"A comissão política esteve a verificar a situação toda que o país está a viver neste momento (...) estamos preocupados com a questão das manifestações em que temos estado a ver focos, em que temos verificado assaltos, a destruição de bens públicos e privados, e é uma situação que pensamos que preocupa todos os moçambicanos. E isto até tem feito com que as pessoas encontrem sossego nas suas casas e não se façam à rua", disse ainda Ludmila Maguni, avançando que o partido convocou para este sábado "marchas da vitória" em todo o país.

A Polícia da República de Moçambique (PRM) anunciou hoje que deteve em todo o país 371 pessoas em resultado dos protestos na quinta-feira e esta madrugada, com confrontos entre as autoridades policiais e manifestantes.

A CNE anunciou na quinta-feira a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo na eleição a Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos.

Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%.

A Frelimo reforçou ainda a maioria parlamentar, passando de 184 para 195 deputados (em 250) e elegeu todos os dez governadores provinciais do país.

Além de Mondlane, também o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, atual maior partido da oposição), Ossufo Momade, um dos quatro candidatos presidenciais, disse hoje que não reconhece os resultados eleitorais anunciados pela CNE e pediu a anulação da votação.

Na quinta-feira, o candidato presidencial Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), recusou igualmente os resultados , considerando que foram "forjados na secretaria" e prometeu uma "ação política e jurídica" para repor a "vontade popular".

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