Vários distúrbios abalaram pela quarta noite consecutiva cidades francesas, levando à detenção de cerca de 1.300 pessoas. O Governo mobilizou 45 mil polícias e vários veículos blindados. A violência nas ruas de França acontece na sequência da morte de um adolescente às mãos de um agente da autoridade.
Segundo o Ministério do Interior do país, 1.311 pessoas foram detidas entre sexta-feira e sábado, em comparação com 875 na noite anterior. Os distúrbios estão a ser considerados os piores a nível de violência desde os protestos dos Coletes Amarelos.
Ainda assim, "a violência cometida durante esta noite foi de menor intensidade em comparação com a noite anterior", escreveu o Ministério no Twitter este sábado.
Prédios e veículos foram incendiados e lojas pilhadas nos tumultos que se espalharam por todo o país, incluindo em cidades como Marselha, Lyon, Toulouse, Estrasburgo e Lille.
Os protestos e os tumultos urbanos foram desencadeados terça-feira após a morte, abatido a tiro pela polícia, de um jovem de 17 anos que não respeitou uma "operação stop".Marselha com noite agitada
Marselha, a segunda maior cidade do sul de França, teve também uma noite agitada, o que levou o ministro francês do Interior, Gérard Darmanin, a enviar reforços para a cidade.
A polícia já tinha registado 88 detenções por volta das 2h00 (1h00 em Lisboa) desde o início da noite, com grupos de jovens muitas vezes mascarados e "muito móveis".
Durante uma visita ao noroeste de Paris, Darmanin informou, a meio da noite, que a violência era "menos intensa", com 471 pessoas já detidas em todo o país e focos de tensão, nomeadamente em Marselha e Lyon, grandes cidades do sudeste.
Na manhã deste sábado, o número de pessoas detidas rondava o milhar, mais do que nas noites anteriores, quando a polícia deteve cerca de 900 pessoas.
Em Lyon e Grenoble (centro-leste da França), os confrontos estenderam-se pela noite dentro entre bandos de jovens, muitas vezes encapuzados, que andavam a correr ou de trotineta e confrontaram a polícia, que respondeu com granadas de gás lacrimogéneo.
A região parisiense não foi poupada, com três cidades próximas da capital a decidirem impor o recolher obrigatório, tal como outras cidades das províncias.Funeral de jovem de 17 anos
Em Nanterre - a cidade da região parisiense onde Nahel M. foi morto por um agente da polícia na terça-feira, durante um controlo de trânsito - realiza-se este sábado o funeral do jovem de 17 anos, cuja morte desencadeou violência e vandalismo em todo o país.
"Sábado, 1 de julho, será um dia de luto para a família de Nahel", escreveram os advogados da família, apelando aos meios de comunicação social para que não participem na cerimónia, "a fim de dar à família enlutada a privacidade e o respeito de que necessita".
Ainda antes do funeral, Darmanin anunciou que hoje sairão para as ruas mais "unidades mais especializadas", como o RAID (unidade de forças especiais) e o GIGN (Grupo de Intervenção da Gendarmeria Nacional), tropas de elite da polícia e da gendarmaria.
Para as ruas foram também enviados veículos blindados ligeiros da gendarmeria para tentar reduzir a tensão em relação à noite anterior, em que 492 edifícios foram alvo de ataques, dois mil veículos foram queimados e dezenas de lojas saqueadas.
c/ agências