A França manteve a tendência da queda da natalidade em 2024, tendo sido registado o nível mais baixo de nascimentos desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A mortalidade aumentou ligeiramente, o que coloca o crescimento natural da população no nível mais baixo desde 1945.
O relatório demográfico INSEE, divulgado esta terça-feira, revela que nasceram 663 mil bebés em França o ano passado, menos 2,2% do que em 2023 e menos 21,5% do que em 2010, ano do último pico de natalidade.
Este é mais uma vez o nível mais baixo de nascimentos registado desde o final da Segunda Guerra Mundial. O declínio tem sido contínuo desde 2011, com exceção de um único aumento registado em 2021, na sequência da pandemia da covid-19.
“Embora 2023 tenha marcado uma quebra clara, em 2024 irá cair novamente, mas já não de uma forma tão brutal”, observa Sylvie Le Minez, chefe da unidade de estudos demográficos e sociais do INSEE, citada pelo Le Monde.
Em 2023, este indicador registou de facto uma queda abrupta, de quase 7% face ao ano anterior. Na altura, o presidente francês Emmanuel Macron apelou ao “rearmamento demográfico” e prometeu lançar “um grande plano contra a infertilidade”, que não chegou a concretizar-se.
Crescimento natural no nível mais baixo
A taxa de fecundidade também registou o nível mais baixo em mais de um século, fixando-se em 1,59 filhos por mulher. Esse declínio faz parte de uma tendência de médio prazo, uma vez que a taxa de fecundidade tem vindo a diminuir desde 2010, quando era de 2,02 filhos por mulher.
A taxa de fertilidade antes dos 40 anos diminuiu em 2024, inclusive em mulheres entre os 30 e 39 anos, "que não foram ou foram apenas ligeiramente afetadas pelo declínio da fertilidade antes da crise de saúde" da covid-19, em 2020, observa o INSEE.
Para além disso, o número de mortes está a aumentar ligeiramente. De acordo com o relatório, em 2024 registaram-se 646 mil mortes, um aumento de 1,1%.
Feitos os cálculos, o crescimento natural da população francesa (calculado pela diferença entre a natalidade e mortalidade) é pouco significativo (17 mil), sendo também o nível mais baixo observado desde 1945.
O crescimento da população francesa foi impulsionado principalmente pela migração líquida (estimada em mais 152.000 pessoas), ou seja, a diferença entre o número de pessoas que entram e saem do país.
Quanto à esperança média de vida, esta estabilizou-se num "nível historicamente alto": 85,6 anos para as mulheres e 80,0 anos para os homens.
c/agências